O ex-ministro da Educação e antigo prefeito de São Paulo Fernando Haddad, anunciado na terça-feira candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) às eleições do Brasil, é um intelectual que tem a difícil tarefa de ganhar a presidência do país.
Haddad nasceu em São Paulo há 55 anos. Em 1983, filiou-se ao PT.
Licenciado em Direito na Universidade de São Paulo, fez depois um mestrado em Economia e um doutoramento em Filosofia, tendo ficado a dar aulas como professor de Ciência Política nesta instituição de ensino superior.
Em 2001, Fernando Haddad foi nomeado subsecretário das Finanças e Desenvolvimento Económico de São Paulo, sob chefia de Marta Suplicy, cargo que ocupou até 2003.
Neste ano foi chamado para trabalhar em Brasília como assessor especial do Ministério do Planeamento e Finanças. Um ano depois, começou a ganhar protagonismo político quando, sob o governo de Lula da Silva, aceitou o convite do então ministro da Educação, Tarso Genro, e assumiu o cargo de secretário-executivo da pasta.
Em 2005, Haddad assumiu o Ministério da Educação, ficando neste cargo até 2012, já no governo de Dilma Rousseff. Então, deixou o lugar para disputar as eleições municipais de São Paulo, que ganhou.
Quatro anos depois não conseguiu o mesmo feito, perdendo, na primeira volta, para João Doria, que se candidatou pelo Partido da Social Democracia Brasileira. Filho de libaneses que emigraram para o Brasil, Haddad assume como ter como grande influência o avô, Cury Habib Haddad, que morreu dois anos antes do seu nascimento.
Cury Habib ficou famoso na luta no Líbano contra o domínio francês, após a I Guerra Mundial, segundo relata o jornal Estado de São Paulo. Intelectual, pensador e académico, o candidato presidencial do PT foi descrito por Juan Arias, escritor e correspondente do El País no Rio de Janeiro, como muito diferente de Lula da Silva.
O nome de Haddad já vinha a ser avançado há meses como possível substituto de Lula da Silva como candidato do PT às eleições presidenciais de 7 de Outubro.
E, como Lula da Silva, também Fernando Haddad não escapou à nuvem de corrupção. No início deste mês, o ex-governante foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e associação criminosa a propósito de uma investigação que envolve a UTC Engenharia, empresa de construção envolvida na operação ‘Lava Jato’.
Impedido pelo Tribunal Superior Eleitoral de se candidatar ao sufrágio de 7 de Outubro, o ex-presidente brasileiro Lula da Silva renunciou à candidatura, que entregou a Haddad.
A candidatura do ex-presidente do Brasil, que cumpre na prisão uma pena de 12 anos e um mês por corrupção, foi registada pelo PT e depois vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral, com base na lei que proíbe alguém condenado em duas instâncias de concorrer a qualquer cargo eleitoral.
Lula da Silva foi condenado em duas instâncias judiciais, num processo em que foi acusado de ter recebido um apartamento de luxo na cidade do Guarujá da construtora OAS, em troca de favorecer contratos da empresa com a estatal petrolífera Petrobras.
“A Sonangol competia só com as empresas estrangeiras. Agora está a competir...