Agricultura de subsistência em solos “empobrecidos”
INVESTIGAÇÃO. Maioria dos agricultores não realiza estudos dos solos antes da produção. Análise só é feita depois de perdidads avultadas somas de dinheiro. Laoratórios que poderiam fazer as análises foram inaugurados e não funcionam por falta de técnicos. A metodologia de tratamento dos solos, usada pelos agricultores de Cacuaco, “é errada”, o que faz com que os solos estejam empobrecidos, refere um estudo publicado em Luanda pela investigadora Márcia Gaspar, ligada ao laboratório central do Ministério da Agricultura. Denominado ‘A Fertilidade dos solos predominantes em Angola’, o estudo explica que os pequenos agricultores realizam a fertilização, a cada cultura, e que nesse processo, devido à salinidade, a decomposição da matéria-prima orgânica não é feita de modo a que as culturas absorvam nutrientes. Com uma agricultura predominantemente familiar, feita por centenas de agricultores, a zona da Funda e Sequele produz essencialmente hortícolas e tubérculos, que abastecem essencialmente os mercados do ‘Sábado’ e do ‘30’, em Viana, Luanda. A autora do estudo, em conversa aberta na estreia do projecto ‘StartupGrind’, realizado pela empresa Acelera Angola, em Luanda, frisou que a maioria dos agricultores em Angola não realiza estudos dos solos antes de investir em projectos agrícolas. Como resultado, muitas vezes, perdem-se “avultadas somas de dinheiro, na produção de culturas que não deviam ser feitas em determinadas zonas”. A investigadora explica, por isso, que, para o caso de Cacuaco, o problema dos solos pode ser amenizado com uma análise prévia antes da produção, conservação e a calagem que reduz a acidez para diminuir a degradação. Márcia Gaspar afirma que pretende ampliar a investigação para outras províncias de modo a contribuir para que os pequenos agricultores não percam investimento em culturas que não são propícias para determinadas localidades. Apenas dois laboratórios funcionam A análise e a avaliação dos solos em Angola só podem ser feitas em dois laboratórios, porque muitas destas unidades, em quantidade que a pesquisadora não soube avançar e que foram montadas e inauguradas, estão fechadas por falta de recursos humanos. Dos laboratórios que existem no país para análises de solos apenas dois funcionam, sendo um em Luanda e outro no Huambo. No de Luanda, trabalham apenas oito técnicos químicos, que fazem as análises das restantes províncias. O Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) é uma das instituições com laboratórios de análises de solo que não funcionam por falta de recursos humanos, segundo a agrónoma Márcia Gaspar. A própria engenheira admitiu que não se formou nessa área e que, quando começou a trabalhar, não sabia o que ia fazer. “Consegui praticando”, confessa, comentando que, normalmente, no país, quem estuda Engenharia Química vai trabalhar nas petrolíferas. “Em Angola, se uma entidade decidir abrir um laboratório e procurar por técnicos para trabalharem em solos, é difícil encontrar”, observa, referindo à carência de recursos humanos qualificados.
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