Governo despede 16 mil enfermeiros em greve
O Governo do Zimbábue, país que celebra hoje (18) o dia da independência, despediu cerca de 16 mil enfermeiros que estão em greve para protestar contra os baixos salários e exigir melhores condições de trabalho, noticiou a imprensa local.
O anúncio do despedimento colectivo foi feito em comunicado pelo vice-presidente zimbabueano, Constantino Chiwenga, o general que liderou o golpe de força militar que obrigou, em Novembro de 2017, o então presidente Robert Mugabe a resignar à chefia do Estado.
No comunicado, Chiwenga acusou os enfermeiros de desrespeitarem um acordo que previa o regresso ao trabalho na passada terça-feira, um dia depois de terem iniciado a paralisação. O Governo decidiu, para bem dos pacientes e para salvar vidas, despedir todos os enfermeiros em greve, medida com efeito imediato. Segundo o vice-presidente zimbabueano, o executivo gastou 17 milhões de dólares para cumprir as exigências dos grevistas, pelo que a recusa em regressar aos postos de trabalho é vista como "uma falta de arrependimento politicamente motivada".
"O Governo decidiu, para bem dos pacientes e para salvar vidas, despedir todos os enfermeiros em greve, medida com efeito imediato", indicou Chiwenga, indicando que, para cobrir as vagas, o executivo vai contratar novos profissionais recém-licenciados e vai pedir aos que já se reformaram para regressarem temporariamente até que a situação seja regularizada.
Em reacção, o Congresso de Sindicatos do Zimbábue (ZCTU, na sigla inglesa), criticou o despedimento colectivo e denunciou que o aumento do custo de vida afectou seriamente os salários dos trabalhadores. "Obrigar enfermeiros insatisfeitos e mal pagos a cuidar de cidadãos em hospitais mal equipados é pôr em perigo a vida das pessoas", acrescentou a ZCTU, em comunicado, tendo acrescentado que "o Governo não fez nada para aliviar o sofrimento dos trabalhadores e dos cidadãos, pelo que as exigências de melhorias salariais são legítimas.
Ao despedir os enfermeiros, o Governo demonstra que está contra os trabalhadores". A greve começou duas semanas após o fim de uma outra paralisação dos médicos, que durou cerca de um mês. Pelas mesmas razões dos médicos e enfermeiros, também os professores e directores das escolas do país ameaçaram com uma greve se as reivindicações não estiverem cumpridas até ao início do terceiro trimestre, em Maio.
O Zimbábue, país que acedeu à independência faz hoje precisamente 38 anos, vai realizar eleições gerais em Julho, nove meses depois de Robert Mugabe ter sido forçado (a 21 de Novembro de 2017) a abandonar a Presidência do país que liderou desde 1980.
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