RESSEGURO. Para evitar a acumulação de dívidas, operadoras passaram a ressegurar menos prémios. Prática pode concorrer para o aumento do volume de negócios, desde que não ocorram sinistros. O difícil acesso às divisas, que se regista há quase quatro anos, forçou as seguradoras a reduzir o volume de cedência do prémio às resseguradoras, o que pode colocar em risco a expansão das companhias nacionais. As seguradoras angolanas (por causa da pouca cobertura financeira) rubricaram um acordo de operação com as seguradoras internacionais, denominado resseguro, que visa a partilha de riscos. Ou seja, caso uma seguradora nacional registe sinistros de grandes dimensões, os custos são cobertos pelas seguradoras internacionais subscritoras do contrato. Do prémio arrecadado, muitas companhias cediam 70% às seguradoras internacionais, mas hoje, forçados pelo contexto económico do país, cedem apenas 60%, optando assim por assumir maiores riscos. A decisão é defendida por Pedro Galha, director comercial da Protteja Seguros, garantindo que a sinistralidade, na sua companhia, “está controlada”, o que lhe permite, face aos rácios de cedência de retenção, ter uma margem positiva. Pedro Galha, ao VALOR, explicou que a dívida da operadora para com as resseguradoras “não está toda em dia”. A companhia está a pagar o trimestre anterior, mas garante ter a situação interna controlada. “Não lhe posso precisar os números, mas a nossa dívida com a resseguro não é superior ao que ganhamos”, assegura. O responsável da Protteja acredita que o acesso às divisas “venha a melhorar, considerando as políticas cambiais em vigor”. Crescimento de 25% Depois de um crescimento de 25% em 2016, a companhia expandiu-se, em termos de volume de negócio, 58% para dois mil milhões de kwanzas, em 2017. “Este ano temos objectivos que pressupõem um crescimento na ordem mínima desse valor. E estamos em linha com os objectivos traçados”, afirmou Pedro Gralha. Na Protteja, “como em qualquer companhia”, o seguro de saúde é o mais procurado, sendo que os outros produtos, no total, chegam a representar entre 45 e 50%. O seguro de saúde “tem uma sinistralidade muito elevada”, explica Pedro Gralha, que se justifica com a “elevada frequência às clínicas e os preços altos” dos serviços de saúde. “No entanto, continuamos a ter uma margem positiva sobre o passivo, que está acima dos 65%.” Pedro Gralha admite existirem razões para as queixas dos utentes de seguro de saúde, quanto à morosidade que se regista para responder às clínicas, mas descarta ser do controlo da seguradora. “O segurado, muitas vezes, não tem noção, mas precisa de controlar o seu ‘plafond’, porque os preços das clínicas são bastantes díspares. Há clínicas em que um exame de oxigénio do sangue custa 30 mil kwanzas e noutra custa dois mil. Há outras que cobram 15, 16 ou 17 mil kwanzas. Por exemplo, se a pessoa faz uma TAC numa clínica que custa 200 mil kwanzas, é capaz de descontar logo mais de 50% de seu ‘plafond’, enquanto se fizer noutra clínica paga 100 mil e salvaguarda muito dinheiro para outros actos clínicos”, exemplificou. Pedro Gralha garante que, nas situações em que o cliente paga uma prestação clínica porque o cartão deixou de funcionar, a Protteja reembolsa o segurado, desde que este justifique com o comprovativo de pagamento.
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