ANGOLA GROWING
Valdimiro Dias

Valdimiro Dias

CAFÉ. Empresa declara ter projecto de aumento da capacidade produtiva local que inclui apoio ao cultivo de café e a manutenção dos 120 empregos.

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 A Angonabeiro prevê um crescimento de 20% nas vendas de café em 2017, face aos 30 milhões de dólares de facturação no ano passado, antecipou, ao VALOR, o seu director-geral, Pedro Ribeiro.

Em 2016, a empresa produziu aproxidamadamente 300 toneladas de marca nacional Ginga e exportou 200 toneladas do produto, quantidade que, segundo Ribeiro, só não foi maior devido ao preço de aquisição do café que foi superior à cotação internacional.

Actualmente, a Angonabeiro compra cerca de 80% da produção em Angola, pricipalmente a espécie robusta, que Ribeiro considera de “excelente qualidade”. Após a compra, a maior parte do café verde é exportada para a empresa-mãe, a Delta, em Portugal, sendo o produto nacional incorporado em vários outros produtos e exportado para 37 países.

Pedro Ribeiro indicou que a Delta recebe pontualmente solicitações para exportar o café Ginga para países como a China, Senegal, Namíbia e Estados Unidos, “sendo que o desafio passa por tornar permanente e consistente a exportação desta marca angolana”. Dentro da área dos mercados internacionais do grupo Delta, que engloba 30% do negócio fora de Portugal, Angola representa uma quota de 40%, calculou Ribe iro.

Com os fornecedores da empresa situados entre os produtores de pequeno e médio portes, Ribeiro explica que a Angonabeiro “ajuda os produtores a integrarem no cultivo as melhores práticas agrícolas”, sendo que o grupo possui um programa de micro-crédito com um tecto máximo de 50 milhões de kwanzas que apoia cerca de 20 mil famílias.

Para o futuro imediato, a Delta considera fazer novos investimentos em Angola, pelo que se encontra a explorar oportunidades de investimento que permitam a aplicação do ‘know-how’ na área da produção de alimentos.

Enquanto isso, o grupo investiu, em Portugal, três milhões de dólares em novas linhas que, brevemente, devem chegar a Angola, com vista a aumentar a produção de café e açucar, “facto que vai permitir quadruplicar a produção de café, sobretudo o Ginga”.

Segundo Ribeiro, a empresa tem em carteira um projecto de crescimento da capacidade produtiva instalada, que inclui o apoio ao cultivo do café verde, além da manutenção dos 120 postos de trabalho no país.

A Angonabeiro produz, em Angola, o café Ginga, marca 100% naiconal, e comercializa uma gama alargada de produtos, entre os quais o Delta Q.

O Centro de Medicina Internacional, Luanda Medical Center (LMC), está a apostar na expansão dos seus serviços, na área de medicina, com vista a acudir as inúmeras solicitações de que tem sido alvo, por parte de clientes.

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Há apenas dois anos no mercado, o LMC recebe, em média, 10 mil pacientes por mês, segundo informou, ao VALOR, o seu director-geral, Michael Averbukh.

Para fazer face à nova tendência, a empresa tem vindo a inaugurar novos serviços que “vão ao- encontro das necessidades dos clientes”, um processo que se tem reflectido igualmente no número de colaboradores da unidade que actualmente aumentou de 90 para mais de 300 profissionais.

Entre os novos serviços introduzidos, destacam-se os de maternidade, urgências, medicina estética, cirurgia plástica e acompanhamento infantil, especialidades que não constavam do plano inicial da unidade hospitalar aquando da sua criação.

“Estamos proactivamente a avaliar soluções e seguramente que temos a intenção de expandir a marca LMC para outras zonas urbanas como, por exemplo, em Talatona”, declarou Michael Averbukh, tendo assinalado que o LMC “dispõe de capacidade para atender pacientes que, procuram por serviços médicos no exterior do país”.

Michael Averbukh realça, no entanto, que embora a finalidade dos serviços de saúde não vise, numa primeira instância, o lucro, o LMC factura mensalmente cerca de dois milhões de dólares. O LMC foi recentemente distinguido com duas medalhas, sendo uma de ouro e outra de platina, pela GIIRS Ratings. A distinção, segundo o seu director-geral, deveu-se à “eficácia do modelo de negócio de impacto, superando as outras empresas em mercados emergentes, em todas as actividades operacionais, como gestão, colaboradores, comunicação e meio ambiente”.

PETRÓLEO. Frota da concessionária estatal transportou mais de 8,3 milhões detoneladas de petróleo em 2016. Medida levanta questões sobre o futuro laboral de trabalhadores.

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A Sonangol Shipping Angola (SSAL), subsidiária da petrolífera estatal responsável pelo transporte marítimo de crude e derivados, abriu um concurso público “limitado” visando a contratação de empresas para gerir quatro dos 12 navios que constituem a sua frota de cabotagem, anunciou recentemente a empresa. Em causa, estão os petroleiros Kalahari (112,8 toneladas), Avenca (51, 2 toneladas), Gazela (6, 4 de toneladas) e Gunga (6.4 toneladas).

Em anúncio público, a concessionária de hidrocarbonetos diz que pretende identificar “mais de uma” entidade com este propósito. Entre os requisitos, a Sonangol estabelece experiência em selecção, recrutamento e contratação de tripulações, capacidade na execução de “actos relacionados com a gestão técnica dos navios”, domínio de aprovisionamento e manutenção de embarcações.

Entretanto, o anúncio levanta questões sobre o funcionamento desta subsidiária, nomeadamente a gestão das restantes oito embarcações e a possível situação laboral de centenas de trabalhadores que ainda assumem a manutenção daquelas cuja gestão se pretende privatizar, assim como outros aspectos relacionados.

À hora do fecho da presente edição, o gabinete de comunicação da petrolífera disse ao VALOR que aguardava autorização da direcção da empresa para responder a questões do jornal neste sentido.

O relatório e contas da Sonangol referente a 2016 assinala que, no ano em referência a sua subsidiária transportou 8.331.825 toneladas de petróleo bruto, 6% acima da carga manuseada no ano anterior.

Daquelas, 5.554.550 toneladas de petróleo bruto foram manuseadas pela frota Suezmax, e 2.777.275 toneladas pela frota de cabotagem, especificamente referente ao fornecimento de crude à Refinaria de Luanda, na zona da Petrangol.

Em Abril, a Sonangol Shipping Angola elevou para 12 navios a sua frota com a compra de dois novos petroleiros do tipo Suezmax, com capacidades para um milhão de barris de petróleo cada.

Baptizados de ´Sonangol Cazenga´ (homenagem ao distrito urbano de Luanda com o mesmo nome) e Sonangol Maiombe (em referência à segunda maior floresta do mundo, em Cabinda), os dois navios foram construídos pela gigante naval sul-coreana DSME nos estaleiros de Okpo, e apresentam várias inovações e tecnologia descritas como sendo de última geração.

A presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos, elogiou a compra das embarcações. A aquisição destes dois novos petroleiros está alinhada com a visão da nova Sonangol, expressa no rigor e selectividade dos investimentos.

O Cazenga e o Maiombe vão permitir que Angola participe de forma activa e lucrativa no mercado internacional de shipping”, referiu a gestora, em nota de imprensa divulgada na altura. A tripulação dos dois navios é maioritariamente angolana.

AUTOMÓVEIS. Empresa, tutelada pelo Ministério dos Transportes, fecha as portas por má gestão e degradação física e económica, com resultados negativos e custos acrescidos para o Estado. Gestora abandonou as instalações no ano passado.

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Volvidos três anos, após ter sido inaugurado pelo Presidente da República, e implicado um investimentos de cerca de 3,6 milhões de dólares dos cofres do Estado, o Centro Oficinal e Armazém Central de Peças Abamat S.A, em Luanda, acaba de ser extinto, através de um decreto presidencial de 3 de Agosto.

A Abamat faz parte de uma rede de oficinas que, além de garantir a assistência técnica a veículos e a venda de acessórios, surgiu para dar resposta ao regulamento dos centros de inspecção, aprovado em 2010 e que obriga a inspecção periódica de viaturas.

Igual destino teve a filial da empresa Abamat S.A, no Huambo, inaugurada pelo vice-presidente da República, Manuel Vicente, há três anos, cujo investimento se cifrou igualmente na ordem dos três milhões de dólares.

Transformado no princípio de 2006 de Abamat UEE para uma sociedade anónima comercial, com a denominação de Empresa de Abastecimento de Materiais (Abamat S.A), o projecto empresarial, adstrito ao Ministério dos Transportes, viu o seu fim chegar no princípio deste mês.

A sua extinção foi justificada por a empresa apresentar sinais “evidentes de degradação física e económica com resultados negativos e custos acrescidos aos cofres do Estado”, conforme assinala o documento que aprova o fim do empreendimento. Inaugurada em Agosto de 2014 pelo chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, o Centro Oficinal e Armazém de Peças de Luanda era gerido por uma empresa privada, denominada Jota Peças.

A empresa gestora anunciou, no terceiro trimestre de 2016, ao VALOR, através de um alto funcionário, que já não fazia atendimento ao público e que estava em reestruturação com previsões de mudar a gestão das oficinas este ano. Na altura, as viaturas que se encontravam parqueadas, no espaço, tinham ordens para serem removidas num curto período, segundo declarara a fonte.

A infra-estrutura foi equipada com material de ponta, como máquinas para o alinhamento de direcção de viaturas, laboratórios, área de pintura, entre outros serviços. As oficinas têm capacidade para atender 20 viaturas ligeiras e pesadas por dia. Alguns funcionários da Abamat, em Luanda, informaram, ao VALOR, que a empresa Jota Peças geriu durante esses anos o empreendimento de forma “danosa”, provocando, deste modo, a paralisação das oficinas desde o ano passado.

Os preços praticados pela Jota Peças foram considerados “exorbitantes” pelos funcionários, fazendo com que “afugentassem” potenciais clientes. Para além da degradação económica e física, a Abamat é extinta, segundo o Governo, com base na adopção de políticas extensivas a todas as áreas e projectos estratégicos de natureza pública que o Estado está a adoptar e que visam racionalizar despesas.

O processo de liquidação da empresa deverá ocorrer em seis meses, contados a partir de 27 de Julho. O Instituto para o Sector Empresarial Público (ISEP), em representação do Estado, será a entidade liquidatária,devendo para o efeito beneficiar de recursos do Tesouro Nacional para suportar os encargos com o processo.

A previsão era ?a expansão da empresa

O Ministério dos Transportes tinha a previsão de expandir a construção de mais Centros de Oficina e Reparação de veículos Abamat em outros pontos do país, de acordo com o parque automóvel de cada região.

Os planos de expansão foram reafirmados pelo ministro Augusto da Silva Tomás, por altura da inauguração do centro no Huambo.

O ministro fez saber, na altura, que a intenção era a de estender as oficinas à Huíla e Malanje. “Temos, actualmente, um mercado bastante exaustivo em termos de viaturas ligeiras e pesadas, facto que obriga o sector privado a apostar mais em acções de manutenção de veículos, de modo a cobrirem a malha existente no país”, assinalou, na ocasião, o governante.

TCUL absorve activos

O Governo decidiu, segundo o documento que extingue a Abamat, integrar os activos do empreendimento resultante do processo de liquidação na empresa de Transportes Urbanos e Colectivos de Luanda (TCUL). Quem visitar as instalações da Abamat, em Luanda, depara-se, à entrada das instalações, com dezenas de autocarros da TCUL no parque e as oficinas fechadas.

“A empresa Jota Peças abandonou as instalações da Abamat sem deixar uma circular ou um aviso prévio”, informaram ainda vários funcionários.

No estabelecimento, resta pouco ou nada da antiga gestora das oficinas, cujo paradeiro os trabalhadores da Abamat não souberam explicar.

TELECOMUNICAÇÕES. Resultados operacionais dos serviços de telefonia da petrolífera estatal registaram uma ligeira redução de 0,4% face ao ano de 2015, assinala o relatório de contas, apresentado recentemente em Luanda.

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A MSTelcom, empresa prestadora de serviços de telecomunicações ao sector petrolífero, facturou 13 mil milhões de kwanzas em 2016, o que representa um aumento de 14% em relação ao ano anterior, segundo o relatório e contas da petrolífera estatal, apresentado recentemente em Luanda.

O documento destaca que, apesar da “tendência positiva” dos resultados operacionais, o negócio de telefonia apresenta “desafios importantes” por superar, sobretudo, na rentabilização dos investimentos em curso, num contexto de concorrência “mais agressiva”. Para já, a empresa equaciona investir na sua própria infra-estrutura.

Entretanto, os mesmos serviços de telefonia recuaram 0,4% face a 2015, como “resultado da conjuntura económica e das medidas de eficiência em curso no sector”, segundo o relatório, enquanto os serviços de tráfego de voz cresceram 6%, devido ao aumento de interligação.

Sobre a prestação de serviços de Internet pela unidade de negócios não-nuclear da petrolífera estatal no mesmo ano, o documento destaca que a taxa de utilização da capacidade de fibra óptica foi de 100% em Luanda (aumento de 10% em relação ao ano anterior) e de 25% (aumento de 64%) para a rede Lobito-Benguela.

Além disso, destaca um incremento na utilização da capacidade instalada, resultante da activação e expansão de diversos serviços. As taxas de utilização dos satélites das bandas C e KU mantiveram-se praticamente inalteradas quando comparadas ao período anterior. Na semana passada, o VE escreveu que o fraco desempenho da Sonair e da Clínica Girassol foram as principais razões para a redução, em cerca de 64% (1.376 milhões de kwanzas) dos lucros do negócio não-nuclear da Sonangol.

A MSTelcom - Mercury Serviços de Telecomunicações SARL - surgiu a 21 de Março de 1997 com o objectivo de gerir, manter e operar as comunicações do Grupo Sonangol. As dificuldades de comunicação intra-provincial e a falta no mercado nacional de uma empresa que garantisse fiabilidade e regularidade das comunicações, entre as várias empresas do grupo, levaram à criação de uma subsidiária que se dedicasse ao sector das telecomunicações, depois da liberação do sector pelo Estado.

CRESCIMENTO ?DE 36%, EM 2016

Saliente-se que os auditores aprovaram o relatório e contas de 2016 da Sonangol com quatro reservas, devido ao que consideraram de dúvidas relativas a 1.308.504.862 de kwanzas em activos.

O primeiro relatório na gestão da empresária Isabel dos Santos, o levantamento anual proclama um crescimento no resultado operacional de 36% para os 525 mil milhões de kwanzas, além de um resultado líquido no exercício superior a 13 mil milhões de kwanzas. O conselho de administração considerou que os números “reflectem uma inversão da tendência de queda abrupta nos exercícios dos dois anos anteriores, solidificando as bases da recuperação do grupo.

A presidente do conselho de administração destacou o crescimento num ano em que a companhia enfrentou um contexto “muito adverso”, a nível nacional e internacional. Para a gestora, os resultados obtidos apresentam-se “fundamentais” para que a petrolífera retome a condição de “força motriz da economia angolana e geradora de riqueza”.

A administração da maior companhia estatal angolana destacou ainda a manutenção da produção petrolífera que, ao longo de 2016, se manteve acima de 1.700 milhões de barris por dia, posicionando Angola como o primeiro produtor de petróleo em África. “Estes números são o resultado de muitas coisas que temos feito acontecer, algumas visíveis, como os indicadores financeiros, e outras menos visíveis”, realçou Isabel dos Santos, por altura da apresentação dos resultados.