Concorrência aos ‘micheiros’
SERVIÇO. HR atende mais de 20 solicitações, por semana, concorrendo com os ‘micheiros’ que se concentram nas portas das instituições públicas. Empresa declara-se como “a melhor solução” para enfrentar a burocracia no tratamento de documentos. A HR, uma empresa de prestação de serviços de intermediação no tratamento de documentos, fundada em 2013, factura mensalmente cerca de um milhão de kwanzas. O negócio prospera com clientes particulares e algumas empresas e disputa o mercado com os também conhecidos ‘micheiros’, ou ‘intermediários’, que se concentram às portas das diversas instituições públicas como serviços notariais e de identificação e nos postos dos Serviços de Migração de Estrangeiros, apresentando-se como uma solução para quem quer resolver problemas burocráticos. A ideia de constituir a empresa surgiu quando Hélder Rocha trabalhava na biblioteca de uma universidade. Além de digitar os trabalhos académicos dos estudantes, notou que alguns deles não tinham tempo para tratar documentos. Como também foi profissional de ‘relações públicas’, passou a assumir estas tarefas mediante uma remuneração, o que o inspirou a criar a HR, Prestação de Serviço e Entretenimento, que arrancou com um investimento inicial de 2,6 milhões de kwanzas, de poupanças do próprio. Hoje, a pequena empresa atende, semanalmente, mais de 20 solicitações de clientes para vários serviços, desde o registo criminal, passaporte, vistos de trabalho, entre outros tipos de documento. Quando precisa de assinatura ou de impressão digital, marca-se o dia e a hora para o cliente cumprir com o procedimento sem que tenha de esperar muito tempo. “Não influenciamos nos processos, simplesmente ajudamos o utente a preparar o processo e a dar entrada na instituição que deseja tratar o referido documento”, explica o empreendedor. Como exemplo, Hélder Rocha esclarece que, quando alguém pretende obter um passaporte, a HR trata e preenche a documentação necessária, notifica o cliente sobre a data em que deve dar entrada do processo e dá-lhe seguimento, procedendo ao levantamento. Hélder Rocha faz questão de marcar a diferença entre a sua empresa e os ‘micheiros’: “O nosso serviço está estruturado, a começar pelo facto de ser autorizado, possui licença dos Ministérios do Comércio e da Cultura, tem um endereço fixo e, independentemente do serviço que o cliente necessite, é facturado, são cumpridos os ‘timings’, porque não se trata apenas de um compromisso verbal.” Por isso, critica quem prefere contratar os intermediários na rua, “correndo vários riscos”, quando já existem empresas a prestar esses serviços. No entanto, reconhece que a intermediação de documentos em Angola ainda se encontra “numa fase inicial”, embora vá “ganhando corpo”, sobretudo por causa do “elevado número de burlas, falsificações e outros riscos”, embora seja uma prática consolidada na Europa e no Brasil. “Muitos dos intermediários que deambulam por Luanda recorrem, por vezes, à nossa prestação de serviços, fazendo-se passar por clientes, sobrefacturando”. Os preços praticados pela HR dependem do serviço prestado e incluem uma taxa normal ou de urgência, incluindo, por vezes, a entrega ao domicílio. Por exemplo, para um atestado de residência, cujo preço oficial é mil kwanzas, a agência cobra quatro mil kwanzas. Brevemente, promete lançar o Centro de Documentação e Informação (CID), a ser construído na centralidade do Sequele, Cacuaco, que vai prestar serviços integrados, apoiados ainda por um ‘call center’ para ajudar estrangeiros e angolanos a localizar monumentos e sítios e serviços públicos e fornecendo informações de utilidade pública, bem como vai servir também para acolher a intermediação de documentos com vários pontos de recolha em Luanda, num projecto que conta com a parceria de várias instituições do Estado. Além disso, a HR possui 10 motorizadas que fazem entrega de refeições de algumas cozinhas e apoiam outras empresas. A aposta no transporte motorizado faz parte dos projectos do jovem empreendedor.
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