Pólo de Negage luta com falta de verbas
INDÚSTRIA. Faltam 131 milhões de dólares para a concretização do pólo de Negage e Soyo. Projectos deviam ter começado em 2015, mas ainda não saíram do papel. No Negage, já há licenças, mas ainda não são definitivas. As obras das infra-estruturas dos pólos do Negage e Soyo deveriam ter começado em 2015, de acordo com a promessa feita pela ministra da Indústria, Bernarda Martins. No entanto, dificuldades na captação de recursos, estimados em 131 milhões de dólares, condiciona a instalação de potenciais investidores, segundo o coordenador Pedro Barroso Catendi. Actualmente, no Negage, está instalada a fábrica de colchões e decorrem obras para uma outra fábrica, a de papel, que deve entrar em funcionamento ainda este ano. Para breve, está previsto o loteamento de 210 hectares, dos 1.560 que comporta o perímetro. Enquanto se aguarda pelos 131 milhões de dólares, foram abertos alguns arruamentos destinados aos empresários que tenham títulos de superfície e que estejam interessados em investir. Mas estes terão de captar a água através de furos artesanais e celebrar contratos de fornecimento de energia com a ENDE. O Ministério da Indústria tenta captar, no estrangeiro, financiamentos para os pólos. Pedro Barroso Catendi lança o desafio às empresas locais para se instalarem no pólo, seguindo o exemplo da fábrica de tintas que já manifestou essa intenção. Apesar das intenções do Ministério, os empresários queixam-se de dificuldades para se instalarem nos pólos. Um deles, Gilberto Cassumba, gestor da fábrica de água Cesse, do Grupo Marcegon, preferiu investir fora para evitar “exigências que encarecem os projectos ao ponto de afugentar os investidores”. “Existem fábricas a funcionar no município, mas fora do pólo industrial”, sublinha, lembrando que “muitos empresários foram obrigados a redireccionar os seus investimentos para outras províncias, com maior predominância para Malanje, onde, em menos de 15 dias, se consegue regularizar a situação, enquanto, no Uíge, as propostas ficam engavetadas mais de um ano”. O Grupo Marcegon conta com outros investimentos na província, com realce para a hotelaria e indústria. A fábrica de enchimento de água produz actualmente 27 mil garrafas de um litro por dia, contra as 67 mil previstas, devido à carência de divisas, o que condiciona igualmente a implementação da segunda fase do projecto que prevê a produção e transformação de citrinos, numa área de aproximadamente, 104 hectares. A fábrica lançou recentemente três marcas de água com sabor aromatizado e tem planos para a produção de citrinos e a sua transformação em sumos, além de retomar a exportação da água para a Namíbia e para os Emirados Árabes Unidos. Gilberto Cassumba queixa-se da falta de energia da rede que, segundo refere, tem elevado os custos das empresas, o que “podia ser evitado, se os 20 megawatts de energia disponibilizados ao município fossem devidamente explorados”. A delegação provincial do Ministério da Indústria admite que há alguns impasses na aprovação de projectos. No entanto, Pedro Barroso Catendi explica que “qualquer processo tem requisitos a cumprir e que devem ser conformados aos objectivos dos pólos”. Oito licenças provisórias O pólo industrial concedeu licenças provisórias às empresas Cerone, DMT Service Plateindústria, Aluperfil, Neves e Neves, Propharex, Soicafé, JP JAT e a Fazenda Adriano. A Cerone pretende produzir materiais de cerâmica e ornamentação, enquanto a DMT Service Plateindústria aposta na produção de chapas onduladas e tubos galvanizados. Por sua vez, a Aluperfil devia fabricar materiais de alumínio e estruturas metálicas, deixando para a Neves e Neves a produção de plásticos diversos. A Propharex tenciona produzir medicamentos através de plantas medicinais e materiais gastáveis de apoio hospitalar, enquanto a Soicafé planeia fazer a torrefacção e transformação do bago vermelho. A JP JAT, por sua vez, vai trabalhar com cerâmica. Já a Fazenda Adriano vai abrir uma serralharia, marcenaria e carpintaria industrial.
JLo do lado errado da história