MOTOTÁXI

E agora pergunto eu...

16 Oct. 2025 Geralda Embaló Opinião

Seja bem-vindo querido leitor a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana que terminou com a atribuição do Prémio Nobel a Maria Corina Machado, uma opositora de maduro na Venezuela (talvez o factor mais relevante) para irritação da Casa Branca que até um acordo entre o Hamas e Israel conseguiu tirar da cartola ao último minuto antes do anúncio, tal era a insistência da candidatura de Trump ao prémio Nobel. O Comité de Protecção dos Jornalistas estava entre os candidatos com outras instituições de apoio social e à democracia pelo trabalho em defesa dos jornalistas particularmente relevante no ano que passou em Gaza. Mas Maria Corina Machado, é uma mulher que faz política num contexto em que a democracia e o respeito pelos direitos humanos também se fazem escassos e em que a pobreza é o dia a dia de cerca de 90% da população. Uma taxa superior à de Angola com os seus mais de 80% e que vive igualmente um contexto de democracia “faz de conta que respeitamos a vontade do povo nos pleitos”.

E agora pergunto eu...

Em termos de pobreza em países não democráticos, o exemplo continua a ser a China, que erradicou a pobreza extrema e reduziu as suas taxas de pobreza em 88% nos últimos 40 anos para rondar agora os 11% e estar muito perto dos cerca de 10% dos EUA… Pergunto-me olhando para este exemplo por que é que - se estamos sujeitos a alguma forma de ditadura - não podemos ter pelo menos uma que seja competente a governar?

A propósito dessa competência governativa em falta, esta semana chegaram aos telemóveis dos angolanos mensagens Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional que celebravam a presença de Angola na Semana Mundial do Espaço que segundo as ditas mensagens tem como tema “Do espaço, construindo a vida na terra,” o que levou o GGPEN a escrever-nos dizendo que “do espaço criamos um futuro melhor”. Deve ser por isso que tudo demora tanto a acontecer que os resultados governativos teimam em tardar, possivelmente anda o governo a criar um futuro melhor a partir do espaço por isso é que está tão longe dos governados. Usarem os sistemas de telecomunicações para espalhar a boa nova espacial quando nem um nem outro satélite multibilionário conseguiu assegurar internet estável e barata para os usuários angolanos será provocação? E agora pergunto eu, não ocorre aos governantes espaciais que num contexto em que faltam básicos como água limpa corrente, como escolas com saneamento, emprego, dinheiro para o matabicho de tantas famílias e seus filhos, que nesse contexto receber mensagem de euforia espacial de “obrigado aos participantes do evento mundial” não só não fazem muito sentido como podem tornar-se mesmo irritantes?

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Geralda Embaló

Geralda Embaló

Directora-geral adjunta do Valor Económico