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“O Valor Económico é um jornal independente de todos os poderes. Defende e cultiva as liberdades de expressão e de imprensa, rejeitando quaisquer formas de censura e/ou de pressão que favoreçam objectivos de pessoas, entidades e/ou grupos, independentemente dos motivos que os sustentam.” Este pedaço de texto resume a questão central que norteia este jornal desde a sua criação há mais de sete anos. É um trecho da ‘bíblia editorial’ do jornal, ou seja, do seu Estatuto, inscrito logo no artigo 2º.

Por razões estritas de sanidade mental, acredita-se que uma parte não negligenciável dos angolanos deixou de perder o sono, com exercícios pirotécnicos de antecipação do discurso do Presidente da República. A desilusão generalizada que leva à conservação da saúde metal como escudo contra o discurso de João Lourenço funda-se numa infinidade de argumentos. Há, entretanto, um que se destaca no conjunto de todos, a qualidade e a fiabilidade do discurso.

As más notícias sobre as previsões do crescimento económico somam e seguem. Em Setembro, o Fundo Monetário Internacional (FMI) foi obrigado a refazer as contas com o estrondo. Da anterior perspectiva de crescimento de 3,9%, a instituição viu-se obrigada a cortar 3 pontos percentuais, projectando agora uma expansão do PIB de apenas 0,9% para este ano. Pouco depois, ficámos a saber que o Governo também já tinha organizado novas estatísticas em Agosto. Inicialmente mais contido, ao inscrever no Orçamento um crescimento de 3,3%, a equipa de João Lourenço trocou de posição e de ânimo com o Fundo. E apresentou um quadro menos sombrio do que o projectado pela instituição de Bretton Woods, ao revisar o crescimento para perto dos 2% (1,9% mais precisamente).

 

Quando Giorgia Meloni respondeu a uma provocação de Emmanuel Macron, lembrando-lhe a vergonhosa e contínua pilhagem francesa em África, certamente não se tinha esquecido de que as relações internacionais se guiam essencialmente pelo pragmatismo. O que a primeira-ministra italiana quis recordar ao presidente francês é tão somente o lado sombrio desse pragmatismo na relação com uma certa África. É a imoralidade que não olha a quaisquer meios para alcançar todos os fins. Meloni refrescou a memória de Macron que a França, sem o mínimo de remorso, levou o caos à Líbia para matar Kadafi e inviabilizar importantes concessões energéticas de Tripoli a Roma. O presidente francês teve de engolir em seco, ao ouvir Meloni dizer-lhe que a França leva 30% do urânio nigerino, quando 90% da população deste país africano vive sem electricidade. 

O tema central da edição desta semana do Valor Económico destapa um ‘segredo de morte’ que inexplicavelmente esteve fora do debate público até ao momento. Por sua conta e risco, João Lourenço colocou-se numa posição de inelegibilidade à liderança do partido, no congresso ordinário que se espera para 2026. E, como detalha a matéria que dá corpo à manchete, trata-se de conclusões apoiadas por respeitados especialistas de diversas áreas, com particular realce para alguns dos mais conhecidos constitucionalistas do país.