A liamba de Cabinda terá chegado à ‘The Economist’

29 Nov. 2023 V E Editorial

A mais recente polémica que teve a liamba no centro envolveu a província de Cabinda. Um deputado na Oposição notou, em pleno debate parlamentar, que, com a chegada de João Lourenço ao poder, o consumo da canábis disparou na província. Uma deputada do MPLA reagiu a quente em defesa do seu presidente e a chefe do parlamento respondeu que esteve em Cabinda e não se apercebeu do aumento da produção ou do consumo da liamba. Mais cómica do que trágica, a reacção dos súbditos de João Lourenço deixou a entender que o Presidente da República estaria a ser responsabilizado directamente pela mudança do quadro da canábis no enclave. Ou, de forma mais precisa, por pouco não sugeriram que seria João Lourenço que teria estimulado ou autorizado, por decreto, o aumento do consumo da liamba na província mais a Norte. Naturalmente, outros ouvidos, salvaguardados da irracional emoção partidária, fizeram uma interpretação diferente. Para estes, o deputado da Unita estabeleceu uma relação de causa-efeito entre o agravamento da degradação da vida dos angolanos e o provável aumento dos níveis de frustração que estarão a levar, no caso de Cabinda, ao consumo desmesurado da (in)desejada planta.

 

A liamba de Cabinda terá chegado à ‘The Economist’

Esta semana, por culpa de leituras alucinadas de ‘especializados’ da The Economist Intelligence Unit (EIU), somos forçados a chamar a liamba outra vez ao centro do debate político. Talvez, como ponto de partida, valeria a pena perceber se o deputado do círculo provincial de Cabinda nos poderia auxiliar a descobrir se parte da canábis em abundância na província não estará a alimentar as agências e redacções de algumas instituições ocidentais, que se revelam invariavelmente cúmplices dos interesses imperialistas dos seus patrões.

Embrulhados em comparações absurdas e sem apego contextual, analistas da EIU afiançam que João Lourenço vai usar os mesmos poderes de José Eduardo dos Santos para concorrer a um terceiro mandato. Tomados provavelmente por uma canábis mais forte do que a de Cabinda – razões para uma consulta básica aos deputados na Oposição do círculo provincial de Malanje sobre prováveis destinos de exportação da planta – os analistas da The Economist preveem que João Lourenço “desrespeite a Constituição”, usando os seus poderes ilimitados. Tão lunático quanto isto, vislumbram popularidade de João Lourenço dentro do MPLA e admitem eleições que seriam participadas e contestadas pelos partidos na Oposição.

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