BATOTAS DE CAMPANHA
O apito soou agora oficialmente no Cuando-Cubango. A campanha eleitoral do MPLA, que, em certa medida, nunca parou, foi lançada na última semana com a apresentação da sua agenda política. Foi um lançamento com estrondo que visou, antes de mais, abalar a concorrência. João Lourenço usou o momento para, enquanto presidente do MPLA, comunicar o aumento do salário mínimo e o ajustamento dos ordenados da função pública. O anúncio posterior da fixação do aumento num limite máximo de 50% deve levar, entretanto, o trovão do Cuando-Cubango a fazer algum ricochete. Dizem os sindicalistas das associações mais expressivas que, na verdade, foram pegos de surpresa. Nas declarações prestadas ao Valor Económico, garantem que o Governo anunciou os aumentos sem fechar as negociações que conduzia com os sindicatos. É como se o Governo lhes tivesse feito uma ultrapassagem pela direita, como se diz por cá na gíria dos automobilistas. Ou, conforme slogan adoptado pelo próprio MPLA, os sindicatos ‘só assustaram já está’. O problema para o poder é que os sindicalistas prometem dar luta e recusam peremptoriamente a oferta de 50%, quando têm na manga uma contraproposta acima dos 360%.
AFINAL NÃO ERA UM MILAGRE, ERA UMA TRAGÉDIA