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FINANCIAMENTO. Lisboa e Luanda assinam um acordo de cooperação virado para a protecção ambiental. Portugal dá o dinheiro e aguarda por projectos ligados à formação, gestão de resíduos e valorização do território.

A retirada das economias avançadas na chamada economia global - e, no caso do Reino Unido, dos acordos comerciais regionais - tem recebido muita atenção, num momento em que as estruturas da economia global estão sob tensão. E isso pode ter consequências a longo prazo.

Seja por escolha ou por necessidade, a grande maioria das economias faz parte de um sistema multilateral que dá aos homólogos do mundo avançado - especialmente dos EUA e da Europa - enormes privilégios.

Entre eles, destacam-se três. Primeiro, porque ao emitirem as principais moedas de reserva, as economias avançadas conseguem trocar pedaços de papel que imprimem por bens e serviços produzidos por outros. Em segundo lugar, para a maioria dos investidores globais, as obrigações destas economias são uma componente quase automática de dotações, pelo que os défices orçamentais dos seus governos são financiados, em parte, pela poupança de outros países.

A vantagem final das economias avançadas é o poder de voto e a representação. Possuem poder de veto e formas de bloqueio nas instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial), o que lhes dá uma influência desproporcional nas regras e práticas que governam o sistema económico e monetário internacional. E, dado o seu domínio histórico sobre estas organizações, os seus nacionais têm, de facto, garantidas posições de topo.

Esses privilégios não vêm de graça - pelo menos não deveriam. Em troca, as economias avançadas devem cumprir determinadas responsabilidades que ajudam a garantir o funcionamento e a estabilidade do sistema. Mas os recentes desenvolvimentos têm lançado dúvidas sobre se essas economias avançadas são capazes de manter essas responsabilidades.

Talvez o exemplo mais óbvio seja a crise financeira global de 2008. A excessiva assumpção de riscos e a regulação negligente das economias avançadas interromperam o comércio global, colocaram milhões para o desemprego e quase atiraram o mundo para uma depressão plurianual.

Mas houve outros lapsos. Por exemplo, os obstáculos políticos à formulação de políticas económicas abrangentes em muitas economias avançadas prejudicaram a implementação de reformas estruturais e políticas fiscais responsáveis nos últimos anos, impedindo o investimento empresarial, prejudicando o aumento da produtividade, agravando a desigualdade e ameaçando o futuro crescimento potencial.

Esses lapsos económicos contribuíram para a emergência de movimentos políticos ‘anti-establishment’ que procuram mudar - ou já estão a mudar - as relações comerciais transfronteiras estabelecidas há muito tempo, incluindo as da União Europeia e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA) .

Entretanto, uma dependência excessiva da política monetária, incluindo a participação directa dos bancos centrais no mercado, distorceu os preços dos activos e contribuiu para uma má atribuição dos recursos. E as economias avançadas - particularmente a Europa - mostraram pouco apetite para reformar elementos desactualizados de governação e de representação nas instituições financeiras internacionais, apesar das grandes mudanças na economia global.

O resultado de tudo isto é um sistema multilateral que é menos eficaz, menos colaboradora, menos confiável e mais vulnerável a ajustes ‘ad hoc’. Neste contexto, não deve ser surpreendente que a globalização e a regionalização já não justifiquem a dimensão do apoio que tiveram. Alguns movimentos políticos ascendentes, de ambos os lados do Atlântico, condenam esses conceitos e ganham mais apoio para as suas causas.

Ainda não está claro se este é um fenómeno temporário e reversível ou o início de um desafio prolongado ao funcionamento da economia global. O que está claro é que afecta relações mais importantes.

A primeira é entre pequenas e grandes economias. Durante muito tempo, economias pequenas, bem geridas e abertas, foram as principais beneficiárias do sistema de Bretton Woods e, mais geralmente, do multilateralismo. O tamanho delas não só atraiu mercados externos, mas também fez com que outros actores do mercado estivessem mais dispostos a integrá-las em pactos regionais, devido ao seu limitado potencial. A adesão a instituições internacionais eficazes levou esses países a discussões sobre políticas globais, enquanto as próprias capacidades lhes permitiram explorar oportunidades nas cadeias de produção e no consumo transfronteiriço.

Mas, numa época de crescente nacionalismo, essas economias pequenas e abertas, por mais bem administradas que sejam, provavelmente vão sofrer. As suas relações comerciais são menos estáveis; os pactos comerciais são vulneráveis; e sua participação em discussões políticas globais está menos assegurada.

A segunda relação é entre as instituições de Bretton Woods e os arranjos institucionais paralelos. Embora tenham um significado pessimista para o Banco Mundial, por exemplo, as instituições lideradas pela China provaram serem atraentes para cada vez mais um número crescente de países.

A maioria dos aliados dos EUA juntou-se às infra-estruturas de investimento asiático, apesar da oposição norte-americana. Da mesma forma, os acordos bilaterais de pagamento - que, há pouco tempo, a maioria dos países se opunha através do FMI, devido à sua inconsistência com o multilateralismo - estão a proliferar. A preocupação é que essas abordagens alternativas poderiam prejudicar, e não reforçar, um sistema previsível e benéfico de interacções transfronteiriças, baseado em regras.

As organizações de Bretton Woods, instituídas após a II Guerra Mundial para manter a estabilidade, correm o risco de perder influência. Os países com o poder de as reforçar parecem não querer, nesta fase, prosseguir corajosamente com reformas necessárias. Se essas tendências continuarem, os países em desenvolvimento provavelmente vão sofrer mais; Mas não estão sozinhos. A curto prazo, a economia mundial poderá enfrentar um crescimento económico mais lento e o risco de ter uma maior instabilidade financeira. A longo prazo, deverá enfrentar a ameaça de uma fragmentação sistémica e de proliferação das guerras comerciais.

 

Conselheiro económico-chefe da Allianz, ex-presidente do Conselho de Desenvolvimento Global de Barack Obama, nomeado um dos 100 melhores pensadores globais da Política Externa.

Falar do mercado segurador em Angola é referir-se aos seguros num mercado emergente que verdadeiramente só começou em 2005 com a Liberalização do Sector Segurador. Estamos num mercado que ainda contribui pouco para o PIB (menos de 1%), que precisa de ser mais bem melhor divulgado, na sociedade em geral, e na escola, em particular (estamos a falar da literacia financeira), que precisa de aumentar as suas competências e nível de tecnicidade das suas operações (mais e melhores recursos). Afinal, uma seguradora é uma entidade financeira em quem particulares e empresas confiam, ao transferirem os seus riscos (quer particulares, quer empresariais) e garantam a sua evolução em segurança.

Sendo um sector jovem, é naturalmente um sector em progressão, mas dadas as suas fundações ainda recentes, foi um sector muito impactado em 2016 pelo actual momento da economia. O negócio segurador é hoje, em Angola, um negócio fundamentalmente ligado aos ramos não-vida, quer seja ao nível dos patrimónios (empresas, habitação, bens móveis como o automóvel), das responsabilidades ou dos acidentes (acidentes de trabalho que, seguindo o que se passa noutros mercados, está integrado no sector segurador). Em momento de retracção da economia, verifica-se uma correlação directa com esta e há menos negócio neste tipo de seguros, pois há menos obras, menos projectos, menos dinheiro injectado na economia. Foi o que se passou em 2016. Não tenho números do mercado de 2016 mas, certamente, tirando o caso dos seguros de saúde, que está a passar por uma fase de grande expansão (e onde os custos também estão a crescer muito), a generalidade dos ramos não -vida não cresceu. Por outro lado, o ramo vida ainda é pouco expressivo no sector segurador angolano, não existindo soluções de reforma e capitalização a ser comercializadas no mercado. A expansão do ramo vida é muito importante, pois trabalha muito o longo prazo e é, nos mercados maduros, o melhor contribuidor para o financiamento da economia.

Mas voltemos a 2016. Apesar da retracção, houve evolução positiva dos segmentos de retalho e do ramo automóvel em particular. Sendo o ramo automóvel um ramo obrigatório ele terá naturalmente, a par de outros ramos obrigatórios, como o ramo acidentes de trabalho, uma evolução significativa nos próximos anos. 2016 marca também o registo de 24 seguradoras no mercado, ainda nem todas a operar. A concorrência e a competição são bem-vindas, mas é necessário que estas seguradoras estejam todas dotadas de competências e recursos que lhe permitam operar eficazmente. Falar em competências é falar em recursos humanos preparados e formados, mas também é falar em know how que um mercado como o nosso precisa de reforçar. E é aqui que grupos internacionais, como o Grupo SAHAM, que se assume como um grupo pan-africano, que está presente em 26 países com mais de 30 companhias de seguros pode acrescentar valor. Temos a experiência de mercados pan-africanos e, mais do que isso, temos e queremos estar mais e melhor em Angola. Para o Grupo SAHAM, Angola é um mercado onde queremos crescer e desenvolver mais o nosso negócio. Temos o ‘know how’, o conhecimento do mercado, a penetração no terreno que 12 anos de experiência nos transmitem (começámos como GA Angola Seguros, em 2005), temos, enfim ,ingredientes que podem ajudar a nossa expansão e ajudar no crescimento do mercado.

Mas o desenvolvimento do mercado não se faz somente de seguradoras, faz-se também de canais de distribuição. Nos mercados mais maduros, já só se fala em canais digitais. Em Angola, terão certamente o seu lugar, até porque a utilização dos telemóveis é muito significativa e o futuro do digital (também nos seguros) passa (só) por este canal. O que eu estou a falar é de algo mais básico, de agentes de seguros, em particular, para vender seguros individuais, que levem o seguro automóvel (hoje obrigatório) ao ponto mais longínquo, mais distante, onde as seguradoras naturalmente não podem chegar. É imprescindível darmos este passo e a SAHAM está a posicionar-se nele. Por outro lado, os seguros de saúde estão a ter uma grande progressão em Angola. As seguradoras que melhor souberem posicionar-se nesta área de negócio serão as vencedoras. Não se trata somente de ter canais de distribuição bons e eficazes na divulgação e venda destes produtos. Trata-se de ter produtos com futuro, adaptados às realidades de Angola e, fundamentalmente, sustentáveis (sendo o seguro de saúde um produto de elevado nível de consumo, não será possível por muito mais tempo manter soluções e coberturas no mercado angolano sem a existência de co-pagamentos, até porque não são economicamente viáveis). Por isso é importante ter soluções de seguros em que a cadeia de valor, por questões de custos e eficiência do negócio, esteja assegurada. Por isso, seguradores com ‘know how’ internacional podem ser aqui uma peça importante. É o caso do Grupo SAHAM que possui um TPA (Third Party Administrator) experiente, a operar em vários países de África – no nosso caso a MCI Care – que faz a gestão da nossa relação com as Clínicas e Hospitais e já hoje a operar em Angola.

Outras áreas de desenvolvimento do sector segurador em Angola são claramente os seguros multiriscos habitação (MRH) e os seguros de acidentes de trabalho para empregadas domésticas, procurando responder aos novos desafios que as centralidades colocam (MRH) e à crescente consciência de responsabilidade social que as políticas públicas incorporam.

Por último, gostaria de referir de este é um sector onde as empresas têm que estar capitalizadas. Sendo a SAHAM Angola Seguros uma das 32 Companhias de Seguros do Grupo SAHAM, é a segunda companhia do grupo em dimensão de negócio. Acreditamos muito em Angola e no seu potencial. Prova disso é um aumento de capital que faremos proximamente (2,519 biliões de kwanzas) e que tornará a SAHAM Angola Seguros uma das companhias mais bem capitalizadas do mercado segurador angolano e apta para responder aos desafios de desenvolvimento deste grande País.

O Ministério da Construção consigna hoje quatro obras de grande dimensão para reabilitação e construção de estradas em Luanda, três das quais a realizar por empresas de origem portuguesa e avaliadas em 264 milhões de euros.