Amélia Santos

Amélia Santos

MODA. Beatriz Franck lançou uma nova marca de roupas e loja ‘BeatrizFranck’. Há 17 anos, em Cabinda, criou a boutique Bibi. É também fundadora da revista angolana ‘Super Fashion’ e garante emprego a mais de 50 pessoas. Apela à diferenciação e tratamento para quem é empresário, empreendedor ou candongueiro. Não se identifica com as alas feministas, mas defende que as mulheres podem sempre fazer tão bem, igual ou melhor do que os homens.

 

MÚSICA. Yannick Afroman lança o 3.º álbum de originais ‘Outros Mundos’ a 23 de Dezembro. Garante que o que canta está “distante de criar distúrbios, mas sim de ajudar a construir uma Angola melhor”. Aconselha a juventude a cantar com mensagens mais construtivas em vez de só promover festas e roupas.

 

MÚSICA. Nas vésperas de lançar o primeiro álbum ‘Entrega Total’, Helga Fêty projecta criar um lar infantil, para formação de crianças nos mais variados ramos das ciências. Em 2016, viu-se envolvida num caso de burla, com oficiais do exército, sobre um terreno, que garante ser seu. Alerta que seja valorizada a cultura nacional. Além de cantora, é actriz com participações em novelas, como ‘Reviravolta’, ‘Caminhos Cruzados’ e ‘Vidas Ocultas’.

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Mais do que preparar o primeiro álbum, em que trabalhos esteve envolvida?

Depois de quase 20 anos de tanta luta, consegui fechar o primeiro álbum de originais. Se tudo der certo, ainda este ano, fazemos o lançamento do álbum ‘Entrega Total’. Lancei apenas um ‘single’ especial solidário, com três faixas que troquei por alimentos não perecíveis, material didáctico e brinquedos a favor do hospital ‘David Bernardino’ e do Lar infantil Horizonte Azul. Trabalho há 12 anos para o Estado angolano como ‘Analista de Sistemas e Administradora de Base de Dados’.

Ausentou-se por questões de saúde…

Estive ausente por conta de um acidente que resultou numa fractura, tive de ser submetida a duas intervenções cirúrgicas à minha perna esquerda para recuperar e tive de fazer muita fisioterapia e ainda faço.

As músicas têm preservado a cultura nacional?

Sinto que também está em crise e precisamos urgentemente de mudar o quadro, porque, se não valorizarmos mais os nossos fazedores de cultura e se não dermos mais dignidade, corremos o risco de os perder. Temos de admitir a importância de todos os profissionais no desenvolvimento do nosso país e a cultura potencializa o turismo e a nossa economia com a industrialização do entretenimento e serve de cartão-postal de uma nação.

Toda a música valoriza a cultura? E de que forma deve contribuir para a valorização da cultura?

Procurar composições com temas mais assertivos e dentro da nossa realidade cultural, a arte é livre, mas, se o fizermos sempre com um sentimento de cidadania, podemos aproveitar para dar voz às questões sociais através da nossa arte assim como faziam os N’gola Ritmos e outras referências importantes da nossa cultura.

Há preferidos ou cada um deve conquistar o seu público com trabalho e talento?

Temos de respeitar o tempo de todos e conquistar de forma honesta e com trabalho o nosso lugar. Não basta talento. É preciso ter muito trabalho, foco, fé, humildade e dignidade.

Todos os dias há relatos de violações a menores. De que forma os artistas podem intervir?

Usar as nossa imagem para sensibilizar e passar mensagens assertivas.

Os jovens mostram uma conduta menos boa. O que deve ser feito?

Melhorar as condições do povo, diminuir as assimetrias sociais que aumentam o analfabetismo, a prostituição, o uso de estupefacientes e álcool, a proliferação de DTS e de outros transtornos psicológicos na nossa população, etc.

Há alguns meses esteve envolvida num caso de ocupação de terrenos ilegais, no caso, de um terreno. Como ficou a situação?

Levei a tribunal, estou no terceiro advogado e, mesmo assim, o processo não andou, fui chamada depois de dois anos e, até então, parece ter sido arquivado ou esquecido apesar da minha constante busca pela justiça. Tenho noção de que é um caso muito comum em Angola, pessoas usarem o poder que têm para intimidar e usurpar o bem do próximo.

Como está a sua agenda, para os casos de solidariedade?

Anualmente, fazemos o natal solidário com a comunidade do Kikuxi, semestralmente recolho com a família e amigos donativos para as comunidades do Huambo, Bengo, entre outras. Sou madrinha do lar de acolhimento infantil ‘Horizonte Azul’ e, quando posso, abraço causas de filantropia a favor de outros lares e do hospital pediátrico de Luanda ‘David Bernardino’. Entreguei tudo o que foi arrecadado com o single especial solidário do qual saíram os temas ‘Maravilhoso’, ‘Porquê que acabou’ e ‘C’est mói’.

É de uma família das artistas Selda e da Eva Rap Diva. Que outros artistas há na família e de onde vem a inspiração?

A Selda é minha prima por parte do pai dela e do meu, a Eva é prima da Selda por parte da mãe dela, mas sentimo-nos todas primas e tenho um grande orgulho nelas pelo seu percurso. O meu avô e o meu tio Neco gostavam de tocar guitarra, tenho quatro tios arquitectos e desenham muito bem. O meu pai é escritor, sinto que isso e ter sido colocada muito nova pelos meus pais a fazer ballet, canto e teatro, de certa forma, influenciaram-me, embora sinta que sempre tive tendência para as artes e muito cedo já dizia que seria artista.

Ainda veremos a Helga na dramaturgia nacional?

Representarei apenas nos meus vídeos ou em projectos de pouca duração como filmes, peças teatrais. Assumi muitos compromissos e ainda tenho o meu lado familiar tenho de me dividir e ainda reservar tempo de qualidade para a família.

Perfil

Helga Fêty (Helga Gomes), de 35 anos, natural do Huambo, casada e com três filhos, tem gravado o single ‘Especial Solidário’ e está a programar o lançamento do álbum ‘Entrega Total’, para Dezembro. Tenciona internacionalizar a carreira e ter o um Lar Infantil, que permita formar crianças nos ramos que se maior urgência como a Medicina, Pedagogia, Agronomia, Veterinária, Construção Civil, Artes, Tecnologia e Gestão. Participou em várias novelas angolanas como ‘Reviravolta’, ‘Caminhos Cruzados’ e ‘Vidas Ocultas’.