Isabel Dinis

Isabel Dinis

Defende o cadastramento das terras agrícolas para que sejam melhor aproveitadas pelos camponeses, que devem ter uma garantia de acesso ao crédito bancário. Albano Lussati, presidente da Confederação das associações de cooperativas agro-pecuárias (Unaca), insiste no papel das ‘escolas do campo’ para ensinar as melhores técnicas de cultivo para a obtenção de boas safras, mas admite que uma produção de escala que seja competitiva só pode acontecer com uma séria aposta na investigação científica para evitar a importação de sementes melhoradas e equipamentos.

 

AGRONEGÓCIO. Ministério previa adquirir animais no exterior para repovoar a região norte, permitindo o uso do Matadouro da Camabatela. Projecto custou mais de 13 milhões de dólares e está quase ao abandono. Entidade gestora entende que, sem animais, nada pode ser feito.

 

Lello Francisco, antigo chefe de Departamento de Análises e Avaliação de Projectos da extinta Unidade Técnica de Investimento Privado (UTIP), afirmou, na semana passada, ter havido “alguma falta de prudência” da parte da instituição, na avaliação dos investidores tailandeses alegadamente detentores dos 50 mil milhões de dólares usados como isco para burlar o Estado. “A UTIP devia, previamente, avaliar a idoneidade dos investidores antes de dar qualquer passo”, afirmou Lello Francisco, durante a sessão de audição de declarantes pela Câmara Criminal do Tribunal Supremo, no julgamento do caso ‘Burla Tailandesa’.

 

Jurista e professor universitário avisa que “o combate à corrupção está a perder o norte”, por estar “focado nas pessoas e não na reposição do património do Estado”. Albano Pedro manifesta-se contra as prisões “selectivas” e o encerramento de empresas, alertando para possíveis convulsões sociais. Ataca a PGR, acusando-a de violar a lei e permitir o branqueamento de capitais, pela forma como age. E não tem dúvidas de que, pela forma como está a ser feita a luta contra a corrupção, João Lourenço arrisca-se a responder em tribunal, mesmo que seja “como declarante”.

 

MOBILIDADE. Luanda precisa de 1.800 autocarros em circulação, mas tem apenas 213. Em breve, abre um concurso público para fazer entrar novas operadoras de transportes.

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O Governo Provincial de Luanda (GPL) está a terminar os termos de referência para abertura de concursos públicos para a entrada de novas operadoras de transportes públicos urbanos de passageiros. A medida faz parte dos planos de âmbito central do Executivo, mas com incidência local. Amadeu Campos, director do gabinete provincial dos Transportes, Trânsito e Mobilidade Urbana, exemplifica com a Angoreal, uma operadora que já tem transportes urbanos há muitos anos, mas que não faz parte das empresas operacionais.

Actualmente, a província tem cinco operadoras de transporte de passageiros, uma pública e as restantes privadas, que não têm conseguido cobrir as necessidades reais dos utentes, ficando apenas nos 15%.

Dados do GPL determinam que a capital necessita de, pelo menos, 1.800 autocarros em circulação. A frota actual funciona com apenas 213 veículos para dar vazão ao problema de mobilidade de pessoas e bens.

A idade média da frota em circulação é de cinco anos, mas existem empresas que funcionam com autocarros desde 2008, como é o caso da Tura.

As empresas enfrentam diversas dificuldades, como a falta de divisas para importação de peças sobressalentes, tarifas que não são actualizadas há 13 anos, mau estado das vias secundárias e terciárias, carência de infra-estruturas e evasão de receitas por parte dos motoristas e cobradores. Para resolver essa última problemática, o GPL estuda a possibilidade de implementar bilheteiras electrónicas integradas.

Os estudos, elaborados em 2015 pelo Plano Director Geral de Luanda (PDGL), indicam que Luanda precisa de criar 105 linhas de autocarros, numa extensão total de 3.309 quilómetros.

Sonho do Monocarril

Dentro dos planos centrais com incidência local do Governo, ainda continua a constar a criação de um sistema de transporte público de monocarril para Luanda.

A intenção, não sendo nova, ganhou corpo com a assinatura de um despacho presidencial em meados do ano passado que prevê concessionar o projecto.

O despacho autoriza a abertura de um concurso público para adjudicação da iniciativa que envolveria a concessão, construção e exploração do Monocarril. Em simultâneo, foi criada uma comissão de avaliação para este concurso, presidida pelo director-geral do Instituto Nacional dos Caminhos de Ferro, Ottoniel Manuel. No documento, não foi avançado o valor do projecto nem a área de cobertura.

Siemens Mobility apresenta soluções para Luanda

A Siemens Mobility pretende construir um metro de última geração para Luanda, alimentado a baterias eléctricas, capaz de transportar cerca de 3.600 passageiros numa só viagem. A solução foi apresentada durante a 1.ª Conferência Internacional de Mobilidade, organizada pelo Ministério dos transportes.

A proposta, presentada por Michael Peter, CEO Mundial da Siemens Mobility, apresenta várias soluções para melhorar a mobilidade em Angola. Para o caso específico de Luanda, a empresa propõe um metro de superfície, denominado ‘Avenio’, que pode ser construído com pouca infra-estrutura, que se integra nas áreas mais emblemáticas da cidade.

Michel Peter lembrou que “as cidades precisam de encontrar uma maneira de lidar com a crescente procura de transporte e gerenciar activamente o sistema de mobilidade”, um desafio que “só pode ser alcançado por meio de um ecossistema de mobilidade todo eléctrico, conectado e intermodal”.

Sem avançar números de possíveis custos, a empresa garante que, caso as autoridades de Angola adoptem a solução, esta pode ser implementada em três anos, sendo que os custos dependem, em parte, da extensão de linha que se pretende, bem como de outros aspectos técnicos.

Até 2018, a multinacional detinha encomendas de 11 mil milhões de euros, enquanto as receitas se quedavam nos oito mil milhões, em negócios ligados à gestão da mobilidade, fabrico de material circulante e serviços.

A Siemens Mobility é uma divisão da alemã Siemens. Antes da reestruturação, a Siemens Transportation Systems era a divisão operacional mais próxima da Siemens. Está presente em Angola desde os anos de 1970, fundamentalmente na indústria, energia, infra-estruturas e prestação de serviços.

Em 2010, a Siemens Angola passou a ser uma companhia regional em África. A Siemens AG decidiu constituir-se de pleno direito em Angola, sendo agora uma região independente do ‘cluster’ sul-africano onde se inseria.

Por: Valdimiro Dias