“Entre o fim deste ano e o começo do próximo, poderemos ter a primeira transacção privada em Angola fora do sector financeiro”
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) está disponível a conceder cada vez mais empréstimos a Angola, não só direccionado aos projectos do Governo, mas também dos privados, principalmente os inseridos no processo de transformação de matérias-primas e agrícolas. O representante em Angola, Pietro Toigo, em entrevista exclusiva ao Valor Económico, espera por mais iniciativas e avança que o banco tem 500 milhões de dólares a emprestar aos empresários nacionais até 2026, além de financiamento para o corredor do Lobito e na interligação com a RDC.

Como é que posiciona a relação do Banco Africano de Desenvolvimento com as autoridades angolanas?
No geral, a relação entre o BAD e as autoridades angolanas aumentou significativamente nas últimas décadas, incluindo do ponto de vista financeiro, em que a carteira de 2013, de 50 milhões de dólares, passou para até 1,5 mil milhões actualmente. Mas também o engajamento aumentou significativamente do ponto de vista do diálogo das políticas económicas, da assistência técnica em termos de alguns assuntos, também de partilhar as experiências de outros países africanos. Trabalhamos em assuntos de diversificação económica, de desenvolvimento do sector agrícola, de fomento das PME e todos que são PPP e do fomento do sector privado. Ou seja, todos os assuntos que são chave na transição do modelo económico angolano. Angola sempre levou muito a sério a relação com as entidades multilaterais, seja do ponto de vista de cumprir com tudo o que são os compromissos financeiros, mesmo em tempos difíceis.
Considera que a relação ficou mais consolidada nos últimos 10 anos?
Olhando para a última década, sim. Seguramente ficou mais fortalecida.
No ano passado, o financiamento do BAD em Angola aumentou significativamente se comparado ao dos últimos anos. O que está na base deste aumento?
Houve um período durante a covid-19. O BAD teve de diminuir o financiamento de alguns países em todo o continente. E isso era devido ao facto de que estávamos apenas a entrar no processo de aumento de capital, que foi aprovado em 2019, mas tardou algum tempo a ser executado. E o que significa que, em 2020 e 2021, estávamos muito apertados para a nossa almofada de risco. Como sabe, somos uma entidade triplo A e uma das prioridades dos nossos accionistas, inclusive Angola, é preservar esse triplo A que nos permite mobilizar financiamento a custo muito baixo. No contexto da redução da nota de crédito angolana, houve um período de dois anos e meio no qual se decidiu desacelerar o engajamento financeiro. Então o que estamos a ver é o regresso ao tipo de relação que tínhamos antes da covid-19. E, por acaso, estamos a fazer todos os esforços para poder mesmo alavancar mais e disponibilizar mais recursos para o país.
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