MERCADOS EMERGENTES NA MIRA DA NORTE-AMERICANA

Levi’s lança IPO em Nova York e espera 800 milhões

18 Feb. 2019 Valor Económico Gestão

ACÇÕES. Companhia pretende angariar fundos para “fins operativos gerais”. Com 824 lojas próprias e com os seus produtos a serem comercializados em mais de 50 mil lojas espalhadas pelo mundo, eleita “vestimenta do séc. XX” teve um lucro líquido de 283 milhões de dólares em 2018.

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A Levi’s lança IPO em Nova York e espera 800 milhões ACÇÕES. Companhia pretende angariar fundos para “fins operativos gerais”. Com 824 lojas próprias e com os seus produtos a serem comercializados em mais de 50 mil lojas espalhadas pelo mundo, eleita “vestimenta do séc. XX” teve um lucro líquido de 283 milhões de dólares em 2018. Levi Strauss, dona da Levi’s, entrou na última quarta-feira (13) com um pedido de oferta pública inicial (Initial Public Offering, IPO, em inglês) na Bolsa de Nova York.

A empresa planeia listar as suas acções ordinárias classe A na Bolsa como LEVI. Além disso, ela terá uma estrutura accionista de duas classes, tendo os descendentes da família que dá nome à marca um poder de voto considerável.

Segundo a SEC (Security and Exchange Comission), o órgão regulador da bolsa americana, a companhia registou que pretende levantar 100 milhões de dólares com a operação. O valor, no entanto, é geralmente tido como referência para estimar taxas de inscrição e poderá ser alterado posteriormente.

Contudo, o valor que a Levi Strauss realmente espera está entre os 600 e 800 milhões de dólares, de acordo com a CNBC, canal norte-americano dedicado a notícias de negócios. A empresa justificou que pretende usar os recursos levantados na abertura de capital para “fins operativos gerais”, incluindo capital de giro, gastos operacionais e despesas de capital.

De acordo com o documento de registo da IPO, a companhia vê oportunidades para expandir a sua presença em mercados emergentes, como China, Índia e Brasil. Uma parte dos recursos poderia também ser destinada a aquisições de outras operações estratégicas, mas a companhia garante que não tem planos no momento para isso.

Pessoas familiarizadas com a oferta acreditam que a Levi’s vai tentar convencer os potenciais compradores da IPO que tem uma estratégia de inovação e pode ganhar terreno no comércio electrónico.

A empresa esteve à beira da falência em 2003, prejudicada por elevadas dívidas e queda nas vendas. No entanto, sob o comando de Bergh, ex-executivo da Procter & Gamble Co. que se juntou à fábrica de jeans em 2011, o cenário mudou.

A Levi’s registou uma receita de 5,58 mil milhões de dólares em 2018, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. O seu lucro líquido foi de 283 milhões, com uma leve alta de 0,6%. No período, a empresa contabilizou 824 lojas e cerca de 500 unidades dentro de outras retalhistas. Os produtos da marca, no entanto, são vendidos em mais de 50 mil lojas pelo mundo.

A Levi’s foi eleita a “vestimenta do século XX” pela revista norte-americana Time. Criada em meados do século 19, atravessou mais de 150 anos de moda e chegou ao século 21 como ítem de luxo, com as já famosas colecções de jeans Premium.

A história da marca Levi´s começou em 1847. Loeb Strauss, judeu, nascido na Bavária, Alemanha, aos 18 anos foi para Nova York, onde já viviam os seus irmãos mais velhos.

Na cidade, trabalhou como vendedor ambulante, profissão que aprendeu com os irmãos e que era comum entre os judeus no século 19. Vendia botões, linhas, tecidos, tesouras e outros objectos. Em 1850, na Califórnia, em suas viagens à região das minas, Levi oferecia os seus tecidos de sarja para fabricar tendas. Um dia, um mineiro disse-lhe que não precisava de tendas, mas de uma calça resistente que não rasgasse facilmente. Antevendo uma oportunidade, Levi tirou as medidas do homem e prometeu fazer-lhe rapidamente as calças, sob medida.

Encontrou então um alfaiate em uma cidade próxima e encomendou um par de calças com o seu brim, que usava para fabricar as tendas. Mandou colocar bolsos fundos nas calças para guardar as pepitas e as ferramentas.

O resultado foi a primeira “ideia” do que se tornaria a calça jeans. Pela vestimenta, Levi ganhou seis dólares em ouro. Logo a notícia se espalhou pelas minas, virando uma verdadeira febre.

Levi e seus cunhados começam a manufacturar as primeiras calças jeans do mundo, em brim índigo, que logo se tornariam famosas. O negócio cresceu e Levi fundou a Levi Strauss & Co., em Nova York.

Quando faleceu, em 1902, aos 73 anos, a cidade de São Francisco declarou feriado comercial para que os grandes negociantes pudessem ir a seu enterro. Strauss foi sepultado no cemitério judaico de Colma, ao sul de São Francisco.

Levi’s lança IPO em Nova York e espera 800 milhões