ANGOLA GROWING
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De Janeiro a Setembro, segundo contagem da jornalista Suely de Melo, a chefe de Redacção da Rádio Essencial, o Presidente da República efectuou pelo menos 13 viagens ao estrangeiro. É uma média de quase 1,5 viagens por mês, o que estará a ter reflexos no agravamento das suas próprias contradições e no esvaziamento do seu discurso. A mais recente indicação foram as palavras que proferiu na cimeira que discutiu os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na tribuna da ONU. 

O Grupo Carrinho organizou um macro evento para assinalar os seus 30 anos de existência, com a presença inclusive de figuras internacionais de topo. Graça Machel foi citada como tendo afirmado que esteve em Benguela para homenagear “um grupo de sucesso”. A viúva de Samora Machel e de Nelson Mandela aponta um facto inegável. O Grupo Carrinho, em menos de meia dúzia de anos de governação de João Lourenço, saltou de um quase ilustre desconhecido para um gigante que antecipa facturação anual na casa dos mil milhões de dólares este ano. É um sucesso inegável. 

Nada de novo. A vitimização não é apenas um traço de carácter dos regimes autoritários. É uma técnica de manipulação de último recurso, usada para se sacudir a água do capote em fases de desnorte total. Os angolanos estão habituados a isso. Senão no conjunto dos 48 anos de Independência, pelos menos nos últimos 21 anos de paz. Quando tudo o resto falha, a culpa passa a ser dos outros. Inequivocamente. Invariavelmente. Ou dos adversários ou dos inimigos. Aliás, dos inimigos porque os regimes autoritários não têm adversários. Ainda recentemente João Lourenço no-lo recordou, quando considerou como inimigo o que se pensava ser o principal adversário do MPLA. 

A política, mesmo em realidades autocráticas como a angolana, é sempre um jogo complexo. Ainda assim, não raras vezes, exige, mais do que tudo, ligeiras operações de aritmética. De simples soma e subtracção em alguns casos.

23 Aug. 2023

BRINCAR AOS PLANOS

Em duas semanas consecutivas, o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2023-2027) é chamado na capa deste jornal. Não por mera fixação, claro. É por relevância jornalística, considerando a sua natureza estrutural, enquanto instrumento que baliza e projecta o desenvolvimento do país a médio prazo.