“É preciso destruir o ninho de marimbondos”
Presidente da República diz que está a enfrentar um “ninho de marimbondos”. Comentou assim a oposição que lhe tem sido feita. Mas não nomeou ninguém e voltou a prometer combater a corrupção.
Presidente da República diz que está a enfrentar um “ninho de marimbondos”. Comentou assim a oposição que lhe tem sido feita. Mas não nomeou ninguém e voltou a prometer combater a corrupção.
GALARDÃO. Viriato da Cruz, um dos principais ideólogos do MPLA, foi premiado com o mais alto galardão cultural de Angola, 45 anos depois da sua morte. Waldemar Bastos, Fidel Reis, António Dias dos Santos, Misael Almeida, Jaka Jamba, Sakaneno João de Deus, grupo teatral Ngwizane Txikane, o programa televisivo da Huíla ‘Tudo e Mais’ e os Bakamas de Cabinda são os vencedores de 2018.
CONFLITO. Depois do Iraque, Bósnia, Afeganistão, Líbia, o mundo enfrenta nova ameaça de entrar em guerra. De novo, o petróleo e posições geográficas estratégicas estão no centro do furacão. A história repete-se. A invasão norte-americana ao Iraque, em 2003, e apoiada pelos aliados, foi justificada pela alegada instalação de armas de destruição em massa. Depois dos ataques, provou-se que Saddam Hussein nunca mandou construir, nem o país tinha essa capacidade, esse armamento. Morreram mais de 500 mil civis e três mil soldados norte-americanos, mas a indústria militar dos EUA e do Reino Unido obteve lucros que ultrapassaram os 800 mil milhões de dólares. Quinze anos depois, o alegado uso de armamento químico, na Síria, volta a levantar os ‘fantasmas’ de uma guerra com os EUA e a Rússia a entrarem numa escalada verbal. O mesmo ‘filme’ já foi visto antes das guerras na Bósnia, no Afeganistão e na Libia. No Twitter e em declarações à imprensa, Donald Trump ameaçava atacar Bashar Al-Assad, “em breve”, mas sem especificar datas. A Rússia ripostava com um sério aviso aos EUA de que os dois países entrariam em guerra, caso os “norte-americanos tentassem invadir a Síria”. No Reino Unido, sexta-feira, estava reunido o Conselho de Guerra sob ordens da chefe do governo, Theresa May. Tanto no Iraque como na Síria, as verdadeiras causas da guerra passam pelos ganhos económicos e pelas vantagens dos dois países com posições geográficas estratégicas. Como ‘pano de fundo’, surgem as divergências religiosas e interesses dos radicais islâmicos. O Iraque tem as maiores jazidas de petróleo do mundo. A Síria, além do petróleo, é o maior ‘condutor’ de gás do planeta. O conflito começou em 2011 quando muitos sírios resolveram, aproveitando a ‘onda’ da ‘primavera árabe’, afrontar nas ruas o poder de Bashar Al-Assad que tinha sucedido na presidência ao pai, Hafez, em 2000. Os altos índices de desemprego, a corrupção e as constantes violações à liberdade foram os pretextos. O clima agravou-se quando a polícia reprimiu os manifestantes, usando a força letal. Apoiantes da oposição começaram a surgir com armas e, de imediato, os EUA colocaram-se contra Assad, enquanto o presidente sírio lamentava ser vítima do “terrorismo islâmico”. De facto, Al-Assad, sunita, sempre desprezou a maioria da população xiita de onde parte grande parte do radicalismo islâmico, liderada pelo Daesh. Mas a guerra na Síria tem ainda outros contornos. A população curda que luta pelos seus direitos, dominando a região mais rica em petróleo. Foram os militares curdos, apoiados pelos EUA, que reconquistaram cidades dominadas por radicais e onde tinham as maiores jazidas de petróleo, na província de Deir ez-Zor. São estas conquistas que o curdos querem manter, mesmo que acabe a guerra. Mas, para isso, precisam de derrubar Bashar al-Assad, o presidente que é apoiado pela Rússia, de Vladimir Putin. A batalha pelos recursos marca assim toda a estratégia e coloca o mundo à beira de uma guerra. Perante mais de 80 por cento dos recursos petrolíferos nas mãos dos radicais islâmicos, o exército sírio lançou uma ofensiva, na semana passada. A tal que foi acusada de ter usado armas químicas. Por outro lado, desencadeou ataques contra os opositores do governo que também dominam parte do território. Os EUA afinam os mísseis e contam com o apoio de quase todo o mundo ocidental, a começar pelo Reino Unido e ainda pela Turquia e Arábia Saudita. Mas conta com a forte oposição da Rússia e do Irão, os mais fiéis apoiantes de Bashar al-Assad. Os russos, que sempre tiveram bases militares na Síria, nunca negaram apoio ao presidente sírio. O Irão enviou soldados e mais de quatro mil milhões de dólares em ajuda. Milhares de muçulmaos, treinados e financiados por iranianos, lutam ao lado do exército. Os rebeldes contam com o apoio da Turquia, porque também quer travar a ascensão curda, e contam com o dinheiro da Arábia Saudita, que pretende parar a influência iraniana. De inspecção em inspecção É neste caldo internacional que se movimenta a diplomacia agora, de novo, em intensa troca de acusações. Os EUA e o Reino Unido insistem que al-Assad usou armas químicas. O governo sírio responde que foi encontrado armamenro da NATO nos bastiões dos chamados ‘terroristas’ islâmicos. Tal como aconteceu no Iraque, em 2003, e na Libia, em 2011, a comunidade internacional prepara-se para entrar numa guerra. E tal como no Iraque, haver ou não invasão dos EUA depende de duras conversações. Washigton, através do secretário da Defesa, Jim Mattis, afirma “acreditar” que houve um ataque químico e que até há indicações disso, mas que admitindo que procura provas. A estação de televisão NBC citava peritos dizendo que encontraram vestígios de cloro e um gás de nervos no sangue e urina das vítimas do ataque. Por outro lado, a Rússia nega o ataque, assegurando que as tropas russas tinham entrado em Douma, a cidade atingida, e que não encontraram quaisquer provas. O ministro russo dos Negócios Estrangeiros acusou mesmo um país “russófobo” de ter “encenado o ataque”. Em França, o presidente Emmanuel Macron assegura haver provas, mas salvaguarda que uma intervenção francesa necessitaria de “todas as verificações”. A Organização Mundial de Saúde contabilizou 500 pessoas potencialmente afectadas com sintomas “consistentes com a exposição a químicos tóxicos” e, por isso, pediu a Damasco o acesso a inspectores. Uma possível entrada de inspectores pode demorar tempo, prevêem analistas internacionais, o que leva, de novo, ao exemplo do Iraque. Foram meses entre visitas de inspectores e relatórios inconclusivos até à invasão dos EUA.
INDÚSTRIA BÉLICA. Venda de armas e munições disparou, atingindo números só comparados aos anos anteriores a 1990. Principais beneficiários são os EUA e a Europa Ocidental, revela um estudo do Instituto Internacional da Pesquisa da Paz. Ano passado foi o mais rentável dos últimos cinco anos. O negócio de venda de armas ganhou dois elementos de peso nos últimos anos: os drones e os sistemas aeroespaciais. São eles que estão a contribuir para os elevados números que se registaram no ano passado, mas não chegam para explicar os recordes. Em 2017, a venda de armas, munições e tanques proporcionaram um aumento de 1,9% em relação a 2016 e mais 38% em relação a 2002. Já o ano anterior, 2016, tinha quebrado uma tendência de descida que se registava nos cinco anos anteriores. Dados do Instituto Internacional da Pesquisa da Paz (Sipri, sigla em inglês) indicam que foram vendidos mais de 374 biliões (10 vezes mais do que mil milhões) de dólares em armamentos e sistemas ligados a armas. Desde que há dados compilados, a partir de 1975, os EUA lideram a indústria e, nos últimos anos, não fugiram à regra. Ao contrário do que seria lógico, com o final da guerra fria, os norte-americanos aumentaram a produção de armas. Em 2016, registou-se um aumento superior a 4%. Nas duas últimas décadas, a indústria dos EUA tem sido impulsionada pelas intervenções e invasões ao exterior. Também dentro do país, houve um aumento significativo de venda de armas, na última década. Os EUA cumprem assim uma promessa de Donald Trump, o actual presidente, feita ainda em campanha eleitoral: “Vamos gastar o que for necessário para reconstruir as nossas forças armadas. Esse é o investimento mais barato que podemos fazer. Vamos desenvolver, construir e comprar os melhores equipamentos existentes. O nosso domínio militar deve ser inquestionável”. O grupo norte-americano Lockheed Martin continua a liderar no fabrico de armamento, especialmente graças aos novos modelos de ‘caças’ F-35 que foram comercializados para o Reino Unido, Itália e grande parte dos países membros da NATO. Entre os 100 maiores fabricantes, o grupo detém 10% do volume de vendas. De acordo com os dados da pesquisa sueca, na Europa, segundo maior fornecedor de armas, as posições começam a inverter-se. França e Itália baixaram o número de vendas, enquanto os britânicos e os alemães aumentaram os negócios. O ‘forte’ do Reino Unido são os sistemas aeoroespaciais, o da Alemanha são os blindados. Ásia ‘quente’ Fora do mundo Ocidental, a Coreia do Sul é o país que mais contribui para o crescimento de vendas de armas, graças, sobretudo, à tensão que se vive na zona com a vizinha Coreia do Norte. Nos últimos dois anos, os sul-coreanos produziram mais 22% de armamento. O Ministério da Defesa aumentou o seu orçamento, mas compra 90% dos produtos na indústria caseira. A China surge com apenas 5,6% no número de vendas, mas os pesquisadores admitem que há empresas chinesas a integrar o grupo das 20 fábricas mais rentáveis. Mas salvaguardam que os dados estatísticos são pouco confiáveis, devido à pouca informação disponibilizada. Tal como na Coreia do Norte, cujo reforço de capacidade militar tem sido testado com o lançamento de misseís, mas onde não existe informação fidedigna. Tal como nos anos anteriores, a venda de armas acompanha o preço de petróleo. Sempre que o petróleo cai, as vendas descem. Ao contrário dos anos antes do fim da guerra fria, a maioria das fábricas vende no próprio país, aos ministérios da Defesa, que, por sua vez, tratam de as exportar. Já são poucos os fabricantes que vendem directamente ao exterior.
FORTUNAS. São pastores que ganharam fama internacional, poder político e, sobretudo, muito poder financeiro. Graças às pregações, criaram fortunas incalculáveis e impérios que se estendem por vários países. Dos 20 mais ricos, sete são nigerianos. Maior fortuna obtida através da pregação está nas mãos do líder da IURD, Edir Macedo. Em quase todos, há denominadores comuns: gostam de viajar em jactos privados, têm adoração por carros de luxo, são apaixonados por televisão, são narcisistas e têm uma concepção muito especial da gestão de uma igreja. 1 Edir Macedo O senhor Record É o ‘imperador’ dos pastores evangélicos. Aos 73 anos, acumula uma fortuna de mais 993 milhões de euros. Fundou a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e é o dono da Record, a terceira maior cadeia de televisão do Brasil. Tem ainda metade do banco Renner. Só o seu avião privado está avaliado em 45 milhões de dólares. Já foi acusado, ao longo dos anos, de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e evasão de capitais. Começou por vender bilhetes de lotaria, num pequeno quiosque, e, em 1977, fundou a igreja que hoje tem mais de oito milhões de seguidores, 15 mil pastores em 105 países. É a 29.ª maior igreja no mundo. 2 Kenneth Copeland Com frota de aviões Escritor, orador, fundou os Ministérios Kenneth Copeland, uma organização cristã que funciona nos EUA e que já lhe permitiu acumular uma fortuna de cerca de 665 milhões de euros. Começou por ensinar a bíblia e depois a evangelizar na televisão. Hoje é dono da God Tv e da Daystar Television Network. Em 2010, promoveu uma campanha para o Haiti, mas ficou com o dinheiro. Aos 80 anos, tem cinco aviões privados, cada um avaliado em 17 milhões de dólares. 3 Pat Robertson Nos ‘diamantes de sangue’ Chegou a ser candidato às eleições nos EUA, dando corpo a um projecto político que o levou a criar a rede de televisão Christian Broadcasting Network. Antes, fundou o Clube 700, um programa de televisão suportado por 700 empresários. Entre os seus negócios, entra a exploração dos chamados ‘diamantes de sangue’, em minas na Libéria e defendeu Charles Taylor, quando este foi acusado de crimes contra a humanidade. Foi advogado e, aos 87 anos, tem uma fortuna avaliada em 425 milhões de euros. 4 George Foreman Boxe no púlpito Aos 28 anos, converteu-se ao cristianismo, abandonando o boxe. Ao contrário de outros pastores, já chegou rico à profissão e tem distribuído parte da fortuna, avaliada em 220 milhões de euros, pelos mais pobres em Houston, nos EUA. Gosta de ser tratado por empresário, apesar de ter criado uma igreja. Divide o seu tempo a pregar e a promover churrasqueiras eléctricas portáteis. 5 David Oyedepo A maior igreja É o pastor mais rico de África, com uma fortuna de 150 milhões de euros. Construiu uma das maiores igrejas do mundo, na Nigéria, que é a sede do Santuário da Fé, a congregação que ele próprio fundou, ocupando mais de 40 quilómetros quadrados perto da capital, Lagos, a que ele chamou Canaanland. O local tem capacidade para acolher 50 mil pessoas sentadas. A igreja tem fiéis em 45 países africanos e ainda nos EUA e no Reino Unido. Arquitecto de profissão, converteu-se ao cristianismo por outro pastor milionário, Kenneth Copeland. 6 Enoch Adeboye Graças à política Formou-se em matemática aplicada, mas foi com outros números que construiu uma fortuna de 120 milhões de euros. Chegou a ser considerado, pela revista Newsweek, uma das 50 pessoas mais influentes do mundo, devido às suas ligações com a política, não só na Nigéria, mas na Europa e nos EUA. É professor universitário e lidera a Igreja Cristá Resgatada. 7 Ayodele Oritsejafor Da banca aos jornais Os seus negócios não se ficam pela Igreja da Bíblia Palavra da Vida. Estendem-se à banca, imóveis, transportes e média. Gere uma fortuna de 102 milhões de euros que o ajuda a manter um canal de televisão visto em 75 países, em África, Ásia e Europa. Já foi classificado como terrorista, por dirigir a organização cristã ‘Homens novos’, e hoje lidera a associação cristã, na Nigéria.
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