ANGOLA GROWING
Valdimiro Dias

Valdimiro Dias

TELECOMUNICAÇÕES. Facemundi Angola vendeu entre 70 mil e 80 mil aparelhos ‘Palanca’ no país em cinco meses. Não está satisfeita com desempenho, por isso pretende transferir a fábrica da China para Angola.

 

Facemundi Angola, a primeira fabricante angolana de telemóveis, pretende transferir a sua fábrica da China para Angola de modo a aumentar a produção anual de aparelhos, revelou ao VE o seu director-geral, Nilton Viana.

Para concretizar a meta, a empresa precisa de um investimento de sete milhões de dólares de modo a concretizar o aumento dos actuais 100 mil, na China, para 300 mil aparelhos, em Angola. Os seus responsáveis desenvolvem actualmente contactos com entidades governamentais para garantir “apoio institucional”que viabilize a obtenção de financiamento bancário.

A fonte observa que a transferência da unidade para Angola visa prover melhor o mercado nacional e reduzir os custos de importação a partir do país asiático, situação agravada devido às dificuldades para a obtenção de divisas junto da banca nacional.

A Facemundi Angola formou, em 2013, uma parceria com a Facemundi China para a produção do “Palanca”. Com uma capacidade de produção de um milhão de aparelhos anuais e 3,7 milhões de dólares de investimento, a fábrica produz actualmente 100 mil telefones por ano, sendo que a transferência para Angola permitiria triplicar essa cifra.

A empresa emprega actualmente 400 trabalhadores na China, dos quais apenas três são angolanos. Trata-se de jovens engenheiros recém-formados naquele país. A transferência para Angola inverteria dramaticamente estes números. Segundo Nilton Viana, seriam criados mil empregos directos, 98% para nacionais e apenas 2% para chineses.

Os países vizinhos de Angola entram nas ambições da Facemundi Angola. Num cenário em que a empresa atingisse aquele nível de produção, o mercado angolano seria insuficiente para absorver a oferta. Diz Viana que a RDC, com 50 milhões de habitantes, seria um mercado ideal para o telefone “Feito em Angola”.

 

‘Palanca’, o telefone angolano

 

 

O Palanca foi inteiramente desenhado em Angola. Tal como o iPhone, concebido nos EUA, mas fabricado na China, o Facemundi Angola também recorreu ao gigante asiático para concretizar a sua produção.

Segundo o director-geral da empresa, Nilton Viana, o telefone assemelha-se a outros existentes actualmente no mercado, com a diferença de que o primeiro oferece um conjunto de aplicações formatados e dimensionados para a realidade de quem vive cá. Os mesmos fornecem informações úteis sobre saúde, educação, agricultura e outros aspectos da vida nacional.

A Facemundi iniciou a venda do primeiro telefone de marca nacional em Dezembro de 2016, com uma variedade de modelos com a designação de ícones nacionais, como “Imbondeiro”, “Palanquinha”, “Welwitchia” e“Kwanza”. O desempenho comercial não agrada tanto a Viana. O responsável estima entre 70 mil e 80 mil aparelhos vendidos no espaço de cinco meses, num país com cerca de 26 milhões de habitantes e 15 milhões de utilizadores destes dispositivos. Para a empresa, este facto ilustra a necessidade de se apostar numa maior penetração no mercado de modo a garantir maior aceitação do produto. “Os mentores dos projectos procuraram um modelo de negócios que nos colocasse na frente da evolução tecnológica em Angola, com uma marca que pudesse transmitir um modo de estar na vida”, observa Nilton Viana. O empresário garante que a sua empresa “reúne todos os condimentos para vingar numa área competitiva”.

AVIAÇÃO. Transportadora aérea de bandeira desmentiu informação que dava conta da demissão do presidente do conselho de administração e sua equipa. Fonte do VE garante que o gestor britânico recuou da decisão.

 

presidente do conselho de administração (PCA) da TAAG, Peter Hill, terá sido persuadido a reconsiderar a ideia de abandonar a gestão da transportadora aérea nacional, apurou o VALOR de fonte da empresa, no seguimento das últimas informações postas a circular que davam conta do pedido de demissão do gestor britânico e da sua equipa.

A reunião em que o gestor que representa a Emirates terá apresentado a sua demissão ocorreu, segundo a fonte, na última semana, por volta do dia 9 de Maio, no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro.

A intenção de saída de Peter Hill foi percebida pelas autoridades angolanas como um “verdadeiro risco” para a reforma em curso que visa transformar a TAAG numa companhia de referência em África, segundo a fonte do VALOR que, mais do que as razões de saúde mencionadas na notícia de demissão já desmentida, avança “problemas de gestão” na base do alegado descontentamento do PCA da transportadora nacional.

Em comunicado divulgado na última quinta-feira, o conselho de administração da TAAG afirmou, entretanto, que, em nenhum momento, o PCA e respectiva equipa apresentaram pedido de demissão. O documento acrescenta que a administração se encontra em pleno exercício das funções, “determinada” a implementar o ‘Plano Estratégico de Negócios’, definido no acordo assinado entre as autoridades angolanas e a Emirates. De acordo com a leitura da TAAG, as notícias que divulgam factos infundados sobre a empresas visam, sobretudo, a desestabilização do processo de transformação da companhia e do colectivo de trabalhadores. “Não será com uma campanha de obstaculização do processo em curso que a administração irá abdicar da missão para a qual foi mandatada e apela a todos os trabalhadores e público em geral a não prestarem credibilidade a notícias insidiosas com propósitos desconhecidos”, lê-se no comunicado distribuído à imprensa.

Num outro desenvolvimento, a TAAG confirmou o encerramento das lojas de venda de bilhetes nas cidades de Lisboa (Portugal) e Paris (França), processo que brevemente deve atingir também a loja na cidade do Porto, também em Portugal. Relatos que chegavam, na última semana, da cidade de Lisboa davam conta que os passageiros passaram a ser obrigados a deslocar-se todos à loja do aeroporto, situação que terá provocado vários constrangimentos.

Fonte oficial confirmou os factos, mas remeteu qualquer esclarecimento adicional a um comunicado que a TAAG divulgaria na última sexta-feira, incluindo as razões dessa decisão da equipa de Peter Hill. Até ao fecho desta edição (noite de sexta-feira) a TAAG ainda não havia distribuído à imprensa qualquer comunicado.

 

 

MELHORES RESULTADOS EM 2016

 

Recentemente, o conselho de administração (CA) da TAAG apresentou os resultados de 2016, em que destacava o corte dos prejuízos operacionais da transportadora pública em 97,1% para os cinco milhões de dólares, face ao exercício anterior. Em 2015, a transportadora registou perdas de 175 milhões de dólares, desempenho que não é imputado, entretanto, ao actual CA, uma vez que a equipa da Emirates passou para a gestão das TAAG apenas no fim do terceiro trimestre do ano.

A empresa que apresentou resultados “dramaticamente melhores em 2016” apontou, entre outras medidas, a redução do pessoal efectivo, que baixou em cerca de 8,4%, saindo dos 3.559 para os 3.268 funcionários, através de reformas planeadas. Com o controlo da gestão da TAAG, a partir de 15 de Setembro de 2015, através do acordo entre o Governo e a Emirates, a equipa de Peter Hill concentrou-se na eliminação de custos “desnecessários”, na melhoria da contabilidade e gestão financeira, além de ter redesenhado a rede de rotas e horários dos voos. Conjunto de tarefas que, colectivamente, elevaram o desempenho financeiro da empresa e mantiveram uma “operação segura e eficiente”, segundo o PCA da companhia.

Na avaliação do gestor britânico, os custos “tão elevados” que transitaram de exercícios anteriores impediram a companhia de apresentar resultados positivos em 2016, o que seria “uma notável reviravolta que, de certeza, encontra poucos paralelos no negócio da aviação”.

Em finais do ano passado, Peter Hill foi protagonista de uma polêmica à escala nacional, depois de declarar, em entrevista ao VALOR, retomada por vários órgãos de comunicação social, que as reformas na TAAG só seriam possíveis com o estrangeiro, face às pressões a que estaria sujeito qualquer gestor angolana.

INVESTIMENTO. Empresa promotora vai abrir cinco lojas Worten em território nacional, com próxima prevista para Xyami do Lubango. Primeira loja da WORTEN em Angola criou 40 empregos directos.

 

A Worten, marca portuguesa líder de mercado nas áreas dos electrodomésticos, electrónica e entretenimento, chegou ao mercado nacional, com a abertura da primeira loja, no Xyami Shopping do Kilamba, na última semana.

O investimento de quatro milhões de dólares foi realizado pela Top Brand Angola – Retalho (TBA), empresa que representa diversas marcas internacionais e que prevê abrir, até ao final do ano, cinco lojas Worten em território nacional.

A próxima loja deve ser aberta já na próxima semana, no Xyami Shopping, na cidade do Lubango, conforme garantiu o director-executivo da Top Brand de Angola, Paulo de Sousa, que avançou que a abertura da primeira loja permitiu gerar 40 empregos directos e 30 indirectos. Dentro de seis meses, deve abrir a segunda loja de Luanda, desta feita no centro comercial Belas Shopping.

Segundo Paulo de Sousa, a empresa que dirige pretende constituir a maior loja de tecnologia aberta no país, prometendo que vão surpreender o mercado, tendo em conta a política de “preço imbatível e de serviços únicos e inovadores”.

Nas palavras do gestor, a Worten chega a Angola para ser líder de mercado. “Esta é a nossa maior aposta, quer pela importância do segmento de tecnologia, quer pelo valor do investimento associado”, declarou Sousa.

A TBA foi a empresa responsável pela introdução, no mercado nacional, de marcas de referência internacional, como a Zippy, a MO, a Sport Zone, a Chicco e a Swatch, acabando agora de juntar ao seu portfolio a cadeia de electrónicos do grupo Sonae.

Em Portugal, a Worten detém uma rede de 149 unidades e tornou-se líder de mercado nas áreas dos eletrodomésticos, electrónica de consumo e entretenimento com uma ampla gama de produtos.

De acordo com os dados preliminares apresentados pela Sonae SGPS a 18 de Janeiro, a Worten fechou 2016 com um total de 910 milhões de vendas realizadas, um crescimento anual de 2,1% face a 2015. Este valor representa 63,23% do total do volume de negócios gerado pela Sonae SR, correspondente a 1,43 mil milhões de euros.

O último investimento da Top Brands Angola aconteceu recentemente, com a abertura, no Xyami Shopping Kilamba, de oito lojas de moda feminina, masculina e infantil e desporto para todas as idades e modalidades, num investimento de cerca de 900 milhões de kwanzas.

HABITAÇÃO. Novas residências poderão ser adquiridas mediante pagamento de renda resolúvel ou a pronto pagamento. O processo inclui também a modalidade de arrendamento, com custos estimados em 12.500 kwanzas mensais.

 

Kora Angola, empresa do ramo imobiliário, deu início, na passada sexta-feira, à venda das habitações da centralidade do Kuito, num total de 2.684 unidades, estando cada uma avaliada em 11,6 milhões de kwanzas.

A informação foi avançada, em exclusivo ao VALOR, pela directora comercial e marketing da empresa, Lídia Santos, quando abordava o processo de comercialização de habitações, sob a responsabilidade da Kora Angola, fruto da parceria que mantém com o Governo.

Segundo dados oficiais, a centralidade do Kuito foi projectada para acolher mais de seis mil fogos habitacionais, sendo que os que agora entram para a fase de comercialização integram a primeira fase do projecto, que conta também com vários equipamentos sociais, como hospitais e escolas.

Outras infra-estruturas sociais, como estações de tratamento de água, deverão estar finalizadas até Julho, data em que está prevista a entrega das chaves aos futuros moradores, segundo promessa da direcção da Kora Angola. As obras de melhoria do acesso à centralidade devem estar concluídas também nessa altura.

Para o acesso às habitações da centralidade do Kuito, foram definidas três formas de pagamento, nomeadamente via renda resolúvel, arrendamento e venda livre a pronto pagamento.

A renda resolúvel, sob a responsabilidade do Fundo de Fomento Habitacional, reserva uma quota dirigida aos funcionários públicos e outra ao público em geral, estando o valor da renda estipulado em 38.898 kwanzas mensais, durante um período de 25 anos, no final dos quais o imóvel passa para a titularidade do inquilino.

A modalidade de arrendamento, sob responsabilidade do Instituto Nacional de Habitação que definiu como regras de acesso critérios iguais aos da renda resolúvel, é dirigida aos funcionários públicos e público em geral, estando a mensalidade calculada em 12.503 kwanzas.

Já a venda livre é dirigida a particulares e empresas que pretendam adquirir imóveis na centralidade. O valor de cada imóvel está estipulado no total em 11.669.490 kwanzas, podendo o valor em causa ser pago de duas formas diferentes: em quatro tranches durante quatro meses ou ainda 50% do valor do imóvel na assinatura do contrato e os restantes 50% divididos por cinco anos.

 

NOVAS HABITAÇÕES NO HUAMBO E UÍGE

 

Por outro lado, a Kora Angola espera ainda concluir, até ao final de Maio, o processo de comercialização das habitações da centralidade do Lossambo, no Huambo, outro projecto habitacional cujas vendas estão sob a sua responsabilidade.

Na centralidade do Kilomosso, no Uige, igualmente gerida pela empresa, das 4.500 residências previstas, a Kora Angola garante que 1.010 já estão concluídas, estando somente em falta a conclusão das obras de infra-estruturação para que as casas possam beneficiar de água, electricidade e rede de esgotos. A meta é que a comercialização de habitações, nesta centralidade, arranque no primeiro trimestre de 2018.

A Kora Angola, no âmbito de uma parceria público-privada, assumiu o desafio de construir 40 mil fogos habitacionais em vários municípios de cinco províncias, nomeadamente Bié, (Kuito e Andulo), Huambo (Bailundo, Caála e Lossambo) Uíge (Kilomosso), Kwanza-Sul (Sumbe) e Moxico (Luena).

Em Luanda, a empresa está a participar do projecto de reconversão urbana do Sambizanga e Cazenga.

PETRÓLEOS: Empresa deverá apresentar vasta gama de serviços, devendo ainda realizar seminário sobre desafios da indústria de petróleo e gás em Angola.

 

A petrolífera estatal, Sonangol participa, pela primeira vez, no ‘Offshore’ Technology Conference, evento que se realiza de 1 a 4 de Maio, em Houston, Texas, nos Estados Unidos da América.

Segundo um comunicado emitido pela empresa, na ‘Offshore Technology Conference’ a Sonangol vai apresentar a sua vasta gama de serviços, devendo ainda realizar um seminário que terá como tema principal “Desafios para Tornar a Indústria de Petróleo e Gás em Angola mais Competitiva”.

Para as empresas petrolíferas que operam em Angola, está prevista uma apresentação sobre as ‘Internacional Oil Companies’ no país, e ao Ministério dos Petróleos caberá a apresentação sobre o conteúdo local, nomeadamente o momento actual do sector petrolífero angolano.

O objectivo da participação é dar seguimento ao processo de internacionalização da companhia “de forma a torná-la mais competitiva, mais sustentável e capaz de criar valor para o Estado e cidadãos angolanos”, diz ainda o comunicado da Sonangol, divulgado na semana passada.

A comitiva angolana é liderada pelo administrador João dos Santos, e é integrada pelos membros da comissão executiva da petrolífera nacional, englobando ainda representantes de participadas como Angoflex, BAI, PAENAL, Base do Kwanda, Petromar, Sonamet, Sonasurf e Sonils, além de responsáveis da Agência para a Promoção de Investimento e Exportações de Angola (APIEX).

A ‘Offshore Technology Conference’ é um evento mundial da indústria de petróleo e gás, com periodicidade anual, que se realiza desde 1969, em Houston.

Esta é a segunda vez, em menos de um mês, que a Sonangol participa num evento de dimensão internacional, em Houston, nos Estados Unidos da América, depois de em Março ter participado, na mesma cidade, na CERAWeek, uma plataforma internacional de discussão na área de energia.

Na ocasião, a presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos, foi oradora convidada no painel “Transforming Global E&P”, tendo partilhado, durante a sua intervenção, as transformações que tem feito na Sonangol para a “optimização do desempenho financeiro e operacional da empresa”.

No encontro, a PCA da Sonangol reuniu ainda com os presidentes de algumas das maiores companhias petrolíferas mundiais, designadamente da Chevron, ExxonMobil, Total, Grupo BP e Statoil, para “avaliar futuras oportunidades e reforçar relações de cooperação”