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Brasil, Cabo Verde e Angola são os países lusófonos potencialmente mais afetados pelo novo imposto de ajustamento fronteiriço actualmente em discussão nos Estados Unidos porque são os que têm mais dívida soberana pública em dólares.

De acordo com uma análise da agência de notação financeira Fitch, enviada aos investidores, estes três países lusófonos têm mais de 20% da sua dívida pública em dólares, ficando mais expostos à valorização do dólar, um dos efeitos mais prováveis do novo imposto.

“Uma apreciação significativa do dólar levaria a um aumento do peso da dívida e do custo de servir a dívida para os países emergentes e para as empresas públicas desses países com dívida significativa em dólares”, escrevem os analistas da Fitch na análise à lei, cujo objectivo geral é penalizar as importações, subindo o imposto pela entrada no país de produtos estrangeiros.

A introdução deste novo imposto (Border Adjustment Tax, BAT, no original em inglês), que pretende penalizar as importações, “pode ter relevantes e adversos efeitos noutros países, aumentando o peso da dívida em dólar, precipitando problemas em países cujas moedas estão indexadas ao dólar, piorando os resultados da balança corrente e penalizando o crescimento do PIB nos maiores exportadores para os EUA”.

Segundo a agência de 'rating', entre estes países emergentes estão a Argentina, a Turquia, o Brasil e a Indonésia, mas “países com sistemas bancários muito dependentes do dólar podem assistir a um aumento do crédito mal parado”. Os detalhes da proposta inicialmente avançada pelo Partido Republicano no ano passado, com o título 'Better Way', ainda não estão na fase final, uma vez que a lei enfrenta a oposição do Senado, e a Casa Branca não tem mostrado grande empenho, segundo a Fitch, mas o que já é conhecido, a ser aprovado, terá um efeito importante na reforma fiscal preconizada por Donald Trump.

A Fitch acredita que “o dólar iria apreciar-se significativamente se as reformas propostas passarem a lei, apesar de não em 25%, como prevê a teoria económica, para eliminar o impacto do BAT de 20% na balança comercial”.

Angola conta com cerca de 800.000 micro, pequenas e médias empresas (MPME), o quarto maior registo na região da África subsaariana, de acordo com a quarta edição do Observatório da Inclusão Financeira,.

O estudo, divulgado na terça-feira, coloca Angola, com um peso de 2% do total, atrás de países como a Nigéria (24%), Tanzânia (11%) e Congo (7%) no total de MPME naquela região de África.

Em contrapartida, Angola é uma das principais economias do continente e o maior produtor de petróleo africano, com mais de 1,6 milhões de barris por dia.

“A inclusão no sistema financeiro e o acesso a financiamento são condições essenciais para a criação e desenvolvimento de um tecido de MPME robusto e sustentável a médio longo prazo, e para o crescimento económico de um país”, realça o estudo da Deloitte.

No documento, a consultora internacional evidencia ainda a relação “entre a actividade das MPME e o crescimento económico dos países”, estimando que o contributo para o Produto Interno Bruto global seja aproximadamente de 65%.

Contudo, são identificados alguns obstáculos ao desenvolvimento da actividade destas empresas nos países em desenvolvimento, como a exclusão do sistema financeiro e acesso a financiamento, o acesso a electricidade e a competição de empresas não formalizadas.

A consultora defende a necessidade de “alargar e melhorar” o acesso das MPME a produtos e serviços financeiros formais, o que exige uma “mudança profunda”, até em termos culturais, na sua disponibilização. Fomentar o aumento da produtividade destas empresas, através da melhoria das condições de trabalho, é outra das necessidades identificadas, assim como a criação de um clima de negócios favorável e o incentivo à própria formalização das MPME, “como um meio para quebrar o ciclo vicioso de fraca produtividade e condições de trabalho precárias características do mercado paralelo”.

De acordo com a quarta edição do Observatório da Inclusão Financeira, existiam em 2010 entre 420 a 510 milhões de MPME no mundo, 85% das quais localizadas em países em desenvolvimento, com a região da África subsaariana a representar cerca de 8,6% do total, aproximadamente 40 milhões de empresas.

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Angola abordou, em Luanda, com os deputados à Assembleia Nacional (AN) o desenvolvimento do mercado de seguros e de pensões em Angola, reiterando preocupação com a elevada taxa de inflação do país.

Segundo o líder da missão do FMI, o desenvolvimento destes dois segmentos poderá constituir uma fonte adicional de financiamento para a economia do país a longo prazo.

“Essa foi uma missão muito técnica, de basicamente colecta de dados e preparação da missão de consulta anual ao abrigo do artigo IV, que vai acontecer no final deste e início do próximo ano, depois das eleições e da formação de um novo Governo”, explicou Ricardo Velloso, no final do habitual encontro com a 5.ª Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, no âmbito da preparação das consultas nacionais anuais.

Relactivamente à inflação, Ricardo Velloso referiu que Angola tomou medidas, a partir de Maio de 2016, com uma forte contração monetária, que já começaram a dar alguns resultados, mas “é preciso persistir, continuar com essas políticas, para que essa inflação volte a níveis mais aceitáveis”.

“Qualquer país que tem uma inflação por volta de 40% ao ano preocupa, a inflação em Angola é uma das mais altas do mundo, o Banco Nacional de Angola tem plena consciência de que esses níveis não são aceitáveis”, frisou

De acordo com o vice-presidente da 5.ª Comissão de Economia e Finanças do parlamento, Diógenes de Oliveira, o encontro serviu para trocas de experiências para a consolidação do trabalho já iniciado em relação à introdução do Imposto de Valor Acrescentado (IVA), “que poderá trazer novos desenvolvimentos no âmbito da justiça tributária no interesse de todos os actores da economia nacional”.

Durante o encontro, também foi vista a questão da inflação, no que diz respeito aos seus reflexos na economia.