Valdimiro Dias

Valdimiro Dias

INVESTIMENTOS. Empresário sul-africano veio a Angola explorar novas oportunidades. Já fez investimentos na exploração de diamantes, mas quer alargar os negócios e está também com olhos nos petróleos.

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O empresário e político sul-africano Tokio Sexwale pretende expandir os investimentos em Angola nas áreas dos diamantes, mais concretamente nas concessões de Fucauma e Laurica, na Lunda-Norte.

Recebido em Luanda, na semana passada, pelo ex-Presidente da República e líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, Sexwale manifestou também interesse em explorar outras oportunidades, incluindo nos petróleos.

Considerando a presença do seu grupo em Angola como “estratégica”, o empresário notou que a mesma vai ao encontro da relação bilateral estratégica pretendida por João Lourenço e Cyril Ramaphosa.

No encontro de cortesia com José Eduardo dos Santos, Tokyo Sexwale abordou “assuntos da actualidade e de interesse para Angola e para a África do Sul”, além de “beber um pouco da experiência da Fundação Eduardo dos Santos (FESA)”, como referiu à saída da audiência. A mesma onde manifestou a vontade da Fundação Nelson Mandela em fortalecer as relações já existentes com a FESA. Além do encontro com o líder do MPLA, empresário sul-africano estabeleceu vários contactos com entidades governamentais, com o objectivo de partilhar os seus projectos.

Tokyo Sexwale é o segundo maior investidor diamantífero da África do Sul, depois da De Beers. Os seus interesses financeiros e empresariais estão reunidos na African Global Capital (um fundo de investimento) e na Mvelaphanda Holding, onde ocupa o lugar de presidente não-executivo, e estão dispersos por diversas empresas e países.

A Mvelaphanda Holding, através das subsidiárias, trabalha na mineração e na comercialização de metais do grupo da platina, nas tecnologias de informação e soluções de processo para a administração de controlo de tráfego.

Na África do Sul, Tokyo Sexwale não escapa às polémicas lançadas pela comunicação social sobre a riqueza acumulada, sendo frequentemente questionada a transparência de alguns dos seus investimentos. Vários artigos, em jornais sul-africanos, alegam que o empresário utilizou a sua posição enquanto governante para aceder a “chorudas oportunidades”.

Tokyo Sexwale, de 65 anos, foi activista anti-‘apartheid’ e preso político da célebre cadeia de Robben Island, onde permaneceu 13 anos, ao lado de Nelson Mandela. Após as eleições de 1994, as primeiras totalmente democráticas na África do Sul, tornou-se o primeiro-ministro da província de Gauteng. De 2009 a 2013, foi ministro de Assentamentos Humanos.

PREÇOS. Malanje, Bengo e Cunene registaram os aumentos mais significativos, ao contrário de Kuando Kubango, Namibe e Cabinda em que os preços subiram menos de 1%.

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Puxada pelos custos da alimentação e bebidas, a inflação medida pelo Índice de Preços no Consumidor (IPC) registou um aumento de 1,23% em Julho. Em termos homólogos, o país registou, no mês passado, uma inflação de 19,01%, a mais baixa desde 2015. Já a taxa mensal atingiu 1,25%, a segunda mais reduzida em 2018, conforme revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Malanje com 3,11%, Bengo (1,89%), Cunene (1,75%) e Uíge (1,58%) destacaram-se no aumento dos preços em Julho, enquanto os mais baixos ocorreram na Lunda-Sul (0,76%), Kuando Kubango (0,81%), Namibe e Cabinda (ambos com 0,88%).

Segundo o INE, a taxa de inflação foi influenciada pela classe ‘alimentação e bebidas não alcoólicas’ com 0,53 pontos percentuais, seguida do ‘vestuário e calçado’, com 0,17 pontos percentuais, ‘bens e serviços diversos’ com 0,15 pontos percentuais e ‘mobiliário, equipamento doméstico e manutenção’ com 0,10 pontos percentuais.

No caso de Luanda, o nível geral do IPC registou uma variação de 1,23% em Julho, influenciado pelo aumento de 2,06% no ‘vestuário e calçado’. Ainda em Luanda, destacaram-se também aumentos dos preços nas classes lazer, recreação e cultura (1,5%), bens e serviços diversos e mobiliário, equipamento doméstico e manutenção, ambos com 1,42%. A variação homóloga na capital do país situou-se em 19,51%, menos 9,50 p.p. que em igual período do ano passado.

...E NO GROSSISTA

O INE analisa igualmente o Índice de Preços Grossista, de Julho, avançando que este registou um ligeiro aumento de 1,34%, com os produtos importados a destacarem-se ao contribuírem com 1,03 p.p., ou seja, 77%, enquanto os produtos nacionais avançaram 0,30 p.p., o que corresponde a 23% da inflação global.

Segundo a mesma fonte, os preços dos produtos nacionais a grosso subiram devido à evolução registada nos sectores da agricultura, produção animal, caça e silvicultura, que cresceram 1,62%.

Os produtos que tiveram maior variação de preços neste grupo foram o tomate (6,77%), abacaxi (6,56%), ovos (5,62%), manga (4,43%) batata doce (4,13%), batata rena (3,84%), maçã (2,78%), pimento (2,68%), gado bovino (2,50%) e limão (1,81).

Os preços dos produtos importados também tiveram aumentos influenciados pela variação verificada nos sectores da agricultura, produção animal, caça e silvicultura. Os produtos que mais aumentaram de preço foram o alho (3,41%), cenoura (2,63%), limão (2,48%), maçã (2,38%), cebola (2,08%), feijão castanho (1,85%) e milho em grão e tomate (ambos com 1,65%).

PETRÓLEOS. Empresa garante ter condições para transportar combustível e sugere exclusividade ao comboio para cargas acima dos 100 quilómetros.

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Os Caminhos-de-Ferro de Moçâmedes (CFM) pretendem recuperar o transporte de combustível para a região sul de Angola, como acontecia no passado até à paralisação ferroviária, devido à guerra. A intenção foi manifestada pelo Administrador financeiro da empresa pública, António Conceição, em declarações exclusivas ao VALOR.

A conclusão do Relatório do Plano de Desenvolvimento Nacional do sector Petrolífero conclui que o transporte de combustíveis, por via ferroviária, ainda é incipiente e inferior a 10% e, por isso, recomenda uma maior utilização das instalações no Lobito e um aumento da capacidade do terminal do Namibe.

Os caminhos-de-ferro já foram transportadores exclusivos dos derivados de petróleo. Mas a paralisação das três linhas obrigou a Sonangol a assumir essa responsabilidade, por via rodoviária, suportando os custos.

Os CMF sentem-se agora em “condições de resgatar o transporte exclusivo de combustível”, mas António Conceição alerta que é “desejável estabelecerem-se regras em que os caminhos-de-ferro fiquem com as rotas de longo curso e a camionagem com o de médio”. Para os CMF, o transporte de combustível para as grandes cidades deve ser feito pela via ferroviária e, para intermunicipalidade, via terrestre. “Conforme está padronizado nalguns países”, o transporte acima dos 100 quilómetros pertence aos caminhos-de-ferro, ao passo que quantidades abaixo é por via rodoviária.

António Conceição recomenda também que se dispensem os camiões do terminal oceânico do Namibe, onde o comboio abastece, colocando-os apenas nas centrais logísticas para levar aos postos de abastecimento estabelecendo uma relação tipo grossista/retalhista.

Solicitações irregulares

Os CFM têm um acordo com a Sonangol para o transporte com uma frequência semanal de 670 metros cúbicos de gasóleo para o Namibe, Huila e Kuando-Kubango, mas as solicitações da empresa petrolífera não têm sido regulares, sendo que a gasolina é ainda transportada por via rodoviária.

“Em 2014, a Sonangol inspeccionou e certificou as cisternas de gasóleo e deixou para a rodovia o transporte de gasolina, agora esperamos que faça o mesmo processo para o transporte de gasolina, visto que possuimos capacidades ilimitadas e estamos à vontade para responder à procura dos nossos serviços pela Sonangol”, garante António Conceição.

O director das CFM afirma que a que a Sonangol “tem tido problemas de armazenamento no Lubango e “ainda não criou as condições no Kuando-Kubango, visto que o transporte de gasóleo é feito apenas para o Namibe e Lubango”.

A administração da Sonangol está a considerar atrasar a alienação da Sonair, por problemas técnicos ligados à frota de helicópteros, antecipou ao VALOR fonte da empresa que aponta, na base da decisão, o risco de depreciação do preço de venda.

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A venda da Sonair consta do ‘plano de regeneração’ anunciado pela Sonangol, mas a frota de helicópteros do tipo Super Puma (H225 e L2), que representa mais de 60% dos helicopteros da aviadora, “apresenta problemas estruturais insanáveis”, detectados após o acidente em Abril de 2016, na Noruega, e que resultou na paragem mundial (‘grounding’) das aeronaves deste tipo.

A paragem afectou, sobretudo, a capacidade da Sonair de prestar serviços de Asa Rotativa (helicóptero) às petrolíferas, que dependiam deste meio para o transporte de tripulações para as plataformas offshore.

“Se vendermos hoje, vai ser a um ‘preço de ginguba’. A Sonair tem um tipo de helicóptero (que é a maior frota da companhia) que infelizmente é problemático. Depois do acidente, decidiu ficar em terra. Houve um trabalho por parte do fabricante, e que recentemente chegou a conclusão de que o problema é mesmo de estrutrural, que não há como reparar este problema”, insitiu a fonte, detalhando os constrangimentos por que passa a aviadora da Sonangol.

Outro factor que concorre para o adiamento da venda está ligado ao facto de a Sonangol e as companhias de aviação luxemburguesa, Helicónia, e a canadiana CHC, terem assinado, a 1 de Agosto, o memorando de entendimento para a regeneração da Sonair.

O memorando compreende duas fases. A primeira abarca a avaliação interna completa da Sonair em termos de organização, processos e sistemas, enquanto a segunda poderá, após análise, ditar a formação de um consórcio entre aquelas empresas estrangeiras e a companhia de aviação da Sonangol, visando fundamentalmente o relançamento das suas actividades.

A Sonair é uma empresa de aviação detida pela petrolífera estatal, possui 50 aeronaves, 27 das quais fazem parte da Asa Rotativa – os helicópteros. Os restantes 23 são aviões, que, anualmente, transportam uma média de 20 mil passageiros.

CENTRALIDADES. Empresa propôs medidas ao Governo para conter a dívida e o aumento de clientes que não pagam prestações mensais.

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Cerca de 64% dos moradores de todas as centralidades geridas pela Imogestin não cumprem com os pagamentos mensais. A revelação, em exclusivo, é de Mário Guerra, porta-voz da empresa, que assinala, entretanto, um recuo na dívida dos clientes na ordem dos 47%, saindo dos 6,8 para os 3,6 mil milhões de kwanzas em 2017.

Sem avançar os números consolidados do primeiro semestre deste ano por “estarem a ser compilados”, Mário Guerra adiantou que a Imogestin já propôs medidas ao Governo, com o objectivo de conter o aumento da dívida. Mas, enquanto as medidas não chegam, o responsável lembra que, pelo incumprimento, a penalidade máxima é a rescisão do contrato e o despejo.

A anterior gestão das centralidades, a Sonip, já recorreu a essas medidas, mas as notificações aos clientes faziam apenas parte de uma estratégia de sensibilização para os pagamentos. Mário Guerra alerta, no entanto, que essa forma “não vai continuar eternamente”.

A 7 de Agosto, a empresa notificou todos os clientes faltosos no Kilamba para regularizarem as prestações, evitando “graves penalizações contratuais”.

Comentando a justificação da crise várias vezes evocada por moradores para explicar os incumprimentos, Guerra admite que a conjuntura pode ter influenciado, mas “não na íntegra”, lembrando que “houve uma redução das prestações mensais”.

Na gestão da Sonip, havia quem pagasse prestações anuais, indexadas ao dólar, ao câmbio da banca, que ultrapassavam os 10 mil dólares.

O valor médio das prestações no Kilamba e Sequele, as zonas mais ocupadas, varia entre os 38 e os 41 mil kwanzas mensais, o que Mário Guerra considera “preços razoáveis”.

Na retoma das vendas, a Imogestin prevê destinar as futuras habitações para trabalhadores da função pública e das empresas instituídas para as vendas dirigidas, previamente seleccionadas.

A ministra do Ordenamento do Território e Habitação, Ana Paula Carvalho, anunciou, na semana passada, a venda de 2.627 casas na centralidade do Zango 8000, 336 no Zango Zero e mais 348 no Km 44.

A Imogestin foi indicada para proceder à gestão e vendas de habitações em alguns projectos habitacionais do Estado, através do Decreto Presidencial nº 329/14 de 29 de Dezembro.