ESTA FACTURA ALGUM DIA SERÁ PAGA
Já o dissemos vezes sem conta. O combate à corrupção e a todas as práticas lesivas ao erário tinha de começar de forma efectiva a partir de alguma altura. Mas a seriedade e a legitimidade do processo dependeriam necessariamente da habilidade e da visão da liderança do país em materializar um projecto que fosse o mais justo possível aos olhos da sociedade. Afinal de contas, Angola tem uma história e circunstâncias muito específicas que determinaram e continuam a determinar o saque ao erário. Era obrigatório tê-las em conta. Por isso, por muito complexo que parecesse, João Lourenço tinha apenas duas opções. Ou capacitava e libertava as instituições da justiça de modo a que avançassem de forma autónoma e independente contra tudo e todos, condenando quando houvesse provas e inocentando quando estas não existissem. Ou inventava um pacto com o seu próprio regime que estabelecesse novas regras com benefícios directos e palpáveis para a população. João Lourenço ignorou compreensivelmente a primeira hipótese porque, levada à letra, como chegou a afirmar certa vez o economista e político Justino Pinto de Andrade, todos tinham de se apresentar à esquadra de polícia mais próxima. Seria uma espécie de ‘pequeno grande’ fim do mundo para Angola. Colocada de lado a primeira hipótese, a João Lourenço não restavam alternativas ao segundo caminho, porque a recusa deste implicaria inevitavelmente a opção pela caça às bruxas, que acarretaria custos materiais, políticos e reputacionais incalculáveis. Ao que os factos provam até ao momento, não estávamos errados.
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