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Guerra comercial já começou

10 Jul. 2018 Mundo

PROTECCIONISMO. Após meses de discussões, entrou em vigor, na passada semana, a tarifa de 25% sobre diversos produtos da China importados pelos EUA. Governo chinês responde ‘pela mesma moeda’.

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A sobretaxa que os EUA impuseram aos produts provenientes da China já entrou em vigor a semana passada. A medida pretende ser uma resposta ao que o governo dos EUA considera um “roubo” de tecnologia norte-americana. Dos 50 mil milhões de dólares em produtos anunciados inicialmente para serem sobretaxados, estão painéis de LED e LCD; telas sensíveis ao toque; sismógrafos; eletrocardiogramas; microscópios; satélites; aeronaves; helicópteros; motocicletas; cabos de fibra óptica; câmaras de TV e baterias de lítio.

Essa divisão aconteceu depois de as empresas norte-emericanas terem exigido isenções para importações consideradas importantes, conforme destaca a agência de notícias France Press. Uma segunda parte dos bens, avaliada em 16 mil milhões de dólares, será analisada após um processo de revisão e observação do público, algo que poderia reduzir o volume total.

As taxas incidem sobre produtos chineses que, para o governo de Donald Trump, são comercializados de forma injusta, como veículos de passageiros, transmissores de rádio, peças para aviões e discos rígidos para computadores.

RETALIAÇÃO CHINESA

O governo chinês, em retaliação à medida dos EUA, anunciou também a intenção de impor tarifas que inicialmente afectarão o equivalente a 30 mil milhões de dólares em produtos norte-americanos.

Entre outros, veículos e alimentos e produtos agrícolas, como a soja, serão tributados, o que afectará duramente os agricultores dos EUA. Outros 15 mil milhões de dólares restantes corresponderiam a uma segunda fase, que incluiria petróleo, gás propano e produtos químicos.”A China não cederá a ameaças ou à chantagem”, avisou o porta-voz do Ministério do Comércio da China, Gao Feng, na quinta-feira (5). “Os EUA iniciaram esta guerra comercial, não queremos, mas não temos outra opção a não ser lutar”, acrescentou.

AMEAÇA À ECONOMIA GLOBAL

Economistas alertam, há meses, sobre os possíveis danos que o proteccionismo de Trump pode causar ao comércio e à economia global. No final de Maio, o Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um alerta apontando que “todo mundo perde” nesta longa guerra comercial, e pediu aos EUA para trabalharem de forma “construtiva” com os aliados para resolver estes desacordos, em vez de impor tarifas.

A preocupação entre economistas é que esta política possa aumentar os preços e afectar as cadeias de distribuição internacionais. Entre os empresários dos EUA, também há receios sobre possíveis prejuízos.

A Câmara de Comércio dos EUA pediu que Trump reconsiderasse as medidas, apontando que as tarifas afectam as exportações equivalentes a 75 mil milhões de dólares e colocam em risco milhares de empregos.

Mesmo diante das preocupações internas e internacionais, o governo dos EUA não cedeu. O secretário do Comércio, Wilbur Ross, disse que as advertências são “prematuras e provavelmente muito imprecisas”.

CRONOLOGIA DA TENSÃO

2001: China entra oficialmente na OMC.

2006: Henry Paulson assume a secretaria do Tesouro dos EUA com a missão de reduzir o défice comercial do país com a China.

2007: Departamento de Comércio ameaça sobretaxas sobre a importação de papel da China.

2016: Donald Trump ameaça elevar para 30% a tarifa sobre todos os produtos chineses.

Dezembro de 2016: Ao fim dos 15 anos para fazer mudanças propostas pela OMC, China continua a ser encarada apenas como economia ‘semi-aberta’ por EUA e UE.

8 de Março de 2018: EUA impõem sobretaxas ao aço e alumínio importado de vários países.

22 de Março de 2018: EUA anunciam tarifas de 50 mil milhões de dólares sobre 1,3 mil produtos chineses, alegando violação de propriedade intelectual.

2 de Abril de 2018: Em resposta, China impõe tarifas de 25% sobre 128 produtos dos EUA, como soja, carros, aviões, carne e produtos químicos.

5 de Abril de 2018: China recorre à OMC contra tarifas dos EUA para o aço e alumínio.

5 de Abril de 2018: Trump propõe sobretaxar mais 100 mil milhões de dólares em produtos chineses.

16 de Junho de 2018: China faz ameaças de novas tarifas, desta vez sobre o petróleo bruto, gás natural e produtos de energia dos EUA.

19 de Junho de 2018: Trump ameaça impor tarifa de 10% sobre 200 mil milhões de dólares em bens chineses. Pequim critica “chantagem” e avisa que vai retaliar.