Mundo cada vez mais longe travar aquecimento global
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. Para conter a subida da temperatura global ou limitar o aquecimento a 1,5 graus, os países teriam de quintuplicar os esforços, até 2030. Os países estão cada vez mais longe do objectivo de travar o aquecimento global, e emitem cada vez mais gases com efeito de estufa, alertou, na passada semana, a ONU. O Programa Ambiental da ONU afirma que, para conter a subida da temperatura global abaixo dos dois graus centígrados, as nações terão de triplicar, até 2030, as promessas firmadas no Acordo de Paris, celebrado em 2015. Para limitar o aquecimento a 1,5 graus, um cenário que já implica consequências, os países teriam de quintuplicar os esforços, refere-se num relatório publicado na passada quinta-feira. “A notícia mais alarmante é a discrepância entre o nível actual de emissões e o necessário para conter as alterações climáticas”, afirmou à agência France Press o coordenador do relatório, Philip Drost. O secretário-geral da ONU, António Guterres, referiu, numa entrevista à BBC, que “muitos países não estão a fazer o que se comprometeram em Paris”, lembrando que “são precisos compromissos mais ambiciosos”. O empenho ou falta dele para limitar as emissões de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa “não vai resultar para evitar um aumento de três graus até ao final do século”, considerou. António Guterres notou que o mundo está “mais polarizado”, com “mais abordagens nacionalistas a ganhar eleições ou com bons resultados eleitorais”, ao mesmo tempo que diminui “a confiança da opinião pública” nas instituições e organizações internacionais. “Falta a necessária vontade política”, apontou à BBC, sem querer particularizar nenhum líder, mas indicando os Estados Unidos como um exemplo da “necessidade de mobilizar todos os níveis” da sociedade. Sem citar o nome do presidente Donald Trump, referiu que a decisão “do governo” norte-americano de denunciar o Acordo de Paris levou a uma “fantástica reacção de cidades, governadores, da sociedade civil” que se comprometeram a manter e cumprir as metas. “Não devemos reduzir a discussão às posições pessoais. É um assunto global em que todos estamos a falhar”, afirmou. O Programa Ambiental aponta alguns progressos, como a explosão das energias renováveis, a eficácia energética, acções locais no sector dos transportes, que atribui ao dinamismo do sector privado e da investigação. CO2 AUMENTA As emissões de dióxido de carbono (CO2) aumentaram pela primeira vez em quatro anos. A informação foi avançada aquando da divulgação do relatório pelas Nações Unidas, em Paris. O estudo mostra que os esforços que estão a ser feitos a nível mundial para mitigar as alterações climáticas estão longe das metas definidas: as emissões globais de CO2 atingiram níveis históricos de 53,5 gigatoneladas de gás carbónico equivalente. Os cientistas alertam que a temperatura global pode subir pelo menos três graus Celsius até ao fim do século. Depois de as emissões globais de CO2 terem estabilizado entre 2014 e 2016, o documento aponta agora para o crescimento económico como principal causa da sua subida em 1,2%, em 2017. Apenas 57 países, que representam 60% das emissões globais, estão no caminho para atingir a meta em 2030, informa o documento da ONU. O resultado apresentado pelo Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (UN Environment) teve em consideração as medidas que os mais de 190 países-membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima apresentaram nas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), como resultado do Acordo de Paris, assinado em 2015. Neste acordo, cada nação estabeleceu um compromisso diferente de redução das emissões de CO2, com metodologias variadas de acordo com sua realidade.
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