ANGOLA GROWING
Valdimiro Dias

Valdimiro Dias

RESULTADOS. Maior parte das vendas é feita na rede de lojas, o que impulsiona a fabricante a aumentar o número de estabelecimentos. Exportação é dos caminhos para enfrentar a falta de divisas.

Tintas CIN

A facturação das Tintas CIN Angola deve crescer 20% para os 30 milhões de dólares em 2018, mantendo o desempenho positivo já contabilizado em 2017, depois de um registo abaixo dos 20 milhões de dólares, no exercício anterior.

As previsões para as receitas deste ano são suportadas pelo desempenho do primeiro trimestre que, face ao período homólogo, demonstra “uma recuperação da quebra do mercado e consequentemente da produção”, como explica Jorge Araújo, administrador e director-geral da empresa.

O gestor aponta a crise de divisas como o principal constrangimento à aquisição de matéria-prima e adianta que, com a quebra da construção civil, os compradores particulares passaram a representar 80% do volume de vendas.

Com cerca de 50% da quota do mercado e com a perspectiva de abertura de mais duas lojas até ao fim do ano, em Luanda, a empresa já avalia a possibilidade de entrar no circuito da exportação, elegendo os vizinhos Namíbia, República Democrática do Congo e a Zâmbia como alvos prioritáriso, abrindo caminho para contornar as dificuldades de acesso às divisas.

“Nunca foi o foco da empresa, mas os últimos três anos estão a ser de muito aprendizado. Tivemos de cortar ‘gorduras’ a nível de pessoas e estruturas, mas, com a retoma, já podemos pensar na internacionalização para zona da SADC”, calcula Jorge Araújo.

O objectivo de exportação, segundo o gestor, coloca sobre a mesa a possibilidade de construção de uma fábrica em Luanda, juntando-se à única que existe há 50 anos em Benguela e que conta com 120 trabalhadores. A fábrica de Benguela tem uma capacidade de produção de 12 mil toneladas por ano, mas explora apenas 25% do seu potencial, correspondendo a 250 toneladas por mês.

IMOBILIÁRIO. Regulador impôs a alteração da matriz do contrato de venda de fracções autónomas do hotel inserido na urbanização do Grupo Boavida. Empresa diz ter cumprido exigências e declara-se preparada para recomeçar as vendas.

Grupo Boavida

O grupo Boavida já procedeu às adequações jurídicas para poder vender fracções imobiliárias autónomas ligadas à sua unidade hoteleira em construção.

A venda foi suspensa em Março pela Comissão de Mercados e Capitais, que condicionou o levantamento da interdição ao registo da actividade e respectivos produtos junto daquela entidade e ao cumprimento de outros pressupostos legais que visam a protecção do investidor.

No arranque do processo de entrega de casas da Urbanização Boavida, na semana passada, Tomasz Dowbor, presidente do conselho de administração (PCA) do grupo, garantiu que “a principal mudança imposta está relacionada com o nome do contrato, que não pode ser tipificado de compra e venda”, mas sim “contrato de investimento”.

Até à decisão da CMC, o projecto imobiliário esteve a comercializar contratos de investimento em fracções imobiliárias autónomas, destinadas exclusivamente à exploração hoteleira, oferecendo um retorno para o investidor, além de um direito de participação no investimento e uma remuneração periódica resultante da exploração.

O gestor declarou, no entanto, compreender a decisão da CMC por se estar perante um “produto novo” em Angola e que despertou a atenção das instituições. “Nunca tiveram experiência de lidar com este formato”, declarou Dowbor, indicando que, “feitas as adequações exigidas, a comercialização dos quartos do hotel que está em construção é para ser mantida”, pelo que agora aguarda pelo pronunciamento da CMC.

Tomasz Dowbor referiu que o modelo não foi inventado pelo grupo mas que apenas “adaptou o que deu certo lá fora”, citando o Dubai, Singapura e Nova Iorque como exemplos. A urbanização foi concebida para albergar 700 casas de diversas tipologias.

Numa primeira fase, estão previstas 350. À medida que ficarem prontos, os imóveis vão sendo entregues aos proprietários e a expectativa do grupo é que a meta seja alcançada até ao primeiro mês de 2019. A Urbanização Boavida é um empreendimento orçamentado em 500 milhões de dólares, sendo que o grupo conta também investir na agricultura, pecuária, hotelaria e turismo, além do comércio, mineração e educação.

DIEXIMTAAG vai ficar com aviões da Air Connection A transportadora aérea nacional, TAAG, foi autorizada pelo Governo a negociar com a Bombardier a aquisição dos seis aviões do tipo DH8-Q400, aparelhos que inicialmente estavam destinados ao extinto consórcio público-privado que iria assegurar os voos domésticos em Angola.

A decisão está expressa num comunicado de imprensa divulgado pelo Ministério dos Transportes, na semana passada, que sublinha a defesa da “lei, o interesse público e salvaguarda do interesse nacional”. Em Maio, a Air Connection Express assinou um contrato com a canadiana Bombardier, para o fornecimento de seis aviões do tipo Q400, numa parceria público-privada avaliada em 143 milhões de dólares.

O financiamento estava a ser assegurado por um sindicato bancário, liderado pelo BNI com os bancos de Desenvolvimento Afrexim, do Egipto, e o EDC - Export Development Canada, com 90% do capital para a aquisição das aeronaves.

O negócio foi abortado por decisão de João Lourenço e o Ministério dos Transportes decidiu extinguir a Comissão Técnica. De acordo com o porta-voz da TAAG, Carlos Vicente, “com a inexistência do consórcio, tudo reverte para a companhia”.

Além disso, acredita que vai significar um avanço na redução dos custos operacionais. As rotas domésticas são asseguradas pela TAAG, que opera com aviões do tipo Boeing que não estão dimensionados a operar em rotas curtas, o que torna mais onerosa a operação.

O presidente do conselho de administração da TAAG, João Kovingua, admite aplicar um conjunto de medidas, com destaque para a redução dos custos operacionais, apontando a necessidade de tornar os serviços prestados pela companhia mais atractivos, principalmente no mercado regional, procurando transportar o maior número de passageiros nas rotas intercontinentais, com destaque para Portugal e Brasil.

José Kovingua assume ter um elevado número de trabalhadores, admitindo “ajustar a força de trabalho às necessidades reais da companhia”, sem, contudo, falar em despedimentos. Dos mais de três mil trabalhadores, cerca de 1.500 vão passar à reforma.

MINERAIS. Produção artesanal teve melhor desempenho, mesmo não atingindo a meta. Receitas do sector industrial 28% abaixo do esperado.

Informal Diamante

As metas do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018-2022, referentes à exploração de recursos minerais, prevêem um aumento da contribuição deste sector na economia nacional, com a projecção do relançamento de vários projectos.

O plano foi desenhado para inverter a lógica da produção de recursos minerais, actualmente concentrada nos petróleos e diamantes, objectivo que o Governo estima alcançar com uma série de programas. No subsector dos diamantes, os indicadores projectam um aumento gradual da produção anualmente, a partir de 2018, estando previsto um crescimento dos 9,048 milhões de quilates para os 13,833 milhões de quilates em 2022.

O programa estima que o sector venha a receber investimentos acima dos milhares de dólares, prevendo-se que o maior ‘bolo’ seja destinado à exploração em quimberlito com dois mil milhões de dólares, enquanto, em aluviões, os investimentos deverão reclamar perto dos 48 milhões de dólares. Relativamente às rochas ornamentais, espera-se que a produção atinja 104611 mil metros cúbicos.

O aumento da produção deve ocorrer gradualmente todos os anos, sobretudo na Huíla, Namibe e Kwanza-Sul.

Ouro para este ano Ferro para 2019

Das metas do Governo consta também o relançamento da exploração do ouro a partir deste ano, estimando-se uma produção de 4719 milhares de onças finas. Em 2019, duplicar-se-ia a produção para 8981 milhares de onças, sendo que o auge está previsto para 2022, com a produção de 25630 milhares. A exploração deve acontecer na Huíla e em Cabinda onde “há investimentos significativos”.

Quanto ao mineiro de ferro, a exploração deve acontecer a partir de 2019, na Huíla e no Kwanza-Norte, com a produção inicial de 451 milhares de toneladas até 2022, ano em que deve atingir o máximo de 1790 milhares de toneladas.

Para a implementação do PDN com sucesso, o Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos tem, como desafios, o relançamento da prospecção geológica, actualização de informações geológicas e mineiras, o aumento do conhecimento do potencial minério, a mobilização de investimentos e a diversificação da produção mineira.

Entra também nas contas, “a aplicação de um quadro legal, fiscal e aduaneiro atraente”, concorrendo para “a criação de um ambiente propício e oportunidades de negócios”. Entre os riscos que podem comprometer o programa, o Ministério tem o registo de factores naturais na zona de implementação dos projectos, a variação do mercado de diamantes, a crise no mercado imobiliário, o acesso às divisas, bem como a falta de fontes de energia.

A escassez de combustível, a falta de recursos financeiros e as questões ambientais incompatíveis com a extracção de recursos são mencionados também entre as ameaças.

PETRÓLEO. Em resposta à solicitação da petrolífera nacional, a Chevron garante que “continua a optimizar os activos e recursos existentes e a investir nas operações de base”. Exxon assegura ter novos investimentos.

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A petrolífera norte-americana Chevron está a avaliar “cuidadosamente” as mudanças da nova legislação do sector petrolífero para compreender o impacto nos investimentos actuais e futuros.

A companhia respondeu ao VALOR sobre os planos que tem para responder positivamente ao desafio lançado pela Sonangol no sentido de as petrolíferas trabalharem para se inverter a tendência decrescente da produção. “A Chevron continua a optimizar os activos e recursos existentes e a segurança dos equipamentos e a investir nas operações de base para impedir o declínio natural da produção dos campos mais maduros”, esclareceu a companhia.

Detentora de um portfólio diverso em Angola, que inclui exploração, desenvolvimento e produção de petróleo bruto e gás natural liquefeito, a Chevron salienta que uma das estratégias passa por orientar as acções para produzir os melhores resultados na indústria, bem como atingir um valor superior para os accionistas em qualquer ambiente empresarial.

O último investimento anunciado pela petrolífera norte-americana em Angola foi no valor de mil milhões de dólares numa linha de conexão, no Soyo, para fornecer gás ao projecto Angola LNG.

A Chevron detém participações em três concessões: Bloco 0, situado no ‘offshore’ de Cabinda; Bloco 14, em águas profundas, e a área ‘onshore’ Fina Sonangol Texaco (FST). Participa também na Angola LNG Limited, localizada no Soyo, com uma capacidade de processamento na ordem dos 1,1 mil milhões de pés cúbicos de gás natural por dia.

EXXON COM NOVOS INVESTIMENTOS

Por seu turno, a também norte-americana Exxon Mobile salienta que “há um esforço no sentido de suavizar o declínio da produção, com a implementação de novos projectos, bem como algumas actividades dentro do bloco 15 com vista a mitigar os efeitos para que não sejam tão acentuados”, como garantiu, ao VALOR, o director de relações públicas e governamentais da petrolífera.

Armando Afonso explica que estão também em curso negociações com a Sonangol e com o Governo, com vista a procurar-se novas possibilidades de aumento da produção com novas descobertas. A Exxon Mobile está em Angola há 24 anos e é a operadora do bloco 15, situado nas águas profundas. Atingiu o pico da produção em 2008 com 720 mil barris por dia. Desde então, vem registando declínio. A média da produção diária no primeiro trimestre de 2018, por exemplo, foi de 240 mil barris, quando no período homólogo foi de 270 mil barris, registando-se uma queda de 11%.

Armando Afonso considera “ser uma ‘performance’ natural da exploração em zonas ultra-profundas”. A petrolífera também é associada nos blocos 17 e 32, com, respectivamente, 20% e 15%.