Corte nas relações afecta áreas sociais e económicas
O corte nas relações entre Angola e a Coreia do Norte, confirmado pelas autoridades de Luanda, por força das sanções das Nações Unidas que pesam sobre o regime de Pyongyang, afectou acordos, sobretudo nas áreas da saúde, educação, agricultura, pescas, construção, ciência e tecnologia. A maior parte dos documentos foi assinada nas décadas de 1970 e 1980, processos concretizados por uma comissão mista criada para impulsionar as relações entre os dois Estados, enquanto vigorava, no país, o sistema político de partido único. Ao abrigo desses acordos, encontram-se ainda a trabalhar em solo angolano vários médicos e professores norte-coreanos. Um outro ‘exemplo vivo’ da relação entre os dois Estados está ‘estampado’ no memorial António Agostinho Neto, em Luanda. A obra teve a participação de empresas de construção civil da Coreia do Norte que, além do mausoleo, intervieram também na construção de outros monumentos históricos do país. No passado, a Coreia do Norte foi ainda um dos principais destinos, no continente asiático, de bolseiros angolanos que se formaram em diferentes áreas académico-profissionais. Sem precisar os números, o director para a Ásia e Oceânia, do Ministério das Relações Exteriores, Samuel da Cunha, afirmou que “são poucos os angolanos a residir, trabalhar ou estudar, actualmente naquele país”, avançando também que não há empresas angolanas a operar em terras norte-coreanas. Sobre as suspeitadas levantadas há alguns anos quanto à cooperação na área militar, após a publicação de um relatório da ONU que dava como certa a compra de equipamento militar pelas autoridades de Luanda ao regime da Coreia do Norte, em 2011, Samuel da Cunha desmente qualquer relação nesse sentido, confirmando apenas a realização de assessoria militar num passado distante. “Angola não tem negócios, no domínio militar com a Coreia do Norte. Angola não importa armas daquele país. No passado, teve cooperação e era mais a nível da assessoria militar. Tivemos professores de artes marciais, que davam treinos aos nossos militares, mas isto foi no tempo do partido único”, esclarece o embaixador. Hoje, o director do MIREX classifica a relação como não sendo de “importância estratégica”, estando, aliás, estagnada desde a década de 2000 por várias razões”, com destaque para “as grandes crises económico-financeiras que o mundo atravessou”, sem deixar de parte as sanções internacionais.
JLo do lado errado da história