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Valor Económico

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AUTOMÓVEL. Depois das 44 mil unidades registadas, em 2014, concessionárias nunca mais viram aumento nas vendas. Perspectivam inverter o quadro este ano. Em 2018, venderam 3.146 unidades.

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As associadas da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transporte Rodoviário e Outros (Acetro) venderam, no ano passado, 3.146 viaturas, registando um recuo de 26,8%, face a 2017, período em que comercializaram 4.298 unidades. Se se comparar a 2014, o melhor ano das vendas das concessionárias, a queda é de 92,9%.

Com estes números, mantém-se a tendência decrescente das vendas desde 2015, altura em que se registou uma redução de 53,7%, ao passarem de 44.536 unidades, em 2014, para 20.584. O quadro espelha as dificuldades das empresas para contornar a crise económica. Por exemplo, 13 das 24 empresas que compõem a Acetro não venderam uma única unidade ao longo do ano.

O presidente da associação, Nuno Borges, atribuí a queda “ao grande atraso que houve nos pagamentos a fornecedores por falta de divisas”, bem como “à forte queda da procura nos últimos dois anos por falta de liquidez das empresas, além da queda do poder de compra no geral” e à “enorme queda da actividade económica no geral”.

Nuno Borges espera que, em 2019, o mercado inicie, “mesmo que de forma tímida”, alguma recuperação. “A nossa expectativa é que as vendas cresçam cerca de 10%. Claro que este crescimento parte de uma base bastante baixa e, portanto, em unidades será um crescimento relativamente pequeno. 2020 será um ano de uma certa estabilidade e crescimento mais significativos na expectativa de uma maior recuperação económica, por via do investimento público e crescimento do investimento privado nacional e estrangeiro”, prevê o presidente da Acetro.

As concessionárias e representantes oficiais representam pouco menos de 30% do mercado de importação e venda de automóveis. Segundo membros da associação, uma das principais dificuldades é a concorrência do mercado paralelo e do próprio Estado. “Quando, num país, o paralelo é cerca de 75% do oficial não é preciso dizer mais nada”, argumentou recentemente ao VALOR o empresário Jaime Freitas, que tem interesses na Cosal, representante oficial da Hyundai, marca que, durante anos, liderou as vendas. A Hyundai aparece agora na terceira posição com a comercialização de apenas 329 viaturas.

Os camiões da Volkswagen lideraram as vendas com 628 unidades, seguindo-se a Suzuki com 598. A Toyota, que por várias ocasiões, também já liderou as vendas, foi a oitava marca mais vendida em 2018 com 148 unidades, depois da Kia (230), Fiat (227) e Renault (226).

ACÇÕES. Companhia pretende angariar fundos para “fins operativos gerais”. Com 824 lojas próprias e com os seus produtos a serem comercializados em mais de 50 mil lojas espalhadas pelo mundo, eleita “vestimenta do séc. XX” teve um lucro líquido de 283 milhões de dólares em 2018.

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A Levi’s lança IPO em Nova York e espera 800 milhões ACÇÕES. Companhia pretende angariar fundos para “fins operativos gerais”. Com 824 lojas próprias e com os seus produtos a serem comercializados em mais de 50 mil lojas espalhadas pelo mundo, eleita “vestimenta do séc. XX” teve um lucro líquido de 283 milhões de dólares em 2018. Levi Strauss, dona da Levi’s, entrou na última quarta-feira (13) com um pedido de oferta pública inicial (Initial Public Offering, IPO, em inglês) na Bolsa de Nova York.

A empresa planeia listar as suas acções ordinárias classe A na Bolsa como LEVI. Além disso, ela terá uma estrutura accionista de duas classes, tendo os descendentes da família que dá nome à marca um poder de voto considerável.

Segundo a SEC (Security and Exchange Comission), o órgão regulador da bolsa americana, a companhia registou que pretende levantar 100 milhões de dólares com a operação. O valor, no entanto, é geralmente tido como referência para estimar taxas de inscrição e poderá ser alterado posteriormente.

Contudo, o valor que a Levi Strauss realmente espera está entre os 600 e 800 milhões de dólares, de acordo com a CNBC, canal norte-americano dedicado a notícias de negócios. A empresa justificou que pretende usar os recursos levantados na abertura de capital para “fins operativos gerais”, incluindo capital de giro, gastos operacionais e despesas de capital.

De acordo com o documento de registo da IPO, a companhia vê oportunidades para expandir a sua presença em mercados emergentes, como China, Índia e Brasil. Uma parte dos recursos poderia também ser destinada a aquisições de outras operações estratégicas, mas a companhia garante que não tem planos no momento para isso.

Pessoas familiarizadas com a oferta acreditam que a Levi’s vai tentar convencer os potenciais compradores da IPO que tem uma estratégia de inovação e pode ganhar terreno no comércio electrónico.

A empresa esteve à beira da falência em 2003, prejudicada por elevadas dívidas e queda nas vendas. No entanto, sob o comando de Bergh, ex-executivo da Procter & Gamble Co. que se juntou à fábrica de jeans em 2011, o cenário mudou.

A Levi’s registou uma receita de 5,58 mil milhões de dólares em 2018, um crescimento de 14% em relação ao ano anterior. O seu lucro líquido foi de 283 milhões, com uma leve alta de 0,6%. No período, a empresa contabilizou 824 lojas e cerca de 500 unidades dentro de outras retalhistas. Os produtos da marca, no entanto, são vendidos em mais de 50 mil lojas pelo mundo.

A Levi’s foi eleita a “vestimenta do século XX” pela revista norte-americana Time. Criada em meados do século 19, atravessou mais de 150 anos de moda e chegou ao século 21 como ítem de luxo, com as já famosas colecções de jeans Premium.

A história da marca Levi´s começou em 1847. Loeb Strauss, judeu, nascido na Bavária, Alemanha, aos 18 anos foi para Nova York, onde já viviam os seus irmãos mais velhos.

Na cidade, trabalhou como vendedor ambulante, profissão que aprendeu com os irmãos e que era comum entre os judeus no século 19. Vendia botões, linhas, tecidos, tesouras e outros objectos. Em 1850, na Califórnia, em suas viagens à região das minas, Levi oferecia os seus tecidos de sarja para fabricar tendas. Um dia, um mineiro disse-lhe que não precisava de tendas, mas de uma calça resistente que não rasgasse facilmente. Antevendo uma oportunidade, Levi tirou as medidas do homem e prometeu fazer-lhe rapidamente as calças, sob medida.

Encontrou então um alfaiate em uma cidade próxima e encomendou um par de calças com o seu brim, que usava para fabricar as tendas. Mandou colocar bolsos fundos nas calças para guardar as pepitas e as ferramentas.

O resultado foi a primeira “ideia” do que se tornaria a calça jeans. Pela vestimenta, Levi ganhou seis dólares em ouro. Logo a notícia se espalhou pelas minas, virando uma verdadeira febre.

Levi e seus cunhados começam a manufacturar as primeiras calças jeans do mundo, em brim índigo, que logo se tornariam famosas. O negócio cresceu e Levi fundou a Levi Strauss & Co., em Nova York.

Quando faleceu, em 1902, aos 73 anos, a cidade de São Francisco declarou feriado comercial para que os grandes negociantes pudessem ir a seu enterro. Strauss foi sepultado no cemitério judaico de Colma, ao sul de São Francisco.

JULGAMENTO. José Arsénio Manuel vai processar dois dos arguidos do caso denominado ‘burla tailandesa’. General garante ter agido pelo interesse da cooperativa militar. Os agora réus prometeram pagar a dívida pública em troca de concessões mineiras.

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O general José Arsénio Manuel, presidente do conselho de administração da cooperativa Njango Yetu, afecta às Forças Armadas Angolanas (FAA), garantiu ter apresentado uma queixa-crime junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC) contra a empresária Celeste de Brito e o tailandês Raveeroj Ritchteanam, por se considerar “vítima” deste projecto de suposta burla ao Estado no valor de 50 mil milhões de dólares. A revelação foi feita perante o colectivo de juízes, que está a julgar o caso conhecido por ‘burla tailandesa’.

Durante a audiência, a semana passada, o oficial superior das FAA acusou Celeste de Brito e Raveeroj Ritchteanam de serem os principais promotores do processo em Angola.

José Arsénio Manuel revelou que teve um primeiro contacto com o caso a partir do momento em que tomou conhecimento da carta de chamada de um grupo de empresários tailandeses.

O general não soube precisar o conteúdo completo da suposta missiva, mas afirmou que, a determinada altura, Celeste de Brito e Raveeroj Ritchteanam “entraram em rota de colisão”.

O colectivo de juízes questionou, também, o réu se era normal o general Afonso Lopes Teixeira, na qualidade de assessor e colaborador da cooperativa, endereçar uma carta ao Presidente da República para interceder pelo projecto, respondendo que o seu assessor “o fêz por interesse da própria cooperativa”.

O general confirmou, por outro lado, que, além da UTIP, ele e o réu Raveeroj Ritchteanam, figura principal neste processo, participaram num encontro em que estiveram presentes o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, o ministro das Finanças, Archer Mangueira, e o actual ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu. Afirmou que, nesse encontro, “bastante curto”, os ministros questionaram apenas se o projecto teria custos para o Estado.

A alegada tentativa de burla de 50 mil milhões de dólares ao Estado começou, segundo a acusação, a 27 de Novembro de 2017, quando chegou a Angola um grupo de 10 pessoas, do qual faziam parte os agora quatro arguidos tailandeses e mais outros três nacionais da Tailândia, que não foram detidos por já não se encontrarem em Angola. A delegação era ainda composta pelo canadiano Pierre Rene Tchio Noukekan e pelo japonês Miyazaki Yasuo, também ausentes do país.

O deputado e ex-governador de Luanda, Higino Carneiro deve ser presente hoje, 12, na Direcção Nacional de Acção Penal da Procruradoria Geral da República (DNIAP) para prestar declarações sobre suposta má gestão.