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CAMPANHA GERA INDIGNAÇÃO

Itália reduz lobos

A Itália prepara-se para aprovar, ainda este mês, um plano para reduzir a crescente população de lobos, uma medida que gera protestos apesar do aumento dos danos causados pelo chamado ‘Canis lupus italicus’ a cultivos e a outros animais, como ovelhas, veados e javalis.

O governo estuda um ‘Plano de Protecção e Gestão’, que deverá ser ratificado pelo Parlamento. Incluídos na lista de animais protegidos desde 1971, os lobos italianos encontram-se nos Alpes (entre 100 e 150 exemplares) e principalmente nos Apeninos, da Calábria à Ligúria, com uma população estimada entre 1.070 e 2.472 espécimes.

Embora não tenha sido realizado um censo exacto e não haja estatísticas disponíveis sobre os danos que os lobos causam, o aumento da sua população começa a ser um problema no país.

O principal do sindicato dos agricultores, Stefano Masini, do Coldiretti explicou à AFP que “os ataques contra o gado multiplicaram e chegam inclusive a atacar de dia”.

Para melhorar a convivência, o novo plano inclui 22 medidas que vão desde um censo completo até o desenvolvimento de cercas eléctricas, trâmites de indemnização e reembolsos mais rápidos aos agricultores prejudicados.

Uma das medidas polémicas é a autorização à caça de até 5% dos lobos na península, o que representa de 75 a 90 animais por ano.

ONG de defesa dos animais, como o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), lançaram uma grande mobilização nas redes sociais com o lema ‘SOS Lobo’para proteger a espécie. Cerca de 130 activistas da EcoRadicali iniciaram uma greve de fome contra o projecto. De acordo com uma denúncia do activista Fabrizio Cianci, secretário da EcoRadicali, “a cada ano cerca de 300 lobos morrem na Itália nas mãos de caçadores clandestinos”. O responsável teme que a “liberalização” efectiva da caça, com autoridades pouco motivadas a realizar controlo.

Diante do escândalo, algumas autoridades de regiões menos afectadas - como Lazio e Apúlia – desvincularam-se do plano.

O ministro do Ambiente da Itália, Gian Luca Galletti, considera que “a conservação do lobo é um assunto sério demais para se deixar influenciar pelo clamor dos meios de comunicação, ou do populismo”, segundo um comunicado.

“Se as outras 21 medidas forem aplicadas correctamente, com os recursos financeiros necessários, não haverá necessidade de recorrer ao sacrifício”, defendeu Coldiretti.