XAVIER CULANDI, ESPECIALISTA EM LOGÍSTICA E CADEIA DE ABASTECIMENTO

“Com uma logística funcional, é possível baixar até 40% o custo de uma operação”

03 Jul. 2025 Grande Entrevista

Autor do livro ‘Cadeia de abastecimento e o seu contributo no desenvolvimento de Angola’ defende que a logística registou uma evolução assinalável nos últimos 20 anos.  Propõe incentivos ao pequeno produtor e aponta as estradas como um dos principais problemas da cadeia de abastecimento do país.

“Com uma logística funcional, é possível baixar até 40% o custo de uma operação”
Santos Samuesseca

Como avalia a evolução da logística e da cadeia de abastecimento em Angola?

Sinto-me satisfeito, porquanto observei a evolução do campo logístico desde 2005, quando comecei no sector de óleo e gás, onde o desembaraço aduaneiro de uma carga levava semanas. Era um processo muito fraco, com a inexistência de processos, muito burocrático e roubos frequentes. Faltava também capacitação das pessoas. Eu, por exemplo, caí de paraquedas na logística. Não havia institutos, cursos. Mas, com o tempo, com as novas tecnologias, com presença de multinacionais no país, foi surgindo a necessidade de se profissionalizar o profissional de logística. Quer dizer, todo o ecossistema empresarial e, principalmente, o Governo precisou dotar as alfândegas de uma modalidade, não vou dizer invejável, mas à altura dos desafios que o país precisa, com padrões mundialmente aceites, porque há um leque de multinacionais, das maiores que existem no mundo, a trabalhar em Angola. Conseguimos tramitar processos complexos com um tempo minimamente razoável, entre 24 e 28 horas. Houve evolução, houve um investimento a nível tecnológico, a alfândega modernizou-se bastante, a AGT modernizou-se bastante. Nós, os usuários dos sistemas, capacitamo-nos, fomos buscar conhecimento. Portanto, se compararmos os 20 anos que ficaram e os dias de hoje, houve essa evolução da cadeia de abastecimento 


Quais foram os maiores desafios durante esses 20 anos? 

Um dos maiores desafios é a nossa rede de circulação. É muito fácil falar da cadeia de abastecimento a nível de Luanda, mas, à medida que vamos saindo de Luanda, indo mais para o interior, aumenta o nível de complexidade. E, com isso, os produtos importados ficam mais caros, porque as estradas não estão em condições, porque há um conjunto de serviços que deveriam estar disponíveis a nível do país e ainda não estão. Estamos num bom caminho, tanto é que hoje a cadeia de abastecimento ou logística, se quiser, está em alta. Há muita busca de conhecimento, o que é cadeia de investimento, o que é logística, o que eles fazem. Houve uma evolução muito significativa a nível sistémico, a nível de processos, a nível de ‘compliance’. 

E a nível técnico? 

A nível técnico também, porque se formaram pessoas. Logística não é só, como falamos há pouco, o motorista.

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