Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico

Esta foi uma semana em que foi impossível escapar à guerra na Ucrânia, às histórias das vidas destruídas, do sofrimento das famílias separadas, das crianças postas em transportes aos prantos para longe dos pais que temem pela sua segurança, dos soldados russos em lágrimas por não quererem lutar contra os irmãos ucranianos, muitos com familiares dos dois lados das fronteiras, dos russos maltratados porque do dia para a noite são, independentemente da sua opinião sobre a guerra ou sobre o governo, o alvo da fúria mundial. Foi impossível escapar ao espectro da terceira guerra mundial às ameaças surdas e mudas do uso de armas químicas com consequências difíceis de prever para a humanidade, à dúvida sobre os dois pesos e duas medidas usadas em diferentes guerras que, apesar de terem os mesmos resultados – devastação e morte –, recebem tratamentos e atenções tão diferenciadas de acordo com interesses velados. Foi impossível escapar ao medo, ao bullying de discursos que se fundamentalizam, a pressões para cedência a manipulações e à desinformação que faz duvidar de tudo quanto se lê e se ouve vindo dos dois lados que esgrimem argumentos como se a guerra pudesse algum dia ser ganha como um jogo de futebol.

A actualidade desta semana foi marcada pelo que o presidente russo Vladimir Putin explicou como “intervenção para a defesa da integridade do território russo dos avanços sistemáticos da NATO”- o mesmo que o ocidente, inspirado pela narrativa dos EUA, classificaram como ‘indiscutível e insana invasão a um país soberano’... Como as narrativas diferem consoante as perspectivas e como é fácil extremar posições que se apressam a expressar apoios a uma ou a outra parte como se de contenda futebolística se pudesse tratar uma guerra que mata e separa famílias (geralmente as mais vulneráveis), e que não pode ser ganha por só se traduzir em perdas para todos.

 

Na semana que passou, decorreu a Cimeira União Europeia e União Africana em Bruxelas, que contou com a presença de mais de 40 líderes dos dois continentes, e, quem foi desta vez ‘ao passeio’em representação de Angola foi o vice-Presidente da República, Bornito de Sousa (o que esperemos que tenha tornado a viagem bem mais barata para os cofres públicos do que se fosse o chefe com toda a ‘entourage’ que tende a segui-lo aonde vai).

A semana que passou terminou com a actualidade mundial marcada por uma série de eventos que, de alguma forma, convergem para as tecnologias e para a sua dualidade intrínseca no sentido em que, se, por um lado, permitem aumentar a quantidade de informação exponencialmente com todas as implicações positivas que esse aumento tem para a qualidade de vida humana, certamente, por outro, a dependência humana nessas tecnologias se revela frequentemente problemática.

09 Feb. 2022

E agora pergunto eu

Numa semana em que me calharam mil perguntas em torno da tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau porque o meu sobrenome é o mesmo do presidente daquele país, (não conheço o presidente que poderá ser ou não família, perdi o meu pai muito cedo e com ele o contacto com a família paterna), coincidentemente também a família materna, de sangue mucubal, fez marca na actualidade depois de circular bastante um vídeo feito no Virei, precisamente o município onde nasceu a minha mãe. No vídeo, uma Sra. com a cara do Presidente da República esticada na barriga dizia que ‘representava uma nova direcção que queria ter proximidade com as populações e entender os seus problemas’. Antes tarde que nunca... mesmo que, depois de quatro anos, e a meses de eleições – política a quanto obrigas...