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Valor Económico

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Um acordo de financiamento avaliado em 265 milhões e 800 mil dólares norte-americanos foi aprovado em despacho presidencial, para a cobertura do projecto do sistema de transporte de energia associado ao aproveitamento hidroeléctrico de Laúca.

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O acordo financeiro será celebrado entre Angola, representada pelo Ministério das Finanças, e o Banco Standard Chatered, de acordo com o diploma a que a Angop teve acesso, publicado em Diário da República, de 12 de Julho. Este acordo a celebrar está enquadrado na estratégia do Governo no que concerne à diversificação das fontes de financiamento para a cobertura de projectos de investimentos públicos.

O diploma já em vigor justifica a aprovação deste acordo, no quadro da necessidade de se implementarem os projectos integrados no programa de investimento público, tendo em conta a política de investimento para o desenvolvimento económico e social do país. Assim sendo, o ministro das Finanças é autorizado a proceder à assinatura do referido acordo de financiamento e toda a documentação relacionada com o mesmo.

A barragem de Laúca, em construção desde 2012 no rio Kwanza, poderá produzir 2.070 megawatts de energia. O enchimento da albufeira da barragem para aprovisionar água suficiente para gerar energia iniciou a 11 de Março deste ano.

COOPERAÇÃO. Acordo é o primeiro a formalizar retoma das relações entre Angola e a AFD, após interregno de 22 anos.

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O ministro das Finança, Archer Mangueira, e o embaixador de França em Angola, Sylvain Itté, assinaram o documento que prevê o financiamento de três sectores, nomeadamente águas, energia e agricultura.

No sector das águas, as verbas servirão para reforçar o Projecto de Desenvolvimento Institucional do Sector das Águas (PDISA), que precisava de mais de 500 milhões de dólares, entretanto já garantidos, por via do co-financiado tripartido, Banco Mundial, Governo angolano (que não revelaram os respectivos montantes) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), que vai desembolsar, ainda este ano, 150 milhões de dólares.

Há 22 anos, Angola e a AFD interromperam as relações, com a entidade francesa a encerrar os seus escritórios em Luanda, por razões que a directora regional daquela instituição para África Austral, Martha Stein, considera “do passado”. O memorando, assinado na sexta-feira, é assim o primeiro que marca o restabelecimento das relações, facilitadas pelo antigo presidente francês, Francois Hollande, aquando da sua visita a Angola, segundo explicou Martha Stein.

O PDISA prevê beneficiar 950 mil habitantes, de nove provincias, designadamente Bié, Huíla, Huambo, Malanje, Moxico, Kwanza-Norte, Uíge, Kuando-Kubango e Zaire.

O projecto governamental prevê a reabilitação e expansão das infra-estruturas do sistema de abastecimento de água, além da construção de mais redes de distribuição e de ligações domiciliares nas zonas periurbanas.

A AFD afirma estar “empenhada” também em apoiar Angola no desenvolvimento dos projectos de energia e agricultura, com Martha Stein a garantir também financiamento para ambos os sectores. O destaque vai para a reabilitação e modernização da barragem do Biopo, na provincia de Benguela. Nestes dois sectores, os valores ainda não foram anunciados, estando as equipas técnicas da AFD e do Governo a trabalhar no assunto. Os financiamentos concedidos pela AFD têm um prazo de reembolso de 20 anos, com sete de carência.

REESTRUTURAÇÃO. Cursos técnicos leccionados nas universidades vão ser ajustados às necessidades do país. A partir de 2018, quem estudar electromecânica, por exemplo, terá mais horas de aulas práticas. O projecto é do Ministério do Ensino Superior com o apoio de França.

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Os cursos de engenharias leccionadas nas instituições do ensino superior deverão, a partir do próximo ano, apresentar uma nova grelha curricular, no quadro de reestruturação que está a ser desenvolvida pelo Ministério do Ensino Superior (MES).

Trata-se, numa primeira fase, das engenharias electrotécnica, electromecânica, agrária e mecânica que vão beneficiar de instrução adequada para potenciar os estudantes conforme as necessidades das empresas, para facilitar o acesso ao primeiro emprego e responder às novas exigências.

De acordo com a coordenadora do projecto, Cármen dos Santos, que falava à imprensa à margem do seminário sobre ‘Desafios das formações tecnológicas superiores no contexto angolano’, realizado na passada semana, em Luanda, a iniciativa, que conta com a cooperação de empresas francesas e nacionais, beneficiou de um inquérito e de pesquisas para se preparar o currículo dos cursos no próximo ano académico (2018/2019).

Em declarações ao VALOR, a responsável avançou que a ideia é atribuir 80% da carga horária às aulas práticas, “uma realidade que as instituições de ensino superior ainda não experimentam nessa proporção e que já é bastante notável em universidades francesas”.

Os referidos cursos, quatro dos quais de licenciaturas e um de mestrado, foram seleccionados pelo MES e vão ser ministrados, inicialmente, em cinco universidades públicas. O mestrado, por exemplo, será leccionado na Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto (UAN), em Luanda. As quatro licenciaturas serão ministradas nas universidades Kimpa Vita (UNIKIVI), no Uíge; Cuito Cuanavale (UCC), no Kuando-Kubango; Mandume Ya Ndemufayo (UMN), Huila e José Eduardo dos Santos (UJES), no Huambo.

Segundo Cármen dos Santos, os cursos foram pensados e estabelecidos para êxito com empresas como a Sonangol, Total, a Cuca BGI, entre outras. “Vamos colocar lado a lado a universidade e as empresas para que uma diga quais são as suas necessidades e a outra forneça o produto final, o técnico formado segundo as necessidades das empresas”, esclareceu, avançando que, no termo da formação, vão estabelecer uma ligação com as empresas e as parcerias públicas e privadas.

“Este tipo de projectos vem potenciar a organização, enriquecer os currículos no contexto da parte técnica, dos laboratórios da forma como as instituições se podem organizar e agrupar o conhecimento teórico a prática, desde as parcerias com as empresas que estão no mercado.

Já Conselheiro de Cooperação e de Acção Cultural da embaixada de França, Sébastien Vittet, reiterou o apoio que o seu país tem dado a Angola, adiantando que esta cooperação vai permitir a organização dos conteúdos pedagógicos de engenharia a nível dos institutos superiores tecnológicos e escolas superiores politécnicas.

 Para esta empreitada, a embaixada francesa conta com peritos e envia bolseiros estudantes para França. “É uma cooperação antiga, com vários projectos e que tem surtido efeitos positivos”, concluiu.

O vice-presidente da República, Manuel Vicente, inaugura hoje (17) de Julho, a Academia de Pescas, localizada no Namibe. Trata-se de uma instituição de Ensino Superior que prevê revitalizar o sector pesqueiro em Angola. A Academia de Pescas e Ciências do Mar representa um investimento de cerca de 120 milhões de dólares, inserido no acordo de cooperação entre Angola e a Polónia.

Academia das Pescas

 

A instituição de ensino comporta seis edifícios destinados aos cursos de Engenharia de Electricidade e Electrónica, Electro-Automação Marinha, Gestão Costeira,Engenharia de Navegação, Exploração de Portos e Frotas, Engenharia Mecatrónica de Refrigeração, Computação, Desenho Técnico e Electrónica de Equipamentos de Comunicação, Processamento de Pescado, Aquicultura e Oceanografia.

Os laboratórios da Academia foram equipados por técnicos da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, através de um convénio com a Universidade Marítima de Gdynia, da Polónia. Em termos de infra-estruturas, a Academia tem área desportiva, centro de saúde e uma fábrica para compensação em termos de pescas de crustáceos (caranguejo desfiado).

A construção e o desenvolvimento tecnológico da Academia é comparável a de outros países da África Austral, considerados dos melhores, porque dispõem de tecnologia de ponta. As obras já em fase de conclusão estão a ser realizadas pela empresa polaca Navimor Internacional, após a assinatura de um contrato com o Ministério das Pescas.

Com o seu potencial rico em recursos pesqueiros e uma fauna marítima favorável, Angola tem tudo para desenvolver a “economia azul”. A Academia inclui uma Faculdade de Ciências Básicas, que vai ministrar cursos de Língua Inglesa, Informática, Química, Física, Educação Física, Direito, Contabilidade e Gestão.

O programa de formação na Academia de Pescas vai contribuir para a formação de quadros nacionais capazes de desenvolverem o sector pesqueiro do país.

Numa primeira fase, estão enquadrados 34 docentes angolanos, uns com doutoramento e outros com o mestrado feito em Portugal, Reino Unido, Itália, França, Rússia, Espanha, Polónia e Brasil, que asseguraram o funcionamento da Academia, que arrancou com 540 estudantes. Com capacidade para mais de 1.500 alunos, a instituição espera congregar nos próximos anos 131 docentes.

Construída numa área de 30 hectares, a Academia é um complexo académico, com residências para professores, piscina, salas de oficina, de máquinas e motores, espaço para aulas de preparação para extinção de incêndios e lar de estudantes.

A Sonangol fechou 2016 com mais de 1.650 mil milhões de kwanzas (10 mil milhões de dólares) em empréstimos de curto, médio e longo prazos, ainda assim uma redução face ao contabilizado no ano anterior.

 

De acordo com dados do relatório e contas da empresa, a petrolífera reduziu o valor dos empréstimos de médio e longo prazos em 18%, face aos 1,399 triliões de kwanzas contabilizados no final de 2015, para 1,144 triliões de kwanzas, o que corresponde a uma quebra de cerca de 255 mil milhões de kwanzas no espaço de um ano.

No plano inverso, o valor dos empréstimos de curto prazo subiu quase 13% no último ano, para 507,4 mil milhões de kwanzas.No total, a dívida da Sonangol aos bancos e financiadores desceu em 2016 pouco mais de 10%, o equivalente a cerca de 200 mil milhões de kwanzas.

Ainda no passivo corrente da empresa – que inclui os empréstimos de médio e longo prazo, a Sonangol aumentou a rubrica das provisões para riscos e encargos, passando de 840.762 milhões de kwanzas para 1,222 biliões de kwanza registados no final de 2016.

No total, o passivo não corrente da Sonangol agravou-se em cerca de 7% em 2016, atingindo os 2,608 triliões de kwanzas, para activos que subiram, no mesmo período, quase 25%, para 3,136 triliões de kwanzas.

Já em Abril deste ano, a Sonangol anunciou a poupança de 200 milhões de dólares (33,4 mil milhões de kwanzas) com a redução dos custos decidida depois de Junho do ano passado, quando Isabel dos Santos chegou ao conselho de administração da companhia.

No mesmo mês, o administrador para a Área de Operações que anunciou que a companhia traçara a meta de economizar 500 milhões de dólares (83,5 mil milhões de kwanzas) com a redução de custos.

O Conselho de Administração da Sonangol, num comunicado divulgado em Novembro do ano passado, revelou previsões de poupanças de 240 milhões de dólares (mais de 40 mil milhões de kwanzas) por ano em resultado de medidas tomadas durante os primeiros cinco meses de mandato.

Antes, dias depois da entrada em funções, o presidente da comissão executiva da companhia, Paulino Jerónimo, indicou à imprensa no fim de uma reunião com representantes das empresas que operam em Angola, que a meta é baixar os custos da produção de 14 dólares, naquela altura, para entre oito e dez dólares por barril.

A Sonangol, o maior grupo empresarial em Angola, só em custos com pessoal pagou 157.888 milhões de kwanzas ao longo do ano de 2016, um aumento superior a 14 por cento face ao ano anterior.

Em Dezembro de 2016, ao fim de seis meses em funções, a presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Isabel dos Santos, admitiu que a situação da petrolífera “é bastante mais grave do que o cenário inicialmente delineado”, obrigando a “decisões de gestão com carácter de urgência”.

A conjuntura da empresa, disse, “conduziu a uma situação difícil perante os credores internacionais, dificultando a capacidade de obter novos financiamentos fundamentais para a sustentabilidade das operações, manutenção dos níveis de produção, pagamentos a fornecedores e cumprimento dos seus compromissos financeiros”.

Isabel dos Santos avançou na mesma altura que a dívida financeira do grupo para 2016 estava então estimada em 9.851 milhões de dólares e que existia a “necessidade de contrair novos financiamentos”, em face dos compromissos financeiros “ainda por financiar”, para que a Sonangol “possa cumprir com os pagamentos até ao final do ano”. Esta necessidade, adiantou, totalizava mais 1.569 milhões de dólares. A administração da Sonangol foi liderada desde 2012 até à nomeação (Junho de 2016) de Isabel dos Santos pelo chefe de Estado, por Francisco de Lemos José Maria, que por sua vez sucedeu a Manuel Vicente, eleito então Vice-Presidente da República.

Nos Estados Unidos Perfuração de xisto deve diminuir

O número de plataformas de perfuração de petróleo nos Estados Unidos subiu para 763 na semana passada, o mais alto em mais de dois anos, mostrando que, apesar do comércio de petróleo abaixo de 50 dólares o barril, os exploradores de petróleo de xisto continuam a aumentar a sua actividade.

Mark Richard, da Halliburton, vice-presidente sénior de desenvolvimento e comercialização de negócios globais, vê esse número acima de mil plataformas, até o final do ano, mas não além disso. Conforme vaticina, as empresas de serviços de petróleo reduziram drasticamente as suas actividades, quando a procura também caiu, por causa dos preços do petróleo, e isso levou mais tempo do que o esperado, para reajustar a produção.

É provável que o “boom” de perfuração de xisto dos EUA diminua no próximo ano, já que a demanda no sector de serviços da indústria é insustentável, disse o chefe de desenvolvimento de negócios da Halliburton durante o WPC em Istambul.

Mark Richard disse que vê de 800 a 900 plataformas como um nível mais sustentável no médio prazo. O aumento da actividade do \"shale\" tem sido um grande benefício para empresas como a Halliburton, que fornecem equipamentos para o sector e Mark Richard disse ter conseguido elevar os preços nos EUA, devido à crescente procura.

No entanto, o apetite por equipamentos de petróleo e gás ainda é fraco, fora das Américas, disse Mark Richard. “Nós atingimos o fundo do poço no primeiro semestre deste ano e os nossos clientes estão a ficar entusiasmados com o momento, mas ainda não vemos a nossa actividade a aumentar”.