SOPHIE AUBERT, EMBAIXADORA DE FRANÇA EM ANGOLA

“Os empresários [franceses] querem sobretudo previsão sobre o futuro para tomarem decisões”

Aponta para mais de 100 empresas francesas a operarem em Angola com um  volume de negócios de cerca de 6 mil milhões de euros. Sophie Aubert fala da necessidade de desenvolver a economia angolana para permitir a exportações dos produtos produzidos em Angola. E defende que as decisões do presidente norte-americano poderão não condicionar os investimentos no Corredor do Lobito. 

“Os empresários [franceses] querem sobretudo previsão sobre o futuro para tomarem decisões”

Está em Angola desde 2023. Como avalia as relações entre Angola e França neste período? 

Assumi o cargo em Agosto de 2023. Há menos de dois anos e, em Janeiro de 2025, tivemos uma visita de Estado do Presidente João Lourenço a França. Há menos de dois anos, seguindo a visita do presidente francês a Angola, já tivemos esta visita de Estado. Para mim, quer dizer que há uma boa dinâmica da relação bilateral, como uma vantagem partilhada de ter esta visita em França, o nível protocolar é mais elevado. É uma maneira, para nós e para o nosso presidente, de demonstrar a importância que atribuímos a Angola. Não posso entrar em detalhes desta visita, mas foi uma oportunidade de os dois presidentes trocarem ideias sobre vários temas, seja bilaterais, regionais e multilaterais. Foi uma oportunidade para os dois presidentes terem realmente uma interação importante. Foi uma oportunidade para as delegações também passarem tempo para trocar ideias. Fizemos um balanço da nossa cooperação bilateral. Temos relações diplomáticas desde 1976, são 49 anos e muitos anos de cooperação. Foi importante aproveitar para fazer um balanço dessa cooperação e ver as novas prioridades. Tivemos também um fórum econômico, com uma presença muito forte, incluindo de parte da União Europeia. 


Quando o Presidente João Lourenço assumiu o cargo em 2017, a sua primeira visita oficial à Europa em França. Já há duas visitas do Presidente João Lourenço a França e uma do Presidente Macron a Angola…

Sim, é uma relação dinâmica. Em França, assinámos vários acordos institucionais e económicos. Por exemplo, temos renovado o acordo geral de cooperação que tínhamos desde 1982. Temos renovado o nosso acordo de cooperação no ensino superior, que temos desde 2014. Assinámos novos acordos de cooperação no domínio da segurança interior, cooperação desportiva, também um documento para lançar um projecto de cooperação sobre a preservação da biodiversidade, denominado Palanca Yietu. Outro acordo no sector da agricultura e irrigação. São muitos acordos institucionais que demonstram a variedade da cooperação e que vamos continuar a desenvolver. No sector económico, também assinámos vários acordos, assim como saúde, água e meteorologia espacial. Falando só dos acordos económicos, estamos a falar de 426 milhões de euros através de financiamentos e garantias. É importante saber dar algumas cifras. Por exemplo, se considerarmos o stock de investimento de parte da França em Angola, temos a cifra de 18 mil milhões de euros, (este é o stock de 2023, mas em 2024 não é tão diferente). Isso faz do nosso país um dos maiores investidores. É claro que o sector petrolífero conta com uma parte importante, mas isso é uma característica da nossa presença aqui. Também temos cerca de 120 empresas francesas, metade são filiais de grupos franceses e a outra metade são empresas estabelecidas por franceses. O que se traduz num volume de negócios de 6 mil milhões de euros por ano.

Refere-se ao que essas empresas produzem juntas... 

Sim, juntas essas empresas também empregam cerca de 30 mil pessoas, o que é bastante importante. Tudo isso para dizer que a relação é forte. Se o petróleo tem uma importância forte na relação, há muitos outros sectores, como transportes (Air France). Se falarmos de serviços, a Bureau Veritas, por exemplo, é uma empresa que faz auditoria. Há uma lista importante de empresas que mostram que há uma vontade de diversificar a presença francesa em Angola. 

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