Custos de educação no ensino superior acima de 1 milhão de kwanzas
ENSINO. Ministério do Ensino Superior lançou radiografia daquilo que são os custos e financiamentos do Ensino Superior em Angola. Estudo revelou que os custos mensais de vida dos estudantes estão acima dos 80 mil kwanzas.
Em termos médios, os custos de educação em quatro anos dos estudantes do ensino superior rondam os 1,2 milhão de kwanzas, tendo como base o valor anual médio de 330 mil kwanzas. A conclusão é do relatório denominado ‘Estudo sobre os custos e o financiamento do Ensino Superior em Angola’, lançado pelo Ministério do Ensino Superior, com financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
As despesas com as propinas são a parcela com mais impacto nos gastos, seguida de equipamentos, como computadores, microscópios, visitas de estudo, outras despesas anuais relacionadas com a educação, entre outros. No que se refere às despesas anuais com propinas, o valor médio mais elevado regista-se na primeira região académica (Luanda e Bengo), nas ciências da saúde e no ensino privado.
Os custos anuais com equipamentos como computadores, microscópios e visitas de estudo registam valores mais elevados na terceira região académica (Cabinda e Zaire), na saúde e no ensino público. O estudo revelou ainda que os custos de vida dos estudantes rondam os 82.500 kwanzas. As despesas com o alojamento e a alimentação são as parcelas com mais impacto em seis itens avaliados. A alimentação, transporte, telefone e outras despesas pessoais fazem também parte da lista dos custos.
Segundo apurou o estudo, mais de 63,8% dos estudantes angolanos moram com os pais, 21,5% vive em habitação arrendada, apenas 9,5% vive em casa própria, 1% em casa universitária e o resto dos inquiridos não respondeu.
Em relação ao rendimento do agregado familiar, o estudo revela que 55% dos estudantes declaram que vivem com dificuldades, 37% vivem razoavelmente e apenas cerca de 8% afirmam que o rendimento dá para viver bem ou muito bem. Os estudantes das ciências da educação registam os rendimentos mais baixos, sendo que o rendimento mais elevado tem importância na escolha da instituição do ensino superior. Os alunos com rendimentos mais elevados frequentam as instituições privadas, em detrimento das públicas, e foram os que melhor avaliaram o “conforto com que vivem”.
Apenas 22% contraíram empréstimos
Apenas 22% dos estudantes inquiridos declaram, no estudo, que contraíram um empréstimo para financiar a formação, sendo que a maior parte (63%), foi pedida em 2015. Cerca de 52% não recorreram aos bancos, mas a outras entidades não identificadas no relatório. O montante médio dos empréstimos foi de aproximadamente 400 mil kwanzas.
Os valores médios mais elevados observaram-se na terceira e sexta regiões académicas (Huíla, Namibe, Cunene e Kuando-Kubango), na área científica da saúde e no ensino privado.
O baixo pedido de empréstimos para financiar os estudos deveu-se essencialmente à falta de condições financeiras e ao medo de contrair dívidas.
ESTADO DEVE SUPORTAR ENSINO SUPERIOR
A maioria dos estudantes inquiridos (83,3%) acredita que deve ser o Estado a suportar maioritariamente os encargos com o ensino superior e as empresas devem financiar o ensino superior para terem acesso à mão-de-obra qualificada.
O valor médio que os estudantes consideram adequado para a propina anual fixa-se em torno dos 200 mil kwanzas. A média mais elevada observa-se na sétima região académica (Uíge e Kwanza-Norte). O estudo sobre ‘Custos e o Financiamento do Ensino Superior’ foi elaborado entre Setembro e Outubro do ano passado, através de um inquérito por questionário autoadministrado.
O estudo foi feito a nível nacional, com aplicação de cerca de mil questionários.
JLo do lado errado da história