E agora pergunto eu...
Seja bem-vindo, querido leitor, a este seu espaço onde perguntar não ofende, depois de uma semana marcada por mais protestos de governados contra governantes em África. Na Tanzânia, milhares de jovens invadiram as ruas em protesto contra a exclusão de candidatos que abriu o caminho para a vitória de Samia Hassan… O poder embriaga e embriaga completamente… Nem a primeira mulher presidente do país consegue resistir e fazer diferente. As forças de segurança mataram protestantes que deviam defender; a internet foi cortada; os hospitais foram proibidos de divulgar informação a jornalistas sobre mortos e feridos; enfim, o guião ditatorial do costume que tudo faz para tirar o poder de escolha das mãos do povo.
Diferente do que acontece entre nós, provavelmente devido aos traumas de guerra que vão permeando gerações até através da epigenética, ali os jovens continuaram a desafiar o exército e a polícia nas ruas, apesar das cargas policiais mortíferas.
A Amnistia Internacional sinalizou o uso excessivo de forças pelas autoridades e a oposição de Samia Hassan acusa-a da morte de centenas de protestantes; as Nações Unidas confirmam uma dezena e pronunciaram-se também contra o abuso de força policial. Os jovens que enfrentam a morte não querem eleições de fachada em que o MPLA de lá, OCCM, que está no poder desde 1961, seria sempre certamente declarado vencedor.
Nos Camarões, mesmo com a prisão de mais de 200 pessoas nos protestos, a população cercou o palácio onde o presidente eleito, aos 92 anos, para o oitavo mandato. Como do próprio ‘kota’ é difícil ouvir um pio - questões permanecem sobre a sua capacidade real de articulação devido à idade avançada, a campanha eleitoral foi feita com fotografias, com textos lidos por outros no seu lugar, com marionetas a representá-lo - o ‘general Furtado’ lá do sítio já veio dizer que “grupos frequentemente sob a influência de drogas estavam a pilhar lojas e a incendiar edifícios.” O general atribuiu a responsabilidade ao líder da oposição a quem chamou de “candidato irresponsável movido pelo desejo de perturbar a ordem pública e que repetidamente incitou a agitação social via redes sociais.” Enquanto as ‘forças da desordem’ disparam contra protestantes que pedem um país melhor para todos, mais uma vez a cartilha ditatorial que tenta justificar mortes de cidadãos por exercerem cidadania vem tomar o leme do país.
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