V E

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Das várias marcas que se vão conhecendo no estilo de governação de João Lourenço, há três aparentemente estáveis. O Presidente da República é um homem que diz o que pensa, ainda que as suas certezas contradigam os factos e desafiem, nos seus limites, o discernimento de qualquer animal racional médio. Preciosidades como a “fome relativa” em Angola ou como a nomeação de mulheres “desde que trabalhassem bem” não são acidentes de acasos. Por muito que custe, são reveladoras das convicções de um homem alheado das próprias contradições.

É uma afirmação garantidamente consensual. Seja quais forem os argumentos que a suportem, uma guerra é sempre uma guerra; uma guerra é a legitimação da barbárie, por isso deve ser contestada. Todavia, a obrigação moral de condenação de uma guerra não pode levar à omissão colectiva do raciocínio sobre as suas causas de fundo. Afinal, tal como também é lugar-comum afirmar-se, a guerra é genericamente consequência do falhanço da política. Mais ao detalhe, é o desprezo da humanidade e o fracasso da inteligência; é o triunfo do egoísmo e da arrogância.