TELECOMUNICAÇÕES. Angola tem mais de 10,3 milhões de utilizadores da rede móvel 87,3% dos quais correspondem à Unitel. Mas faltam quase três milhões de cartões fazerem o registo obrigatório. Angola registou, até Outubro deste ano, 10,4 milhões de cartões da telefonia móvel e fixa, revelou o Instituto Angolano das Comunicações (Inacom) ao VALOR, com dados obtidos depois de se ter iniciado a obrigatoriedade de se registarem os números de telefone. Dados oficiais indicavam, em 2016, que Angola tinha cerca de 13 milhões de utilizadores de telemóveis, o que significa que haverá cerca três milhões de registos por fazer, descontados os números que terão entrado em funcionamento este ano. Do total de utilizadores, a operadora Unitel detém nove milhões, cerca de 87%, e a Movicel, 1,3 milhões. De acordo com os dados do Inacom, a Unitel registou 95% dos seus clientes, a Movicel 71% e a operadora estatal Angola Telecom apenas 37,5%. Neste último caso, a percentagem representa 57 mil clientes. O registo obrigatório iniciou-se em 2015 e o Governo apresentou, como razões para ter adoptado a medida, a prevenção dos “efeitos maléficos e criminais, desvirtuadores dos bons usos e costumes socioculturais do país com o combate ao uso abusivo por algum segmento da sociedade das redes e serviços de comunicações electrónicas”. O procedimento mostrou não ser “uma tarefa fácil”, chegou a admitir o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e Comunicação, Carvalho da Rocha, que defendeu a “necessidade de garantir o uso das tecnologias de um modo cada vez mais seguro”. “Pedimos desculpas pelos transtornos causados aos utentes, mas era importante fazer esse exercício”, chegou a reiterar o governante, em conferência de imprensa de balanço do sector das comunicações. Bloqueio em vigor As operadoras de telefonia já começaram a efectuar o bloqueio dos cartões de utentes que não efectuaram o registo, segundo o presidente do conselho de administração, do Inacom, ao VALOR, António Benge. “Muitos números já estão bloqueados e o processo vai continuar nos próximos tempos se os utilizadores não efectuarem o registo”, alertou, sem, no entanto, revelar números. O bloqueio dos números ocorre 30 dias depois de as operadoras efectuarem avisos aos clientes. Após o fim desse tempo, o número é bloqueado definitivamente e os saldos revertidos para o Fundo de Apoio às Comunicações (FADCOM). Líderes do mercado Os últimos dados estatísticos do Inacom dão conta que Angola contava, até ao ano passado, com 13 milhões de usuários de telemóveis. O país tem ainda 4,1 milhões de utilizadores de internet, 304.493 da rede fixa. A Unitel liderava o mercado da telefonia móvel, com 73%, enquanto os clientes da Movicel correspondem a 27%. Na rede fixa, a Angola Telecom é a ‘campeã’ com 68% da quota de mercado, a MS Telecom com 18%, a TV Cabo com 12% e a Startel com apenas 2%.
Isabel Dinis
Vendas de viaturas recuam mais de 90% desde a crise
VIATURAS. Sector automóvel foi dos mais ressentidos pela crise. Associação só prevê melhorias em 2019 e 2020. Até Outubro, houve uma redução de 53,7% comparando a igual período do ano passado. O mercado automóvel continua em queda livre desde que Angola começou a ressentir-se da queda do preço do petróleo no mercado internacional. Até final do ano, prevê-se que a venda de viaturas recue 90,2%, face a 2014. Segundo dados provisórios da Associação dos Concessionários de Equipamentos de Transportes Rodoviários (Acetro), que controla 24 concessionárias no sector automóvel, e 42 marcas, Angola vendeu, em 2014, 44.536 viaturas e, até final do ano, prevê vender apenas 4.324 unidades. O mercado vem apresentando resultados sombrios sucessivos desde o início da crise económica e financeira. Depois das 44.536 viaturas em 2014, no ano seguinte, as vendas recuaram para menos da metade para 20.584. No ano passado, mais uma queda menos da metade para 9.178 viaturas comercializadas. Segundo os dados da Acetro, até Outubro deste ano, houve uma redução homóloga de 53,7%, tendo sido vendidas 3.771 viaturas, contras as 8.153 de 2016. E, ao contrário dos discursos recentes mais optimistas para o próximo ano, a associação não prevê agora melhorias em 2018. A previsão é de que sejam vendidas apenas 3.908 viaturas, o que representaria uma redução de 9,6% face a 2017. O cenário só ganha contornos mais risonhos, segundo as previsões, em 2019 e 2020. Em 2019 prevê-se a venda de 7.492 viaturas e, em 2020, 11.142. Fiat, a mais vendida A Fiat foi a líder das marcas mais vendidas este ano. A concessionária Autostar, representante da marca em Angola, vendeu 611 viaturas. Seguem-se a KIA, com 411 carros vendidos, pela Imporáfrica; Renault com 336 vendidos pela TDA, e a Chevrolet com 292, vendidas pela VAUCO. A venda de veículos de luxo, como Porsche, Jaguar e Chrysler foi a que mais se ressentiu nesses anos. Desde o ano passado que não é vendida uma única viatura de marca Porsche ou Jaguar.
“Não é fácil reestruturar a Angola Telecom”
TELECOMUNICAÇÕES. Empresa está a ser gerida por uma direcção interina desde o ano passado. Ministro reitera responsabilidades de a tornar competitiva, mas reconhece estar “preocupado”. A reestruturação da Angola Telecom “não está a ser um processo fácil” pelo estado em que se encontra, e o Executivo está “bastante preocupado” com a empresa, reconheceu o ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e Comunicação, em conferência de imprensa. Apesar de admitir as dificuldades, José Carvalho da Rocha não rejeita a “responsabilidade de fazer com que a Angola Telecom seja uma empresa importante no mosaico de operadoras do mercado”. O governante evitou confirmar se a empresária Isabel dos Santos coordena, efectivamente, a reestruturação da empresa como se veiculou no início do processo, no ano passado. “Está apenas a ser monitorada pelo Estado e apenas pelo Estado”, reafirmou, esquivando-se a referir o nome ou a participação de Isabel dos Santos no processo de reestruturação da Angola Telecom. A operadora, que tem apresentado resultados financeiros sucessivamente negativos, tem uma direcção interina desde o início do ano passado. O Estado desencadeou procedimentos para a privatização de 45% do capital da empresa, que, entretanto, já recebeu o título que a habilita a funcionar como terceiro operador da rede móvel nacional. A alienação insere-se no recente ‘Plano Intercalar’ aprovado pelo Presidente da República. Mas a ideia de privatizar a empresa e vender os activos não é nova. Em decisão governamental, assinada pelo ex-Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no início do ano passado, o Executivo criou uma comissão interministerial responsável por conduzir o processo de reestruturação da Angola Telecom que previa a identificação, em 90 dias, dos activos da empresa a alienar. Num edital tornado público pelo Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, na semana passada, o Governo confirma a atribuição à Angola Telecom do Título Global Unificado, que transforma a empresa no “terceiro operador de telefonia móvel, além de estar permitida a prestar qualquer serviço de comunicações electrónicas, com base em qualquer tipo de tecnologia”, ao abrigo do Plano Estratégico sobre o Regime de Licenciamento dos operadores de comunicações electrónicas (PERL), aprovado em Junho de 2016. A Angola Telecom é uma empresa pública de telecomunicações e multimédia, fundada em 1992, resultado da fusão da ENATEL e EPTEL, e disponibiliza serviços comerciais de voz e dados.
COMÉRCIO. Conceito de operador ‘especial’ já funciona na Europa e em alguns países africanos e vai entrar em Angola. Concorrem para esse estatuto empresas sem dívidas ao fisco e sem infracções aduaneiras “significativas” nos últimos cinco anos. A Administração Geral Tributária (AGT) vai implementar o programa denominado Operador Económico Autorizado (OEA), que visa facilitar os exportadores e importadores nacionais a acelerar procedimentos administrativos, ‘livrando-se’ de processos burocráticos. O projecto de lei, que traz para Angola esse conceito, já foi concluído, restando apenas a aprovação para a posterior entrada em vigor, explicou o chefe de departamento de tarifas da AGT, Santos Mussano, durante um evento em que foram abordadas as exportações. A figura do operador especial já vigora em muitos países da Europa e em alguns de África, sendo parte de uma convenção da Organização Mundial das Alfândegas, que visa facilitar o comércio. Concorrem para esse estatuto os operadores sem dívidas ao fisco, sem infracções aduaneiras significativas nos cinco anos imediatamente anteriores ao ano de adesão. Para poderem aderir a esse procedimento aduaneiro especial, as empresas vão ser submetidas a um concurso livre. A AGT, após o processo, realiza vistorias e procede à selecção dos operadores que considera de “confiança”. Segundo o responsável da AGT, o projecto prevê que, em todas as delegações e postos aduaneiros, haja técnicos especializados para tratar apenas das exportações e importações. “Quando o operador for de confiança, não precisaremos de verificar a sua mercadoria depois de aprovada a lei. Pode pagar depois do processo e aceitarmos até declarações verbais. Por ser mesmo uma empresa de segurança”, garantiu Santos Mussano. Mundialmente, a figura do OEA começou a ser implementada em 2005 e está presente em mais de 70 países, com todos a seguirem as directrizes estabelecidas pela Organização Mundial das Alfândegas. EXPORTAÇÕES ISENTAS Santos Mussano considerou ainda que a nova versão da pauta aduaneira também prevê facilitar a exportação. “Ao exportador apenas vamos exigir o básico, como documentos de transporte para o cálculo das taxas de serviços que a AGT cobra. Os demais poderão ser apresentados em 30 dias.” A exportação da mercadoria nacional passa a ser, na nova Pauta Aduaneira, isenta de taxas, mas a reexportação vai ficar agravada em 20%, como tributo por se vender noutros países bens importados por Angola. Esta taxa de reexportação passa a ser unicamente ajustável aos produtos nacionalizados. O Governo rejeita a ideia de proteccionismo e lembra que é apenas aplicável aos produtos importados por Angola quando forem exportados e não à produção nacional. Para promover as exportações nacionais, a taxa vai passar dos actuais 1% para os 0,5%.
TAAG perde 100 milhões kz com taxa sobre a carga...
AVIAÇÃO. Companhia aérea nacional sente-se lesada com o pagamento da taxa referente ao transporte de cargas em trânsito, suportada pela ratificação de um decreto legislativo presidencial de 2014. A TAAG já perdeu cerca de 100 milhões de kwanzas desde a implementação, no ano passado, da cobrança de emolumentos gerais aduaneiros da carga em trânsito, revelou uma fonte da companhia ao VALOR. A introdução da taxa vem expressa na rectificação que foi feita, em Janeiro de 2014, ao decreto legislativo presidencial que aprovou a pauta aduaneira. A correcção revogou as isenções de pagamento de emolumentos gerais aduaneiros em benefício de qualquer pessoa singular ou colectiva, pública ou privada e passou a vigorar em Outubro do ano passado. O emolumento de 35.200 kwanzas é cobrado pela Administração Geral Tributaria (AGT) às companhias aéreas que transportam carga em trânsito por Luanda, seja ela com destino doméstico, regional ou intercontinental. O pagamento da referida taxa, que começou a vigorar “de um dia para outro, é uma forma de o Estado arrecadar mais receitas, mas que peca, visto que a mais lesada é a TAAG por ter o monopólio doméstico. As outras companhias não fazem voos domésticos”, explica a fonte, acrescentando que, se a TAP ou outra companhia prestar o serviço de trânsito, a mercadoria depois é remetida à TAAG que tem de pagar esse valor. O custo mínimo da carga nas rotas internacionais é de 40 dólares, mas, se chegada a Luanda, esta mesma mercadoria transitar para outra província, a TAAG é obrigada a pagar a referida taxa de 35.200 kwanzas. “Esse valor é superior ao valor que cobramos ao cliente pelo transporte”, reclamou a fonte. “A AGT diz que é uma taxa e eu digo que é uma taxa muito cara. A solução passa por aumentar o valor da carga para o consumidor ou arcamos o valor, daí as perdas”, reforçou. Segundo apurou o VALOR, a companhia já apresentou, formalmente, o seu descontentamento ao Ministério dos Transportes que, por sua vez, fez chegar à AGT, “mas ainda não obtivemos uma resposta”. Primeiro semestre com lucros Apesar do prejuízo com as taxas, a companhia registou um crescimento de 78% nos lucros derivados do transporte de cargas, no primeiro semestre do ano em curso em comparação ao período homólogo, segundo nota distribuída no passado mês de Agosto. O referido resultado positivo no negócio do transporte de cargas, porém, não teve reflexo no resultado global da companhia. No documento, a companhia apresenta a impossibilidade de abastecer em mercados onde o combustível custa menos, comparativamente ao país, como uma das situações que impediram que tivesse um resultado positivo. “Se não fosse a redução no subsídio de combustível e a provisão para o passivo fiscal, a companhia teria sido lucrativa. O prejuízo é ainda agravado pelo facto de a TAAG ter de abastecer as suas aeronaves com o máximo combustível permitido em Luanda, onde é mais caro, na impossibilidade de o poder fazer nas escalas do exterior, onde o combustível é mais barato, devido à escassez de divisas”, explicava a companhia. A transportadora anunciou ainda prejuízos de 12 milhões de dólares no primeiro semestre, mais do dobro do saldo negativo do ano passado, o que atribui a dívidas de 2010. A TAAG está a ser gerida por uma comissão de gestão, liderada por Joaquim Teixeira da Cunha, nomeada em Julho do ano em curso, na sequência da rescisão unilateral do contrato de gestão pela Emirates Airlines, que alegou dificuldades na transferência de divisas. Durante a gestão da Emirates, a companhia foi liderada pelo inglês Peter Hill e a sua administração havia anunciado, no final de 2016, a poupança de 70 milhões de dólares, de um objectivo projectado em 100 milhões em três anos de gestão.
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