Dívida mais do duplicou na África subsaariana nos últimos anos
A dívida pública das economias da África subsaariana mais do que duplicou entre 2012 e 2022, passando de 189 mil milhões de dólares para 462 mil milhões, indica um relatório do Banco Mundial.
A dívida pública e a garantida pelos governos "chegou a 462 mil milhões de dólares em 2022, comparada com os 189 mil milhões de dólares registados em 2012" lê-se no relatório Pulsar de África, divulgado nas vésperas dos Encontros Anuais do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, que começam hoje em Washington.
Em percentagem do Produto Interno Bruto (PIB), "a média de dívida externa passou de 17%, em 2012, para 28% em 2022", relava o Banco Mundial.
"A dívida pública parece estar a estabilizar, mas em níveis elevados e mantendo os riscos" de incumprimento e de sobre-endividamento que têm marcado as economias africanas nos últimos anos", refere-se no documento, da responsabilidade do gabinete do economista-chefe para África do Banco Mundial.
Os economistas notam também que "estes aumentos foram acompanhados de uma mudança para credores não tradicionais, incluindo Eurobonds [emissões de dívida em moeda estrangeira nos mercados internacionais] e dívida bilateral de credores fora do Clube de Paris, em particular a China"
No final de 2022, os credores bilaterais, ou seja, os países, representavam apenas 9% do total de dívida externa, quando em 2010 o valor representava 20%, com a parte da dívida bilateral chinesa a subir de 7% para 11%, as emissões internacionais de dívida, que era zero nos países de baixo rendimento, é agora de 3%, e subiu de 28% para 35% nos países de rendimento médio.
"Os riscos de sobre-endividamento na África subsaariana subiu significativamente em resultado de mais endividamento em termos menos concessionais", devido ao aumento do recurso a emissões de dívida e uma redução dos empréstimos dos países e das instituições multilaterais de desenvolvimento, que emprestam tradicionalmente com taxas de juro menores e maturidades maiores que os empréstimos da banca comercial.
Assim, o risco de sobre-endividamento nos países de baixo rendimento aumentou e, segundo os parâmetros que sustentam esta análise, metade desses países, onde estão todos os lusófonos africanos à exceção de Angola e Guiné Equatorial, estão ou já em situação de sobre-endividamento ou em risco de estarem.
. Lusa
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