ANGOLA GROWING
Isabel Dinis

Isabel Dinis

IMPORTAÇÃO. Operação ‘Carne Fraca’ não impediu as importações de Angola ao Brasil. Compras de Janeiro a Julho deste ano foram superiores a 11 mil toneladas.

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Angola continua a ser um dos maiores importadores de carne do Brasil, mesmo depois do escândalo apelidado de ‘Carne Fraca’, baseado numa operação da Polícia Federal brasileira às maiores empresas do ramo, acusadas de adulteração do produto comercializado internamente e exportado.

No seguimento da investigação, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural também proibiu a importação de carne das 21 empresas brasileiras visadas, mas os números do primeiro semestre indicam que o escândalo não teve efeitos nas compras angolanas.

De Janeiro a Julho deste ano, o país gastou 42,5 milhões de dólares na importação de 11.729 toneladas de carne do Brasil, o que representa um aumento de 160% em relação ao mesmo período do ano passado, altura em que as importações se fixaram nos 16,3 milhões de dólares para 5.065 toneladas, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

O país é o décimo quinto maior importador do ‘gigante’ da América Latina e foi o segundo maior importador africano neste período a seguir ao Egipto. A lista dos maiores importadores continua a ser liderada por Hong-Kong e pela China, apesar das reservas levantadas por esses dois territórios à carne brasileira. A carne ‘in natura’ foi a mais importada por Angola até Julho e também a mais exportada pelo Brasil. Foram no total 4.287 toneladas, com Angola a figurar na vigésima posição entre os maiores importadores. Nas exportações de carne salgada, Angola lidera a lista, seguida dos Estados Unidos.

O país comprou 3.767 toneladas por 19,8 milhões de dólares. O resto da compra foi preenchido pela carne designada por ‘miúdos’ e pela industrializada. O Ministério da Agricultura, através de um despacho de 9 de Maio, assinado pelo ministro Marcos Nhunga, proibiu as importações a 21 estabelecimentos empresariais visados no processo, cujas irregularidades foram confirmadas pelas autoridades brasileiras.

O despacho referia que os laboratórios nacionais de controlo e qualidade alimentar deveriam proceder à análise e certificação de todas as mercadorias à chegada e a necessidade de reforçar a inspecção e a fiscalização das carnes provenientes do Brasil.

Assim como as carnes bovinas, Angola tem sido também dos mercados que mais contribuem para o crescimento das exportações brasileiras de carne de frango, segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Em entrevista a uma agência de notícias no Brasil, Turra declarou que a operação ‘Carne Fraca’ acabou por ter um efeito contrário nos operadores angolanos e que as compras tinham “voltado com muito mais força”.

Além de Angola, alguns países africanos como o Congo, Benim, Moçambique também aumentaram as compras de frango, revelou o empresário. A estimativa é de que 63% dos países africanos estejam a comprar a carne do Brasil.

IMPORTAÇÃO. Operação ‘Carne Fraca’ não impediu as importações de Angola ao Brasil. Compras de Janeiro a Julho deste ano foram superiores a 11 mil toneladas.

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Angola continua a ser um dos maiores importadores de carne do Brasil, mesmo depois do escândalo apelidado de ‘Carne Fraca’, baseado numa operação da Polícia Federal brasileira às maiores empresas do ramo, acusadas de adulteração do produto comercializado internamente e exportado.

No seguimento da investigação, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural também proibiu a importação de carne das 21 empresas brasileiras visadas, mas os números do primeiro semestre indicam que o escândalo não teve efeitos nas compras angolanas.

De Janeiro a Julho deste ano, o país gastou 42,5 milhões de dólares na importação de 11.729 toneladas de carne do Brasil, o que representa um aumento de 160% em relação ao mesmo período do ano passado, altura em que as importações se fixaram nos 16,3 milhões de dólares para 5.065 toneladas, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC).

O país é o décimo quinto maior importador do ‘gigante’ da América Latina e foi o segundo maior importador africano neste período a seguir ao Egipto. A lista dos maiores importadores continua a ser liderada por Hong-Kong e pela China, apesar das reservas levantadas por esses dois territórios à carne brasileira. A carne ‘in natura’ foi a mais importada por Angola até Julho e também a mais exportada pelo Brasil. Foram no total 4.287 toneladas, com Angola a figurar na vigésima posição entre os maiores importadores. Nas exportações de carne salgada, Angola lidera a lista, seguida dos Estados Unidos.

O país comprou 3.767 toneladas por 19,8 milhões de dólares. O resto da compra foi preenchido pela carne designada por ‘miúdos’ e pela industrializada. O Ministério da Agricultura, através de um despacho de 9 de Maio, assinado pelo ministro Marcos Nhunga, proibiu as importações a 21 estabelecimentos empresariais visados no processo, cujas irregularidades foram confirmadas pelas autoridades brasileiras.

O despacho referia que os laboratórios nacionais de controlo e qualidade alimentar deveriam proceder à análise e certificação de todas as mercadorias à chegada e a necessidade de reforçar a inspecção e a fiscalização das carnes provenientes do Brasil.

Assim como as carnes bovinas, Angola tem sido também dos mercados que mais contribuem para o crescimento das exportações brasileiras de carne de frango, segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Em entrevista a uma agência de notícias no Brasil, Turra declarou que a operação ‘Carne Fraca’ acabou por ter um efeito contrário nos operadores angolanos e que as compras tinham “voltado com muito mais força”.

Além de Angola, alguns países africanos como o Congo, Benim, Moçambique também aumentaram as compras de frango, revelou o empresário. A estimativa é de que 63% dos países africanos estejam a comprar a carne do Brasil.

DESPORTO. Muita polémica e dinheiro estiveram envolvidos naquela que foi considerada a transferência mais cara do futebol. Neymar Júnior sai do Barcelona e entra para o Paris Saint-Germain. De Neymar a James Rodriguez, relembre as transferências mais caras da história desta modalidade.

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Neymar da Silva Júnior é o nome que está a fazer correr muita tinta no mundo do futebol e não só. O futebolista, de apenas 25 anos, protagonizou a transferência mais cara de sempre, na semana passada, ao pagar 222 milhões de euros da cláusula de rescisão de contrato com o FC Barcelona, para jogar no Paris Saint-Germain (PSG).

O final da história terminou com a confirmação do clube catalão do depósito dos valores estipulados na rescisão do contrato e a confirmação oficial do clube francês. Numa breve nota no site oficial do Paris Saint-Germain, o clube informou que Neymar assinou por cinco épocas, até Julho de 2022, e que vai jogar com a camisola número 10.

Com a confirmação oficial, o jogador passou a valer quase o dobro da segunda maior transferência do futebol, que foi por 117 milhões de euros. O valor foi pago quando o francês Paul Pogba deixou a Juventus para rumar para o Manchester United.

O pagamento da rescisão do contrato de Neymar efectivou-se depois de Liga espanhola ter recusado o cheque de 222 milhões de euros enviados por emissários de Neymar. O presidente da organização que representa os clubes e organiza o campeonato em Espanha, Javier Tebas, chegou a acusar o Paris Saint-Germain de concorrência desleal, “doping financeiro” e das injecções de capital terem proveniência de países estrangeiros, como o Qatar.

Antes de ter destronado Paul Pogba do ‘pódio’, Neymar já fazia parte da lista das 10 transferências mais caras do mundo. Neymar saiu, em 2013, do clube brasileiro Santos para o Barcelona por mais de 80 milhões de euros.

Na lista das cinco maiores transferências mundiais e que agora é ocupada por Neymar, fazem parte jogadores como Paul Pogba, Gareth Bale, Cristiano Ronaldo e Gonzalo Higuaín. Gareth Bale assinou pelo clube espanhol, Real Madrid, depois de deixar o Tottenham, por 101 milhões de euros. A transferência de Bale, em 2013, fez na altura “descoroar” o português Cristiano Ronaldo da primeira posição, que se tinha transferido do Manchester United para o Real Madrid por 94 milhões de euros. O ‘top 5’ é ocupado pela transferência de Gonzalo Higuain, que, no ano passado, deixou o Napolis, tendo rumado para a Juventus por 90 milhões de euros.

De Barcelona a Paris: Polémica e dinheiro juntos

O brasileiro entra em Paris como já o tinha feito em Barcelona. O facto volta a envolver muito dinheiro e muita polémica a volta da transferência, misturada com a ira de alguns adeptos de Barcelona que o acusam de ser “interesseiro” ou como eles preferem “pesetero”.

Em 2011, o Barcelona terá assinado um contrato com Neymar, em que o jogador receberia 40 milhões de euros para assinar no futuro. Na altura, foi considerado que o referido contrato poderia constituir crime de corrupção privada pela justiça de Espanha, pela alteração do mercado livre de contratação de futebolistas.

Depois dessa “polémica” do contrato futuro surgiu o delito fiscal depois da transferência e o contrato para o clube de Barcelona. O clube chegou a anunciar que o valor da transferência custou 57,1 milhões de euros, quando, na verdade, estiveram mais de 80 milhões de euros envolvidos.

Os mais de 80 milhões de euros apurados por uma investigação da justiça espanhola ao clube presidido por Josep Maria Bartolomeu fez com que os catalãs pagassem duas multas no valor total de 5,5 milhões de euros, por terem sido provada as irregularidades fiscais na contratação de Neymar.

MERCADORIAS. Movimento nos portos esteve ligeiramente em baixa no primeiro trimestre do ano. Porto de Luanda, maior do país, reclamou 77,8% de toda a carga nesse período.

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Os portos nacionais registaram a entrada, no primeiro trimestre deste ano, de um total de 1,5 milhões de toneladas de mercadorias, menos 82,1 mil em relação ao período homólogo, representando uma quebra de 5,13%, segundo dados do Conselho Nacional de Carregadores (CNC), a que o VALOR teve acesso.

O Porto de Luanda foi o que mais carga recebeu, mesmo tendo registado uma baixa de 6,53% em comparação a 2016. No total, a unidade absorveu 1,17 milhões toneladas de carga (77,8%), enquanto o do Lobito reclamou 211,2 mil toneladas (13,9%).

Seguiram-se os Portos do Namibe, Cabinda, Amboim e o do Soyo com 21,7 mil (ver gráfico abaixo sobre importação). Em relação a quebras, o Porto de Cabinda recebeu menos 23,59% de carga em relação ao período homólogo, o do Lobito 6,93%. Em sentido contrário, andaram os Portos do Namibe (mais 5,68%), Soyo (mais 12,02%) e Amboim (mais 861,87%) que registaram variação positiva na carga desembarcada. Na vertente exportação, o Porto do Namibe liderou com 73,15% da carga, seguido dos Portos do Soyo, com 12,8% e de Luanda com 10,16%, com este último a registar, nesse período, o maior fluxo de unidades contentorizadas.

No total, foram 53.602, o que representou 82,5% do total de unidades que saiu no país durante o período. O registo representa um aumento de 0,22%, face ao período homólogo. Em termos percentuais, foi, entretanto, o Porto Amboim o que obteve o maior registo, atingindo uma variação positiva superior a 92%.

O Porto do Lobito, com mais 37,77%, e o Porto do Soyo, com mais 33,46%, seguiram-se. De um modo geral, segundo o relatório, houve um aumento de 2,24% no número de contentores de cargas, face ao primeiro trimestre do ano passado.

Ásia na liderança

A Ásia lidera a lista dos continentes que mais exportaram para Angola no período em referência, reclamando 39,5% para 599,6 mil toneladas. Entretanto, o continente registou uma queda de 10,22%.

A Europa foi o segundo com 35,3% do total (535,107,82 toneladas), seguida da América do Sul (13,1%).

Tailândia, Portugal e Brasil foram os países que mais exportaram para Angola. Segundo o relatório do CNC do primeiro trimestre, registou-se 13,3% da quota das exportações e uma variação positiva de mais 171,28% relativamente ao mesmo período de 2016.

INVESTIGAÇÃO. Maioria dos agricultores não realiza estudos dos solos antes da produção. Análise só é feita depois de perdidads avultadas somas de dinheiro. Laoratórios que poderiam fazer as análises foram inaugurados e não funcionam por falta de técnicos.

 

A metodologia de tratamento dos solos, usada pelos agricultores de Cacuaco, “é errada”, o que faz com que os solos estejam empobrecidos, refere um estudo publicado em Luanda pela investigadora Márcia Gaspar, ligada ao laboratório central do Ministério da Agricultura.

Denominado ‘A Fertilidade dos solos predominantes em Angola’, o estudo explica que os pequenos agricultores realizam a fertilização, a cada cultura, e que nesse processo, devido à salinidade, a decomposição da matéria-prima orgânica não é feita de modo a que as culturas absorvam nutrientes.

Com uma agricultura predominantemente familiar, feita por centenas de agricultores, a zona da Funda e Sequele produz essencialmente hortícolas e tubérculos, que abastecem essencialmente os mercados do ‘Sábado’ e do ‘30’, em Viana, Luanda. A autora do estudo, em conversa aberta na estreia do projecto ‘StartupGrind’, realizado pela empresa Acelera Angola, em Luanda, frisou que a maioria dos agricultores em Angola não realiza estudos dos solos antes de investir em projectos agrícolas. Como resultado, muitas vezes, perdem-se “avultadas somas de dinheiro, na produção de culturas que não deviam ser feitas em determinadas zonas”.

A investigadora explica, por isso, que, para o caso de Cacuaco, o problema dos solos pode ser amenizado com uma análise prévia antes da produção, conservação e a calagem que reduz a acidez para diminuir a degradação. Márcia Gaspar afirma que pretende ampliar a investigação para outras províncias de modo a contribuir para que os pequenos agricultores não percam investimento em culturas que não são propícias para determinadas localidades.

Apenas dois laboratórios funcionam

A análise e a avaliação dos solos em Angola só podem ser feitas em dois laboratórios, porque muitas destas unidades, em quantidade que a pesquisadora não soube avançar e que foram montadas e inauguradas, estão fechadas por falta de recursos humanos.

Dos laboratórios que existem no país para análises de solos apenas dois funcionam, sendo um em Luanda e outro no Huambo. No de Luanda, trabalham apenas oito técnicos químicos, que fazem as análises das restantes províncias.

O Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) é uma das instituições com laboratórios de análises de solo que não funcionam por falta de recursos humanos, segundo a agrónoma Márcia Gaspar.

A própria engenheira admitiu que não se formou nessa área e que, quando começou a trabalhar, não sabia o que ia fazer. “Consegui praticando”, confessa, comentando que, normalmente, no país, quem estuda Engenharia Química vai trabalhar nas petrolíferas. “Em Angola, se uma entidade decidir abrir um laboratório e procurar por técnicos para trabalharem em solos, é difícil encontrar”, observa, referindo à carência de recursos humanos qualificados.