Teresa Fukiady

Teresa Fukiady

INVESTIMENTO. Orçado em mais de 150 milhões de dólares, o centro deve ser erguido por iniciativa do grupo italiano Cremonini. Resultado de um financiamento do Banco de Desenvolvimento de Itália, projecto será instalado em Luanda, a partir do próximo ano, como o maior centro agro-alimentar de África.

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Angola poderá contar, dentro de três anos, com o maior centro agro-alimentar de África. O centro, que começa a ser construído a partir do próximo ano, está avaliado em mais 150 milhões de dólares. A infra-estrutura vai ser construída próximo do Kilamba, em Luanda, numa área de mais de 192 mil metros quadrados, sendo a iniciativa do grupo empresarial Cremonini, representado pela Inalca.

Este pólo industrial, destinado à transformação, conservação e distribuição de produtos agro-alimentares angolanos, prevê criar mais de mil postos de trabalho. O projecto vai ser financiado pelo Banco de Desenvolvimento da Itália e estará ao serviço dos produtores e consumidores, que vão receber uma gama de produtos necessários para garantir a segurança alimentar.

Segundo o presidente do grupo Inalca, Luigi Cremonini, “se Angola criar incentivos e apostar na inovação agro-pecuária e em outros sectores-chave da economia nacional, o projecto vai ser um sucesso para ambas as partes”.

Carne, peixe, cereais, farinha, óleo, frutas, legumes, entre outros, fazem parte da lista de bens nacionais que serão transformados e processados neste centro, que prevê impulsionador a produção interna e reduzir as importações. De acordo com o secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Carlos Alberto Jaime Pinto, estão estimadas em mais de 300 mil toneladas anuais só a importação de carne bovina. O governante reiterou a disponibilidade do Governo em ajudar na concretização do projecto.

O objectivo do investimento é o de aumentar a taxa de auto-suficiência dos produtos agro-alimentares, reduzir as importações e desenvolver as exportações de produtos acabados. Nos planos para as exportações, os mercados africanos colocam-se à frente da Europa, continente onde a empresa possui sistemas de distribuição.

O grupo Cremonini, representado pela Inalca, foi fundado em 1963 e constitui-se num mais importantes do sector alimentar na Europa, actuando na produção, distribuição e restauração. A Inalca é o líder europeu do sector da carne bovina e um dos primeiros produtores de enchidos, operando em mais de 70 países. Em Angola, desde a década de 1980, actua em actividades de distribuição de produtos alimentares. Nos últimos anos, a Inalca investiu em Angola, pelo menos, 50 milhões de dólares e emprega mais de 100 trabalhadores.

PET SHOPS. Para alguns, criar cães tornou-se um negócio. Mas com lucros a longo prazo. Quem está no negócio fala em riscos e gastos. Um saco de ração chega a rondar os 32 mil kwanzas. Para alimentar um canil de 18 cães, por exemplo, há quem chegue a gastar mais de 200 mil kwanzas. Apesar dos custos elevados, os homens de negócio acreditam que vale a pena.

 

De lazer a negócio. Foi assim que, para muitos, surgiu a ideia de transformar a criação de cães em empreendimento. Para os apaixonados pelo ‘melhor amigo do homem’, um canil é um negócio que chega a ser rentável. Mas que exige paciência, porque os lucros não são de curto prazo, muito menos mensais. Quem o testemunha é, por exemplo, o produtor musical Hochi Fu. Criador de cães há vários anos, decidiu entrar na comercialização há três. Na altura, já contava com 20 cachorros, mas só começou a vendê-los depois de adquirir um ‘American Bully’, nos Estados Unidos, que lhe custou oito mil dólares. A esse cão acrecentou uma fémea da mesma raça, também comprada nos Estados Unidos a 10 mil dólares. A ideia de Hochi Fu era potenciar o negócio com raças distintas, para compensar o aumento dos preços das rações, motivado pela crise.

“Mas não é um negócio fácil”, alerta Branquinho, outro criador e vendedor, referindo-se aos custos “muito elevados”. No seu caso, por exemplo, para sustentar um canil com 18 caninos, gasta mensalmente um mínimo de 280 mil kwanzas. O valor é empregado na compra de ração, no veterinário, além da desinfestação do canil e outros custos. E é esse conjunto de gastos que faz com que o retorno nem sempre chegue rapidamente. “É necessário paciência”, adverte, explicando que os lucros dependem também da procriação das cadelas. Quanto maior for o número de filhotes, maior poderá ser o retorno. Mas nem sempre. Também depende de quantos filhotes sobrevivem. Por exemplo, a raça American Bully chega a ter sete crias e anualmente pode dar à luz duas vezes. E, “caso tudo corra bem”, por cada cria, chega a facturar 400 mil kwanzas.

De pequenas vendas no quintal de casa, há casos em que o negócio cresce e transforma-se em pequena ‘empresa’. É o caso do Canil Jacimar Azael que evoluiu para empresa em 2013. O canil, que antes era controlado por apenas uma pessoa, conta actualmente com mais oito funcionários, que têm salários que rondam entre os 25 e 35 mil kwanzas. E conta ainda com uma filial em Talatona.

No total, controla 20 cães entre rottweiler, pit bull, dobermann, caniche e outros, que, antes da crise, chegavam a custar 300 mil kwanzas e que agora estão entre os 200 e 220 mil kwanzas.

O negócio tem os seus riscos. Algumas vezes, a ‘ninhada’ de crias chega a morrer, por acidentes ou até mesmo por luta entre os animais. “Estamos a falar de um negócio que rende dinheiro, mas, muitas vezes, perdemos ninhadas por causa de brigas entre cachorros”, explica Jacimar Aziel que esclarece, no entanto que, muitas vezes, as ninhadas são pagas antes de nascerem. Aziel aponta também a dificuldade de aquisição de alimentos e produto no mercado. “Se não tiver capacidade financeira fora do canil, ninguém suporta”, calcula Azael, cujo canil tem um custo mensal de 200 mil kwanzas com a alimentação. Para quem se dedica a este negócio, a rentabilização dos gastos vem dos cruzamentos e das vendas das crias. No canil do Branquinho, a cria mais ‘barata’, um pit bull, custa cerca de 60 mil kwanzas.

A raça American Bully, tida como a mais cara, é vendida entre 400 e 450 mil kwanzas. Apesar dos preços, Hochi Fu e Branquilo garantem que “há muitos compradores”. Como todo o negócio, há épocas altas e baixas. Quando são poucos, a solução é vender a pessoas que “valem a pena”, afirma Hochi Fu. “Pessoas que vão cuidar bem deles e vão dar o tratamento ideal. Para nós, não é só vender. É saber que quem comprar vai cuidar bem”, justifica. Agora com 14 cachorros para cuidar, Hochi Fu explica que, várias vezes, se gasta muito mais num mês do que se tem de retorno. No seu caso, chega a gastar 300 mil kwanzas para sustentar os cães. “Pode passar-se um ano sem se ter o lucro do dinheiro investido. Sem amor e paciência, estás no negócio errado”, afirma, acrescentando que “não é um negócio imediato, mas de longo prazo”. Fu revela, entretanto, outra forma de rentabilizar os cães.

O que passa por cobrar a quem esteja interessado em cruzar o seu cão de raça American Bully com um outro. “Mas para isso é necessário desembolsar, cerca de um milhão de kwanzas”, avisa, explicando que não faltam pessoas interessadas e que estejam dispostas a pagar o valor.

No caso do canil Jacimar Azael, para suportar os gastos, dedica-se também à venda de outros produtos. “Fornecemos alimentos, cuidados e segurança canina a algumas empresas”, explica o proprietário. Fábio Joaquim, outro criador, em cujo canil, não faltam clientes. Com a dificuldade de importação, optou por fazer cruzamentos com cães de outras raças pertencentes a amigos para ter sempre bons animais para vender. “Até agora, tem dado tudo certo”, confessa.

TELECOMUNICAÇÕES. Todos os anos a operadora de televisão atribui prémios, que servem de incentivo para os jovens se dedicarem à ciência e à tecnologia espaciais. Este ano, a DStv contemplou estudantes de Luanda e do Kwanza-Sul.

LIVREIROS. A comercalização de livros, apesar de “não ser rentável”, agrada a quem se dedica ao negócio que garante fazê-lo “por gosto”. Em tempos de crise, as vendas têm registado grandes quedas. E há quem opte por ir ao encontro dos clientes.

‘FAST FOOD’. Devido ao corre-corre do dia-a-dia, o ‘franguité’ passou a ser a opção para o almoço ou jantar de muitos. O negócio vive momentos complicados devido à subida dos preços. A venda de frangos nas ruas ainda dá lucros, mas longe dos números do KFC.