ANGOLA GROWING
José Monteiro, empresário, técnico agrário e agricultor

“É discutível se a agricultura é a base do desenvolvimento”

Não gosta de ser tratado por empresário, apesar de ter sido um dos primeiros a instalar, em Luanda, um aviário muito conhecido no Panguila que, entretanto, se encontra paralisado. Investiu noutros negócios e já pensa em alargar o ‘raio’ empreendedor para o interior do país. Desassombrado, critica os citadinos, desafia os empresários a investir no campo e “não só a dar umas voltas de cavalo”. Fala em aproveitamento dos importadores de fertilizantes e, entre outras sugestões, chama os bancos para financiarem projectos.

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Na época do partido-Estado, definiu-se a agricultura como a base e a indústria como um factor decisivo. Este ‘slogan’ é letra morta?

Depende do contexto, do tempo em que foi dito. Parece-me que houve alguma boa vontade de fazer alguma coisa para a agricultura naquela altura, mas a nossa catástrofe, a nossa desgraça, foi o petróleo porque começámos a não acreditar na agricultura que, de facto, seria o futuro de Angola. Agora, se é a base do desenvolvimento, isso é discutível.

Porquê?

Digo o contrário: o comércio é que é a base e a agricultura o factor decisivo, porque, quanto à indústria, apenas andamos por aqui a apertar parafusos que os europeus e os outros não querem apertar, como dizia o malogrado presidente moçambicano Samora Machel.

A nossa agricultura não é competitiva?

Esta é uma profissão muito dura. Se repararem em fotografias de agricultores, a nível mundial, geralmente têm a cara cheia de rugas. É muito dura e exige muita autodeterminação e paciência. Não é comprou aqui e vendeu ali. A agricultura é semeou, plantou e espera meses e anos até a cultura começar a produzir. Portanto, é muito trabalhosa. E depois, uma das características nossas, do terceiro mundo, é que houve e há aquilo que é chamado de fluxo (o Brasil e a China têm disso), ou seja, a tendência da fuga do campo para as cidades. Nós não fugimos à regra. O Brasil fez tentativas para resolver isso, mas o país tem desequilíbrios muito grandes. Já a China conseguiu fazer o refluxo, criando condições de habitabilidade no campo. E hoje a China não tem problemas. Pelo contrário, tem alguns problemas de emprego nas grandes cidades, porque houve um refluxo para o campo.

Não se pode adaptar o modelo chinês?

A agricultura é dura. Se der uma volta pelo país, há-de reparar que esta actividade não se faz a partir de Luanda. Faz-se ficando no campo, tem de se estar lá. Por isso, dizem alguns entendidos na matéria, que é uma maneira de empobrecer alegremente, mas não é. Se estivermos fixados no campo já é uma maneira de enriquecer. Portanto, por esta via, chega-se a ser rico. O pessoal da cidade gosta de andar de gravata e no campo não vale a pena. A necessidade da valorização do campo é um aspecto muito em voga no vocabulário dos nossos ‘experts’, mas chega-se à conclusão de que o campo está esquecido… Agora há uma tendência para valorizar o campo, mas é preciso ter formação de base. É preciso dar valor à terra.

Como se pode chegar a esse objectivo?

Temos escolas e institutos por toda a parte para a formação de quadros. Será que temos professores capacitados para dar essas aulas? Teríamos de fazer uma formação adequada, começando pelos técnicos básicos, passando pelos médios e daí para os superiores ligados à agricultura e à extensão rural. Se não se fizer esse tipo de esforço, no campo não há hipóteses. As pessoas pensam que o campo é para chegar lá dar umas voltas e andar a cavalo, não é isso.

Então qual é a saída?

Aqui, a malta não quer trabalhar. Neste caso, vamos ter de usar um pouco a teoria do Brasil: pôr as multinacionais a trabalhar. No Brasil, sobretudo na ditadura, aconteceu o seguinte: a pessoa trabalhava uma semana e depois de receber o salário correspondente, na semana seguinte, não voltava ao trabalho. Então, as autoridades ‘agarraram’ as grandes multinacionais, incluindo a Volkswagen, que acabou por ter terreno do tamanho quase de Angola para dinamizar a actividade agro-pecuária. Hoje, o país é o maior produtor de grãos e de carne do mundo e o brasileiro não consome carne, mas sim feijão se quiser porque a carne serve para a exportação.

Aqui, os vastos terrenos onde se devia desenvolver uma agricultura de escala e a pecuária estão nas mãos de pessoas que não as conseguem rentabilizar?

Isso é um bocado o açambarcamento. Lembro-me, no tempo do meu pai, que era agricultor, o Estado dava a concessão provisória do terreno, a definitiva era de 20 em 20 anos e, caso não ocupasse, tinha de sair do espaço. Agora está a dar-se a pessoas que com eles [os terrenos aráveis] nada fazem. O terreno devia ser vendido, porque, naquele tempo, quando se pedia financiamento ao banco, este servia de hipoteca.

Comenta-se que o camponês produz, mas não consegue vender por falta de infra-estruturas de conservação e de estradas para o escoamento das colheitas. Concorda?

O camponês não produz nada. Isso que dizem por aí não é nada. Tenho seguido bem de perto os discursos do Presidente da República, ele é contundente no aspecto do investimento no sector empresarial. Isto sim, porque eles [empresários] é que criam riqueza para a exportação, a riqueza para a nação.

Então quem trabalha no campo não é camponês?

Não gosto desse termo porque camponês é todo aquele indivíduo que vive no campo, seja pedreiro, carpinteiro, sapateiro. O agricultor tradicional foi uma fase, mas não nos devemos esquecer dos métodos usados pelo regime colonial para ter aquelas produções dos anos 1970. Os meios eram esclavagistas, o povo era obrigado, e isto acabou. A única saída é o sector empresarial: produz muito e não precisa de subvenções ou apadrinhamentos. Ele produz e paga as sementes, os adubos e obtém altas produções por hectare.

Mas os fertilizantes, com esta crise financeira, não escasseiam?

Há um aproveitamento dos importadores. Devíamos ter uma fábrica. Os fertilizantes deviam ser subvencionados especialmente para o sector mais pobre porque, com o rendimento que obtêm, não conseguem pagar o adubo. E depois não é só o adubo, temos uma parte muito importante que é a fitosanidade, para o combate à lagarta. Não há meios. Havia empresas, como a Bayer, que iam ao campo assistir e ensinar a usar os produtos, porque também não pode ser qualquer um a importar os pesticidas. Há produtos em uso que, se calhar, nem sequer estão registados no Ministério da Agricultura.

A Bayer e outras empresas funcionaram na época colonial. Os tempos são outros. Não acha que é preciso encontrar saídas?

Tem razão. Também não gosto de falar muito do outro tempo. A independência veio para nós próprios sairmos e fazermos o sector empresarial angolano forte e poderoso. Lutámos tanto por causa da terra agora, ela está aí, mas não conseguimos dar conta dela. Há soluções e governar também não é fácil. Estou a lembrar-me quando foi daquele problema do Zimbábue, em que a Inglaterra andou preocupada com os rodesianos (fazendeiros). Conseguiu pôr alguns em Moçambique, Zâmbia e até na Nigéria; alguns já têm auto-suficiência alimentar. Não sei se nós teremos essa capacidade sem passar pela escola.

Estamos atrasados?

Em tempos, eu dizia a alguém que, até sairmos da crise, são pelo menos sete a oito anos. Isto não vai mudar enquanto não produzirmos bens e serviços para satisfazer as necessidades internas, em primeiro lugar. Não são os diamantes ou o petróleo que podem alavancar a economia. É a agricultura, um investimento que tem de ser feito a médio e a longo prazos.

Uma agricultura de escala não é possível sem estradas?

Naquele tempo, havia piores estradas e fazia-se agricultura.

Havia ‘picadas’ melhoradas…

Ando pelo país e observo que há uma certa melhoria nas secundárias e terciárias. O tal agricultor que você chama camponês é intriguista. Ele gosta muito de falar, mas não produz nada. É por isso que, naquele tempo, havia porrada para obrigar o camponês a trabalhar. Hoje os métodos são outros. Não há porrada, mas, sem apoio em fertilizantes e sementes, mesmo havendo vontade, nada se pode fazer. Então, o camponês reclama… Essa teoria do apoio foi no tempo do partido único, quando o Ministério da Agricultura era orçamentado e dava dinheiro aos agricultores. Agora, citando o Presidente da República, os bancos têm de funcionar porque são eles que alavancam a economia.

Como é que os bancos devem funcionar?

Os bancos têm de funcionar. Aliás, quem promoveu o desenvolvimento de Angola foram os bancos e o Governo está por detrás dos bancos. Há o chamado crédito malparado e também o problema da confiança moral, porque não é por cima de 50 papéis que tenho de ir a um balcão para me concederem ou cortarem um crédito. Antigamente, bastava a letra. Punha-se a letra no banco, não pagando, imediatamente ia para o tribunal e não precisava de advogado. Era uma espécie de caderneta que era adquirida nas Finanças e levava o selo do governo.

Se percebemos bem o seu discurso, Luanda não serve para a agricultura?

A capital do país serviu enquanto houve guerra. Luanda dá. Aliás, em Angola, dá tudo porque os terrenos são bons. Porém, é preciso adaptar as culturas para Luanda e para outras regiões do país. Mas Luanda, por exemplo, não serve para citrinos.

Como é que o senhor investiu num pomar com laranjeiras, limoeiros e tangerineiras no Panguila que antes pertencia à circunscrição de Luanda e, actualmente, faz parte do Bengo?

Não tinha outro lugar para o fazer porque havia guerra.

Qual é o melhor lugar para citrinos?

É o planalto central, o corredor do Caminho-de-Ferro de Benguela, pondo, mais ou menos, para cada lado da linha férrea 200 quilómetros. Temos a Huíla para peras, uvas e maçãs; no Namibe, a oliveira, e a Norte, o abacate. Só para citar esses exemplos.

E o café?

Temos de esquecer o café do Norte porque estava ligado ao esclavagismo. Temos de pensar no café arábica. O Uganda tem 360 milhões de pés de cafeeiro, no entanto não é na mata, mas sim em terreno plano. Bié já produziu o arábica, o chamado café da Nhârea, que era dos mais famosos do mundo a seguir o da Colômbia. Há tentativas tímidas para reanimar a produção, mas aquilo precisa de projecto sério.

Sendo empresário ligado ao sector agrícola, o que pensa fazer na sua terra natal?

Não gosto de ser tratado por empresário. Sou agricultor e, nesta qualidade, vou tentar, enquanto tiver forças, pôr os agricultores tradicionais a trabalhar e continuar com a minha birra dos citrinos. Aliás, já comecei a fazer algo na minha terra, no município da Nhârea, na aldeia do Chiculungo. Portanto, já comecei a atacar.

Sabemos que tinha sido sondado para ocupar um importante posto no pelouro da agricultura. Pode explicar?

Não gosto de falar de política.

Se fosse ministro da Agricultura, onde começaria a atacar primeiro?

Não tenho ambições destas. Posso dar um contributo à Nação incondicionalmente. Faria, mais ou nemos, como o presidente Trump, nos EUA, que renunciou ao seu salário de 400 mil dólares.

Continua a defender que, em Angola, temos uma força de trabalho indisciplinada?

Só aqui na minha pequena empresa hoje tenho por aí dois a três óbitos. Disse aos trabalhadores que aqui deveria ser como na Namíbia e na África do Sul: morreu à segunda-feira vai para o congelador para enterrar ao sábado, porque isso acaba por afectar a produção. O excesso de funerais, de doenças, os dias de trabalho que nós perdemos nisso reduzem consideravelmente a produção.

O senhor não vai aos funerais?

Não vou! Tenho a impressão de que, no dia em que morrer, aquele carro do cemitério que tem aquelas rodas grandes, não será usado. Não vou a funerais porque acho que é perder tempo. Morreu... morreu, rei morto rei posto.

Mas devemos honrar os mortos…

Há um certo aproveitamento dos funerais. Não quero acreditar que seja mesmo um sentimento antes que tenha sido um filho, uma mãe ainda é diferente. Agora, o tio do primo morreu. Chora? Isso é um absurdo. Tenho um amigo que tem o hábito de ir aos funerais. Certa vez, disse que não queria saber de quem morreu, porque o que ele queria era chorar (risos).

Os óbitos nos dias úteis travam a actividade laboral?

É preciso cortar nos feriados, farras e óbitos. Isso entrava demais e depois temos apenas oito horas de trabalho, é pouco. Devíamos dilatar o tempo para 10 horas de trabalho por dia e pagar melhor porque o operário faz parte de uma tenebrosa cadeia de engrenagem onde tem de funcionar. Quem põe a máquina a funcionar é o homem e, se ele não está, fica muito complicado. Não é por nada, mas vejamos o exemplo dos países limítrofes. Nós, talvez por causa da guerra, perdemos muitos hábitos de trabalho.

Mudar esse quadro não é fácil.

Os tempos mudaram! Temos de trazer as multinacionais para fazer agricultura e nós, angolanos, então vamos fazer as missas, jogar futebol que até fazemos mal e vamos pôr o país a trabalhar. Essas empresas (à guisa dos brasileiros que dançam o samba) produzem, mecanizam ao máximo e usam o mínimo de mão-de-obra, e, em alguns casos, só para as colheitas e o resto seria dançar o semba.

Já temos chineses a cultivar arroz. É o caminho?

O senhor faz com cada pergunta…. O chinês tem o seu papel histórico, mas não é o fim. É um meio apenas.

Pode entrar em detalhes?

O chinês tem ajudado bastante nas horas difíceis, mas dizia o ‘poeta maior’: “Temos de fazer uso das nossas forças”. Logo, somos nós mesmos que vamos construir o nosso país e não os chineses.

E a chamarmos as multinacionais não será a mesma coisa?

Não, porque pagam impostos.

E os chineses não pagam?

Não pagam nada e nem sequer compram a pedra com a qual andam por aí a asfaltar as nossas estradas.

Foi dos primeiros avicultores de Luanda. Abandonou definitivamente a actividade?

O ovo é bom na panela, ou na frigideira. Há iniciativas dos corajosos que têm continuado com a actividade, mas o grande ‘input’ para o sucesso da avicultura é o milho. Tudo gira à volta do milho que dá para a ração animal e para o homem. Não há grande produção do cereal e, por este motivo, também acaba por ser um negócio insustentável. Basta olhar para a bateria de aviários abandonados entre o Kwanza-Norte e Malanje. Custaram muito dinheiro ao Estado e estão agora em avançado estado de degradação.

Luanda não consegue resolver problemas básicos da água e da energia eléctrica há décadas. Qual é a sua opinião?

Parece que a energia eléctrica está a ser resolvida, sobretudo por parte da produção. O que se coloca é a distribuição. Falta comando. Por exemplo, há um problema no cabo de transporte. Para repor o funcionamento é capaz de ficar uma semana ou um mês, quando devia ter um piquete e resolvia o problema em tempo útil.

E a crónica problemática da água?

É igual. Não é que Luanda registe falta de água, está entre dois grandes rios. Eu tenho um ‘pipeline’ (uma conduta) desde 1994 e continua há 23 anos a pôr água. Havendo uma avaria, resolvo em menos de 24 horas. Hoje, temos um bairro, o Panguila, com sete a oito mil casas. Não se justificaria a falta de água. A conduta foi mal feita. Participei do concurso público e sei onde está o problema. O concurso estava viciado e eu disse isso na devida altura. A empresa que ganhou o concurso instalou uma conduta que está sempre a rebentar e o bairro está com graves problemas no abastecimento. Agora, se me pedirem para intervir, certamente vão ter de pagar.

A sua conduta chegou a abastecer o bairro?

Forneci durante quatro anos e meio sem sobressaltos. Vendia água. A conduta ainda está debaixo da terra e dá para abastecer 35 a 40 mil pessoas.

Luanda também tem o problema dos engarrafamentos…

Os acessos são importantes, mas também as pessoas vão demais a Luanda.

É aqui onde há serviços…

Entraria num ponto que é a divisão administrativa do país. Tal como falei da distribuição da produção da fruta, devíamos ter quatro megapólis: Luanda, Malanje, Huambo e Lubango. Quem quiser uma carta de condução tem de vir à capital. Nesse novo quadro, Malanje devia ter essa estrutura toda em que se ‘despachava’ as Lundas, Uíge e Zaire. O Huambo ‘despacharia’ com Bié, Moxico e Benguela, enfim, deixar um bocadinho o litoral. A falta de descentralização dos serviços é que provoca o congestionamento em Luanda.

Está difícil descentralizar?

Não sei se há vontade política, mas tem de ser. Admiro a África do Sul. Tem quatro cidades onde se pode resolver tudo: Pretória, Joanesburgo, Cabo e Durban. Nós temos 18 províncias com estruturas extremamente pesadas. O Bengo nem sequer devia ser província.

Mas é…

São aquelas coisas do passado. A estrutura que o Bengo tem é demasiado pesada, são muitos funcionários, muitos nada fazem. Havendo autarquias, o governador perde o valor que tem e avança o presidente da câmara. Trata-se do autarca que é votado pela população. O governador tem de olhar para outros municípios, portanto é mais abrangente. Em Luanda, o homem mais importante era o presidente da câmara que estava por perto dos problemas da população e resolvia.

É a municipalidade que não funciona?

Claro que não.

Quais são outros problemas que um autarca devia resolver na jurisdição do Bengo?

O que é que o Bengo tem? Apenas o Panguila, que é uma espécie de zona económica, mas com os seus problemas.

Como se podem contornar os problemas como do lixo que hoje afecta boa parte das cidades?

Há um ditado que diz que “as cidades mais limpas não são as que mais se lavam, são as que menos sujam”. Nós gastamos muito. Parece que não, mas as pessoas consomem muito e acabam por produzir muito lixo. As pessoas devem consumir o essencial, logo, é preciso aplicar impostos. Foram muitos anos sem pagar, agora o Governo está um bocado atrapalhado a impor. Parece que estamos a pagar com retroactivos.

Os transportes públicos também são outra ‘dor de cabeça’ na capital...

É um bocado complicado, porque são infra-estruturas básicas extremamente caras, mas podíamos ter. Há países em que os carros particulares apenas circulam aos fins-de-semana. Vou pouco a Luanda, mas noto que, no desenvolvimento, há uma certa fuga da cidade para os arredores. Com o aumento da gasolina, diminuiu um pouco o tráfego. As coisas têm de se pagar, tem de haver um equilíbrio. Como dizia o Presidente João Lourenço, tem de haver uma classe média. Ele disse que ia trabalhar para uma classe média de 60 por cento e os outros 40 por cento seriam para ricos e pobres. Isso é que é o equilíbrio. Você tem de ter uma classe média que gaste e não temos. Classe média não é andar de fato e gravata.