Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Na semana que passou, o Orçamento Geral de Estado (OGE) foi aprovado sem qualquer surpresa por causa da maioria absoluta do partido que governa e que pode sempre passar qualquer coisa (mesmo que sem sentido) desde que venha de quem manda. Mas, sobre o OGE, valeram as questões levantadas pelo deputado da Casa-CE Leonel Gomes, que fazem um bom resumo das que pairam entre governados quando apontam para a “frustração de 47 anos deste exercício de aprovação do orçamento” que pouco ou nada serve efectivamente os interesses da nação. “47 anos é demajéééé” – dizia o deputado, que perguntava também o que foi feito da Califórnia prometida, lembrando que o documento ora aprovado segue, como em anos anteriores, cheio de despesas não especificadas “que vão servir para encher as panças insaciáveis porque os vícios continuam os mesmos”.

Seja bem-vindo, querido leitor, a este seu espaço onde convém lembrar: perguntar não ofende – depois de uma semana em que a actualidade foi marcada a ferros quentes, como se marca o gado, pelo congresso dos ‘Camaradas’. Marcada a ferros quentes porque quem quer que tenha decidido pela exagerada cobertura mediática do congresso pelos mesmos meios de comunicação públicos que ignoraram completamente a realização do congresso do maior partido na oposição uns dias antes, trata o público definitivamente como o seu rebanho, o seu gado pessoal e irracional.

Seja bem-vindo, querido leitor, a este seu espaço onde perguntar não ofende em mais uma semana com a actualidade mundial a ser marcada por um novo pânico-covid, desta vez com a variante Ómicrom, que gerou, a par de quedas das bolsas mundiais, a reacção preventiva mas irracional do fecho de fronteiras aos países da Africa Austral.

Numa semana em que a actualidade foi marcada pela aprovação da lei eleitoral que havia sido rejeitada, mas que parece que era só ‘jajão’ e era mesmo para aprovar, continuámos a assistir ao jogo de xadrez que, resta saber, se não é de “nível kilobyte que não vale a pena ser dirigente” como diz o bispo de Cabinda, que não só também marcou a actualidade da semana que passou, mas incendiou as redes sociais com as suas reflexões acerca das “cabeças de pobre a que devemos a nossa desgraça”.

Numa semana em que África se aproxima dos oito milhões de recuperados do covid-19 apesar de um aumento de 3% nos contágios, e enquanto a Europa mergulha em quartas e quintas vagas que colocam o velho continente no epicentro da pandemia com um aumento de infecções de 8%, notícias a marcar a actualidade entre nós foram os anúncios animados das Finanças. O Governo pagou e vai continuar a pagar salários em atraso; o Governo promete um aumento salarial na função pública; o Governo vai implementar um conjunto de medidas de natureza fiscal flexíveis “que visam conceder alívio económico às empresas e às famílias”. A ministra acrescentou ainda que o programa de investimentos públicos vai absorver, no próximo ano, mais quase 350 mil milhões de kwanzas em grandes projectos do sector como hospitais, transportes, estradas, centralidades, energia e água...Tão bonito... tão benevolente, tão esforçado e preocupado com o cidadão e as famílias se tornou ultimamente o Governo. Porque será, querido leitor? Estas promessas, juntando à febre das inaugurações e cortes de fita que já começam a infectar os nossos governantes (na semana que passou correram fotos de uma inauguração de uma estrada de terra batida e esta semana correm outras de uma ponte já com aspecto de ferrugem), cheira a eleições, não cheira?