INVESTIMENTO. Produtora do Café Cazengo exportou, no ano passado, 40 toneladas de café para os EUA, país onde prevê abrir mais três lojas. A Triasis, produtora da marca de Café Cazengo, investiu 1,5 milhões de dólares numa fábrica de cápsulas e máquinas, no Cazengo, Kwanza-Norte, prevendo-se que possa arrancar em Março, revelou o administrador José Gonçalves. A fábrica resulta de um financiamento do BAI (Banco Africano de Investimento). O gestor acredita que a unidade vai contribuir para “expandir a marca em todo o território nacional, aumentando a presença nas superfícies comerciais, hotéis e restaurantes”, bem como contribuir para a “massificação do consumo” que considera ser “baixo e com reflexos negativos para o negócio em Angola”. No ano passado, a Triasis duplicou a produção de café, em relação a 2016, passando das 100 para as 200 toneladas. Uma meta que foi alcançada graças à compra feita aos pequenos produtores do Kwanza-Sul, Bengo e Uíge. A Triasis possui uma fazenda de 680 hectares, no Cazengo, que produzia café no tempo colonial, mas que agora se encontra em fase de recuperação, explorando apenas 200 hectares. Emprega 25 pessoas em Angola, mais seis nos EUA que se ocupam da distribuição. Do total da produção, a Triasis exportou 40 toneladas para o mercado norte-americano, onde, com alguma regularidade, tem vendido e planeia explorar para outros mercados, como Portugal, China e África do Sul. Em 2016, nos EUA, começou a vender em mais de 20 lojas de várias cidades. Em Janeiro, foi aberto o primeiro quiosque do Café Cazengo, em Michigan, que pretende ser revendedor e retalhista. Além disso, está na calha a abertura de mais três lojas na Califórnia e em Houston, cujo investimento ronda os 30 mil dólares. A Triasis definiu como meta para aquele mercado, a partir de 2019, exportar mensalmente um contentor de café, com vista a manter a regularidade no fornecimento. No entanto, segundo o seu gestor, essa intenção encontra como principal entrave a burocracia nos procedimentos para a exportação. Forte aposta José Gonçalves justifica a forte aposta na exportação com o baixo consumo interno, lembrando que o café acaba por ser um negócio de volume que, quanto mais se produz, mais se ganha e, em Angola, a produção ainda é muito baixa. Por isso, defende a redução das taxas alfandegárias, em que, por exemplo, exportar um contentor custa um 1,5 milhões de kwanzas, e com a criação de um guiché de exportação junto das lojas do SIAC, à semelhança do que acontece no Brasil.
Valdimiro Dias
Sonair vende aviões
AVIAÇÃO. Companhia está a negociar a venda da frota de aviões de B-1900 com operadoras privadas. Pelo menos, dois aparelhos já foram vendidos à Air Jet. A Sonair, subsidiária da Sonangol vocacionada para a prestação de serviços aéreos, está a negociar a venda de aviões da frota B-1900, com operadoras privadas. Segundo apurou o VALOR, uma das primeiras vendas foi feita à operadora aérea Air Jet que adquiriu dois aparelhos. Mas o director comercial da Air Jet explica que os meios ainda não foram entregues, estando a empresa a aguardar pelo cumprimento de “burocracias administrativas” por parte da Sonangol. Estêvão Simba desconhece os meandros das negociações e as modalidades de pagamento, afirmando apenas que o negócio foi “firmado ao mais alto escalão”. Para a Air Jet, a aquisição de dois novos aparelhos pode constituir um certo alívio. A companhia debate-se com constrangimentos operacionais, possui uma frota de apenas oito aeronaves, do tipo Embraer 120 (2), B200 (4) e Jetstream (2). Parte encontra-se paralisada na África do Sul, onde os aviões foram levados para manutenção, mas não regressaram por falta de divisas para o pagamento. A Sonair, por sua vez, não confirma o negócio nem avança o número exacto de aviões que pretende despachar muito menos o valor de cada unidade. Mas fonte ligada ao processo detalhou que a operação poderá estar relacionada com a necessidade da renovação da frota da companhia detida pela petrolífera pública. Com 50 aparelhos, 27 dos quais helicópteros, a Sonair transporta uma média de 20 mil passageiros por ano. E os seus aviões de fabrico norte-americano têm capacidade para transportar 19 passageiros, sendo utilizados em voos comerciais e privados. Até ao fecho desta edição, a administração da Sonangol não tinha respondido às solicitações do VALOR. QUEDA DE RECEITA De acordo com o relatório e contas da Sonangol, em 2016, a Sonair voou cerca de 20 mil horas, repartidas em 10 mil no segmento de ‘Asa Rotativa’ (helicópteros) e 10 mil no segmento de ‘Asa Fixa’ (aviões). Teve uma redução de 47% comparativamente a 2015, que teve um impacto “relevante” nas receitas de aluguer de aeronaves, que sofreram uma redução de 74 mil milhões para os 45 mil milhões de kwanzas. Para a queda de receitas, contribuiu ainda o acidente, em Abril de 2016, na Noruega, que resultou na paragem mundial das aeronaves de tipo Super Puma (H225 e L2), que representam mais de 60% da frota de Asa Rotativa da Sonair. O acidente afectou a capacidade de prestação de serviços às operadoras petrolíferas, que dependiam deste meio para o transporte de tripulações para as plataformas offshore. Além disso, o documento ressalta que a diminuição da actividade do sector petrolífero, que afectou de forma particular a operação do Houston Express, impactou negativamente a operação ‘Asa Fixa’, sendo que, no âmbito do programa ‘Sonalight’, foram tomadas medidas de aumento de e?ciência para defender e minimizar o impacto na rentabilidade da operação. A Sonair é detentora de uma vasta experiência na aviação no sector petrolífero desde 1979. É a única a fazer a ligação entre Angola e EUA, com voo directo de Luanda para Houston.
KFC arrefece investimentos em 2018
CRISE. Consumo em queda e desvalorização do kwanza impedem abertura de lojas este ano, pelo grupo Ibersol. Aposta vira-se para a melhoria de serviços. A empresa Ibersol Angola, proprietária da rede de restaurantes de comida rápida KFC, descarta a abertura de novos espaços em Angola em 2018, revelou o director-geral, José Cunha, que justifica o travão nos investimentos com as restrições financeiras que “não são favoráveis à expansão da rede”. Com o corte no investimento em novas unidades, a empresa vira-se agora para a “melhoria da prestação de serviço”, como o principal desafio deste ano, como adianta o seu responsável número um. Por apurar de forma consolidada está ainda a facturação do exercício de 2017 que José Cunha estima, entretanto, em aproximadamente quatro mil milhões de kwanzas. Resultado que, somado aos dos restantes últimos anos, José Cunha considera “positivo”, apesar de os negócios do grupo terem sido afectados pela crise financeira que “está a perturbar o consumo”. A Ibersol Angola possui 10 restaurantes em Angola. Nove em Luanda, oito dos quais da rede KFC e um da Pizza Hut. Benguela acolhe a décima unidade e único KFC fora de luanda. Sobre a matéria-prima, José Cunha afirma que o grupo se “esforça sempre” em adquiri-la em Angola, mas adianta que isso “nem sempre é possível por dificuldades do mercado”. A Ibersol Angola faz parte do grupo empresarial Ibérico Ibersol, que conta também com investimentos em Portugal e Espanha. O relatório e contas do terceiro trimestre de 2017 assinala que o volume de negócios ascendeu a 332,5 milhões de euros, registando um crescimento de 87,4%, face aos 177,5 milhões de euros do período homólogo. O documento também revela que o resultado líquido consolidado, no final dos primeiros nove meses de 2017, atingiu o valor de 21,8 milhões de euros, 3,8 milhões euros superior ao período homólogo de 2016. Estes números referem-se a Portugal. Quanto aos resultados de Angola, o documento assinala que, a partir do segundo trimestre, se verificou uma inversão da tendência de crescimento. E destaca que “a evolução do consumo e a desvalorização do kwanza representam as principais incertezas da Ibersol, “apesar da reduzida dimensão do negócio do grupo” no país. O relatório indica ainda que o financiamento da filial angolana, em moeda estrangeira, está estimado no montante de 1,125 milhões de dólares, o que “não apresenta grande exposição em função do reduzido montante, enquanto os restantes financiamentos contraídos pelas filiais angolanas estão denominados na moeda local”.
AVIAÇÃO. Angola Expresso vai ser criada através de parceria público-privada. A nova companhia já tem aviões escolhidos e vai operar apenas em território nacional. Foi criada uma comissão que deve levar o projecto à Presidência da República, em breve. Após ter divulgado várias vezes a intenção do Governo de criar uma nova companhia para operar os voos domésticos, ficando a TAAG exclusivamete com as rotas internacionais, o VALOR, soube de fonte ligada ao processo, que a futura companhia já tem nome. A designar-se ‘Angola Expresso’, a nova companhia nasce de uma parceria público-privada e a sua efectivação ficará à espera apenas da aprovação do Presidente da República, que deve receber a proposta, brevemente, do ministro dos Tranportes. Augusto Tomás coordena a comissão criada pelo próprio Minstério dos Transportes para a criação da companhia que, conforme a proposta que sobe a João Lourenço, deverá ser gerida por uma sociedade constituída por empresas de aviação. Conforme avança a fonte, o Governo predispõe-se a fornecer apoio com pilotos e com técnicos de manutenção, e o ministro Augusto Tomás quer acelerar o processo para o concluir em 2019, dado que a TAAG não vai poder suportar os voos de curta duração com a actual frota de boeings 737. O Ministério dos Transportes decidiu assim recriar a antiga TAAG-Expresso, introduzindo pequenas mudanças, em especial, na gestão. O projecto anterior previa uma gestão única através da companhia aérea estatal. Mas, por indicação prévia de João Lourenço, a nova empresa terá gestores saídos do sector privado, com a participação da TAAG. O VALOR sabe que o projecto está bem avançado e até já foram definidos os aparelhos a serem utilizados. A Angola Expresso vai operar com oito a 10 aviões de fabrico canadiano, Dash, com a capacidade para 72 lugares cada voo. Prevê-se que os aparelhos tenham bases estratégicas em algumas províncias. O que também já está definido são os nomes que integrarão a gestão da empresa. Dadas como figuras com experiência na aviação, os comandantes Jaime Pinto (administrador da Airjet), Célio van der Kellen (antigo instrutor da TAAG e sócio da Heliang Transprtes Aéreos) e António Beto são dados como certos no conselho de administração, bem como outros especialistas que já integram a comissão de trabalho, que tem reunido “com muita regularidade”. Durante a abertura de conferência internacional da aviação da IATA (sigla em inglês da Associação Intermacional de Transporte Aéreo) em Angola, Augusto da Silva Tomás sublinhou a “necessidade de rever o modelo de operação doméstica”, uma intenção bem recebida pelas companhias, que propuseram a “criação de políticas e incentivos para as operadoras privadas se tornarem sustentáveis”. Uma das medidas preconizadas era a abertura de uma linha de crédito, destinada às empresas de aviação privada para renovarem as respectivas frotas. No entanto, a fonte do VALOR garante que o discurso do ministro dos Transportes já deixava transparecer a possibilidade da fusão das companhias numa única sociedade para gerir a Angola Expresso. Não é a primeira vez que há intenções governamentais de se criar uma companhia do género. Em 1991, depois da assinatura dos acordos de paz, a TAAG criou duas subsidiárias: a Angola-Air Charter, dedicada a voos fretados, transporte de carga e voos não calendarizados, e a SAL-Sociedade de Aviação Ligeira, dedicada a serviços de aerotáxi e voos especializados, que acabaram por falir. Contactado pelo VALOR, até ao fecho da edição, o Ministério dos Transportes não se pronunciou sobre a criação da Angola Expresso.
Cinco padarias encerradas
PANIFICAÇÃO. Falta de higiene e vários incumprimentos levaram ao encerramento de cinco panificadores. Gestores podem ser responsabilizados criminalmente por tentativa de suborno aos inspectores. As más condições de higiene, a falta de salubridade e o incumprimento de regras de fabrico do pão foram determinantes para a Inspecção do Ministério da Indústria suspender a produção de cinco panificadoras, em Luanda, cujos gestores podem ainda ser responsabilizados criminalmente por tentativa de suborno. As inspecções foram realizadas na última semana de Janeiro em 11 estabelecimentos e todos mostraram irregularidades. As mais gravosas foram detectadas nas panificadoras Hermeneuta, localizada rua Dunduma; ARG, no Cazenga; Korangol, na rua do quartéis, Maianga, e Raicha, na rua direita da Calemba, também no distrito da Maianga. Todas acabaram por receber ordens de encerramento. “As cinco encerradas apresentavam irregularidades gravíssimas e não se podia tomar outra medida que não fosse a suspensão temporária da actividade, até que se melhorem as condições”, justificou o inspector-geral, Jugolgo Afonso, em declarações ao VALOR. O responsável esclarece, no entanto, que o objectivo do Estado “não é encerrar estas indústrias”, mas fazer com que “produzam dentro dos parâmetros da lei, porque, em pleno funcionamento, concorrem para solucionar problemas sociais como o desemprego e impulsionam a economia”. As irregularidades detectadas levaram também o Ministério da Indústria a decidir por trabalhar com as padarias, no sentido de fiscalizar tudo, inlcuindo o processo fabril “para que se possa conformar com os quesitos legais”. Jugolfo Afonso lamenta as condições encontradas nas panificadoras suspensas, na maioria detidas por cidadãos estrangeiros e “que não comem aquele pão”. O inspector lembra que o consumo do pão em causa, a julgar pelas condições de fabrico, “constitui um atentado à saúde pública de todos os consumidores”. Em relação à tentativa de corrupção, Jugolgo Afonso explica ao detalhe. “Em quase todas as unidades, que foram alvo de interdição, nos propuseram dinheiro em troca. Diziam: “vocês não são os únicos nem os primeiros inspectores a passar aqui, digam quanto querem’”, denunciou o inspector-geral, que não tem dúvidas de estar perante um “crime de corrupção activa”, adiantando, por isso, que há uma investigação a decorrer. ATAQUE ÀS PROVÍNCIAS ‘INDUSTRIALIZADAS’ A prioridade da inspecção do Ministério da Indústria, para este ano, recai sobre as províncias com maior número de panificadoras, como Benguela, Huíla, Kwanza-Sul, Lunda-Norte e Luanda. Jugolfo Afonso garante ter “condições objectivas” para fazer as inpecções, admitindo, no entanto, haver um “número reduzido de inspectores”. “Somos poucos, mas estamos motivados e vamos actuar mesmo”, promete. O Ministério da Indústria tem menos de metade dos técnicos necessários para a inspecção das, pelo menos, 7.410 unidades licenciadas até 2014. Dos 30 inspectores necessários para todo o país, o gabinete possui apenas 13 efectivos, o que perfaz uma média de um técnico para cada 570 unidades, tendo como referência as autorizações emitidas até 2014. “O trabalho seria muito mais produtivo se tivéssemos um número de efectivos de 30 técnicos”, insiste o inspector-geral que explica as limitações com a “escassez de recursos financeiros para a realização de um concurso público para o provimento de vagas”, apesar de entender que as admissões podiam ocorrer por via de contratos administrativos. Em 2017, foram feitas 216 inspecções, entre Janeiro e Novembro. Das irregularidades mais detectadas, destacam-se o alvará caducado e a ausência de sinalização no pavimento no perímetro fabril, além da inadequada uniformização do pessoal (sobretudo, falta de capacete, luvas e botas).
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