Isabel Dinis

Isabel Dinis

METALURGIA. Fabrimetal tem aumentado a produção desde 2016. E prevê crescer, de novo, este ano.

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A metalúrgica Fabrimetal prevê aumentar a produção de aço este ano em cerca de 41%, para as 75 mil toneladas, antecipou ao VALOR o seu director-geral, Luís Diogo.

O aumento estimado para 2018 mantém o registo de crescimento verificado em 2017, ano em que ficaram contabilizadas mais 36 mil toneladas, face ao exercício anterior. A nova meta deve exigir também um salto na produção mensal das sete mil para as 10 mil toneladas.

Na forja, está ainda o início da produção, a partir de Novembro, de novos produtos complementares ao varão de aço, que ainda não são produzidos em Angola, como as cantoneiras.

Da conjuntura económica, a empresa não apresenta queixas. Ao contrário de várias outras que mergulharam no ‘tsunami’ económico e financeiro iniciado em 2014, a Fabrimetal conseguiu “escapar” e o segredo, segundo o seu director-geral, foi o reforço em “valências” da mão-de-obra e da produção, de modo a absorver o mercado interno. “Se havia uma diminuição acentuada de importações, o mercado iria procurar a produção nacional. Decidimos, por isso, reforçar quando os outros estavam a fechar. A crise para nós foi uma oportunidade”, declara Luís Diogo.

Outro factor que pesou no aumento de produção está ligado à compra no mercado nacional de mais de 85% da matéria-prima. “A nossa exposição à questão cambial, apesar de ter um impacto, não é tão significativa”, assegura, assinalando, entretanto, o aumento do preço médio do varão de aço, em cerca de 27%, como resultado da desvalorização do kwanza. Desde o início deste ano, o preço saiu dos 150 mil para os 190 mil kwanzas. “Foi um aumento menor que o efeito da depreciação. Entendemos que temos uma dependência cambial menor e não subimos o preço no que era a depreciação da moeda”, explica o director-geral.

A empresa eslovena Mebor, uma das principais fabricantes mundiais de máquinas e assessórios de serragem, mantém a aposta em Angola apesar de ter baixado as vendas por causa da crise. A empresa viu a sua facturação reduzir de um milhão de euros por ano, para cerca de 450 mil euros.

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A quebra da facturação para Angola deve-se, essencialmente, às dificuldades de pagamento dos clientes. “As empresas têm kwanzas, mas têm dificuldade em conseguir divisas para pagar. Por essa situação, já tivemos de esperar cerca de dois anos por pagamentos”, revelou o responsável da delegação que participou na 34ª edição da Feira Internacional de Luanda (Filda), José Augusto.

A empresa, que fornece mais de 10 empresas angolanas, em Cabinda, Uíge, Benguela, Malange e Lundas, apesar da situação, não tenciona desistir do mercado angolano.

O responsável da delegação acredita que a situação vai melhorar: “há muito potencial”. Há cerca de quatro anos, a Mebor tentou firmar uma parceria para instalar em Angola uma filial e produzir localmente. Interrompeu o projecto porque percebeu que a parte angolana queria apenas receber lucros.

Com a aprovação da nova lei de investimento, em que retira a obrigação de uma parceria entre nacionais e estrangeiros, para a realização de alguns investimentos mantém a intenção, mas acredita que ainda é prematura.

COMÉRCIO. Produtos abrangidos no âmbito do programa ‘Feito em Angola’ só vão deixar de usar códigos de barras estrangeiros no próximo ano.

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O Governo voltou a adiar a implementação dos códigos de barras nacionais nos produtos que ostentam a marca ‘Feito em Angola’. A nova data apontada é agora 2019, depois do fracasso da previsão da conclusão do processo em Março de 2017.

Ao VALOR, o secretário de Estado da Economia, Sérgio Santos, admitiu que, apesar de carregarem a marca ‘Feito em Angola’, os produtos continuam a ostentar códigos de barras de outros países.

O programa ‘Feito em Angola’ está a ser desenvolvido desde 2014 pelo Ministério da Economia e Planeamento. Desde essa altura, submeteu-se ao GS1 (Global Standard) – o sistema de normas globais de identificação e codificação de bens e serviços mais utilizado no mundo - o processo de criação do código.

A instituição, sediada em Bruxelas, fez exigências que ainda não foram cumpridas. Entre outras, exige um mínimo de 500 assinaturas de operadores e produtores e um órgão independente de raiz, em que não haja a ‘mão visível do Estado’.

A coordenadora do projecto, Ana Celeste, numa entrevista ao VALOR em 2016, informava que o Estado já tinha criado uma instituição denominada Codiango, que também possuía um conselho de administração.

O programa ‘Feito em Angola’ tem, como objectivo, aumentar a visibilidade e a preferência pelos produtos nacionais, distinguindo-os dos importados. Até ao ano passado, a marca já possuía mais de 800 produtos registados.

A empresa Eslovena, Mebor, uma das principais fabricantes mundiais de máquinas e assessórios de serragem mantém a aposta em Angola apesar de ter baixado a facturação das vendas por causa da crise.

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A empresa viu a sua facturação reduzir de um milhão de euros ao ano, para cerca de 450 mil euros. A informação foi avançada, ao VALOR, pelo responsável da delegação que está em Angola a participar na 34ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA) , José Augusto.

A quebra da facturação para Angola se deve essencialmente as dificuldades que as empresas que a instituição distribui apresentarem dificuldades em realizar pagamentos. “ As empresas têm kwanzas mas não têm divisas para pagar. Por essa situação já tivemos de esperar cerca de dois anos por pagamentos”.

A empresa que distribui para mais de 10 empresas angolanas, em Cabinda, Uíge, Benguela, Malanje e Lundas declara que apesar da situação não vai “desistir” de apostar e de estar presente no mercado angolano. O responsável da delegação acredita que a situação vai melhorar.

“Não vamos desistir desse mercado. Eu adoro África. Por isso estamos cá. Há muito potencial”, referiu. A empresa que tentou há cerca de quatro anos firmar uma parceria para instalar em Angola uma filial e começar a produzir, rompeu a intenção com a empresa angolana porque perceberam que a parte angolana apenas queria receber lucros.

Com a aprovação da nova Lei de Investimento Privado em que retira a obrigação de uma parceria entre nacionais e empresas estrangeiras para realizar alguns investimentos mantém a intenção, mas acredita que ainda é prematura.

TROCAS COMERCIAIS. Cadeias internacionais que participam pela primeira vez na feira de Luanda aproveitam para firmar parcerias concretas. Marca conhecida de vinhos Bayede vai estar nas lojas Candando.

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Várias empresas internacionais de diferentes países estão a participar pela primeira vez na 34ª edição da Feira Internacional de Luanda (FILDA) e têm conseguido desde o arranque do evento (ontem) firmar parcerias com operadoras angolanas.

O VALOR visitou os ‘stands’ de empresas sul-africanas, italianas e portuguesas, que têm o maior número de participantes internacionais pela primeira vez.

A empresa sul-africana de vinhos Bayede, por exemplo, conseguiu estabelecer uma parceria com a rede de supermercados da empresária Isabel dos Santos, Candando, para que a marca deixasse de ser comercializada apenas pela rede sul-africana, Shoprite. Apesar de a Bayede já ser consumida e conhecida em Angola, a empresa não tem ainda um distribuidor oficial sendo a Shoprite a única forma de obter a marca no país.

O representante da empresa na feira, Chris Whelpton considerou a presença no evento como sendo “muito positiva” e “produtiva”, tendo para além de ter feito o contacto “firme” com o Candando ter mais dez contactos de potenciais parcerias desde a abertura.

Apesar dos contactos a empresa prefere por enquanto pôr um “travão” na ideia de instalar uma fábrica, por causa da situação económica e da falta de cambiais.

A empresa italiana, Tifone que produz máquinas para a desinfestação agrícola e vende para vários países já conseguiu estabelecer seis contactos com empresas angolanas ligadas a agricultura para exportar os seus produtos.

Pela primeira vez em Angola e como participante da feira, o gerente internacional, Alberto Bottoni espera estabelecer “boas” parcerias com os angolanos para a comercialização dos seus produtos.

Sediada no norte da Itália, a Tifoni tem cerca de 40 trabalhadores e funciona como uma empresa familiar. No segundo dia da feira, Alberto Bottoni espera encontrar para além das empresas pessoas interessadas em adquirir produtos para o tratamento de pragas típicas na agricultura.

A empresa portuguesa Porto World, fornecedora de carnes para vários países também estreia na feira. Apesar de já estar no mercado angolano há 12 anos nunca participou de nenhuma edição. Tem participado em feiras sectoriais e o director, Pedro Silva, diz-se “expectante” com os resultados e contactos que poderá manter durante a vigência da Filda.

Apesar de Angola não ser o principal mercado para a Porto World, com representação de apenas 5% da facturação do grupo, que está estimada em 100 milhões de euros por ano, a instituição “acredita que é um mercado que vale muito a continuar e investir”.

Outra empresa que também está pela primeira vez em Angola e pretende firmar parcerias e encontrar distribuidores em Angola é a sul africana que produz máquinas de construção civil, Honingcrat. O representante da empresa, Kavir Singh considerou os visitantes da feira “muito afáveis” e declara que já teve muitos contactos com empresários. “Nada de concreto, mas tenho tido muito ‘feedback’. Espero que até o final da feira tenha contactos para firmar parcerias e fazer negócios.