Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende depois de uma semana em que entre nós os tópicos de discussão andaram muito em torno da alegada fraude num concurso de miss(nem esses estão a salvo da fraude), isto depois de uma luta ‘irreverente’ de kuduristas na TV - atestado da importância da escolaridade e da educação – tudo isto depois de semanas em torno da discussão primeiro sobre a inexistência, e depois sobre a nota no canudo de engenheiro do líder da oposição...

Esta semana a capa do Valor Económico dava destaque ao travão que a ministra das finanças terá posto, segundo fontes oficiosas do jornal, à compra de dois prédios no valor de 114 milhões de dólares para alojar um dos apêndices do Ministério dos Transportes.

 

Esta semana o Presidente da República encheu as manchetes da media com uma conferência de imprensa para 12 meios de comunicação convidados e em que ao seu estilo muito ‘gestor de quinta ou de quintal’ lembrou a máxima da sua governação: “era preciso acabar com a festa” - referindo-se directamente, várias vezes, à ‘festa’ de Isabel dos Santos a quem o pai atribuía contratos milionários num passado que o presidente vingador, esquecendo o perfil de reconciliador que lhe valeu uma condecoração recente, quis reafirmar que mudou radicalmente.

Seja bem-vindo querido leitor, ao espaço em que perguntar não ofende, depois de uma semana em que a guerra na Ucrânia contou 100 dias, em que a Rainha de Inglaterra celebrou 70 anos no trono, em que nos EUA um homem chateado com o médico que o operou, comprou duas armas e foi à clínica matá-lo, mantando um outro médico e mais duas pessoas com quem se cruzou na clinica e que entendeu matar também, (isto remetendo ao tema do comércio de armas da semana passada)...

 

No fim de mais uma semana de mortes sem qualquer sentido nos EUA, desta feita de crianças, noutra escola, vítimas de uma situação de impasse político que se mantém há décadas, massacre após massacre porque o lobby das armas é muito forte e continua a justificar a venda de armas de guerra a qualquer maior de 18, voltamos a ter a imagem grotesca da sobreposição dos interesses económicos às políticas de protecção civil.