Amélia Santos

Amélia Santos

ESTUDO. Livro sobre negócios, intitulado ‘Por Falar em Negócios… que tal integrá-los?’, do consultor financeiro António Kamané, apresenta soluções para expandir ou abrir um negócio sem recurso a empréstimos bancários.

 

António Kamané defende que, para pequenos negócios, recorrer a empréstimos bancários pode constitui um risco. Em alguns casos, o empreendedor “poderá não ter capacidade de, a curto prazo, gerar liquidez suficiente para honrar os compromissos financeiros assumidos”. Esta e outras ideias constam do livro ‘Por Falar em Negócios… que tal integrá-los”, que António Kamané lançou, no mês passado, em Luanda.

O autor alerta que persistência e criatividade são “forças motrizes” para o nascimento e notoriedade de um negócio. Considera que este pode gerar recursos ou atrair o interesse e patrocínio de terceiros. Dá exemplo de empreendedores de grande sucesso, como Aurora Lopes, que começou com a venda de flores e decoração, tendo, mais tarde, evoluído para a produção de espectáculos.

O autor observa que o livro se baseia na realidade angolana. Depois de um estudo minucioso de aproximadamente dois anos, Kamané concluiu que “a maior parte das pessoas tem aptidão e recurso, e procura por apoios”, mas que, muitas vezes, “não precisamos de apoios para seguir em frente”.

O autor defende que o montante a investir no negócio “não é o principal factor” para que o negócio dê certo, mas, sim, a força de vontade, tendo em conta os recursos humanos que devem ser bem explorados. Mostrar no momento certo o que se pretende fazer é um dos passos a seguir, mas alerta para os negócios efémeros: “Estamos nisso de fazer negócios de vida efémera desde muito antes da crise”.

Kamané acredita que a obra pode servir de livro de cabeceira para quem já esteja no mundo dos negócios ou queira perpetuar-se neste ramo. Contém exemplos de pessoas que dispõem de poucos recursos, mas conseguiram vencer com meios próprios. Apresenta, ainda, o ciclo de vida do produto (introdução, crescimento, maturidade e declínio).

Para quem já possui um negócio e deseja expandir a respectiva carteira, Kamané levanta várias questões, como ‘Em que negócio posso investir?’,‘Será que o próximo negócio vai ser compatível com o que já existe?’, ‘De que forma vou implementar a minha carteira de negócios?’, entre outras. António Kamané considera “vantajoso” criar-ser um negócio com base num passatempo, pois, ressalta, o investidor parte para o negócio já com bastante conhecimento. Aponta aspectos que podem “inibir ou desencorajar” o investidor.

A obra considera ‘integrar’ a necessidade de se obter uma carteira onde os vários negócios sejam inseridos de modo combinado, para que haja uma ligação lógica entre os mesmos.

José Severino, presidente da Associação Industrial de Angola (AIA), realça que, quando se começa um pequeno negócio, o empreendedor não se deve inibir em tornar-se “um empresário de sucesso”. Sugere que se seja “optimista, frio e calculista”.

Para Samora Kitumba, administrador do Instituto Nacional de Pequenas e Médias Empresas (INAPEM), a obra é uma ferramenta para ajudar a reduzir as taxas de “mortalidade” de negócios. “Integrar negócios significa avançar passo a passo, não querer dar passos mais largos que a perna”, adverte.

Perfil do autor

António Kamané, pseudónimo de António Chadli Vitoriano Manuel, de 32 anos, é licenciado em Gestão de Empresas e possui um mestrando em Empreendedorismo e Inovação, ambos pela Universidade Agostinho Neto. Detém ainda um MBA em Finanças e Negócios, pela BBS. Desde 2008, trabalha na área de finanças e presta serviços de consultoria, em especial para pequenos e médios empreendimentos.

MODA. Rose Palhares foi a estilista oficial da colecção da Mastercard para o Festival de Cannes 2017. Vestir uma peça confeccionada por ela “é uma experiência indescritível”, considera. Acredita que a moda, para ser auto-sustentável, precisa de pelo menos cinco a oito anos.

 

Quem é Rose Palhares?

Uma mulher que nasceu com o sonho de se tornar a maior estilista da sua época porque acredita que, através das suas criações, consegue mudar mentalidades.

E como entra nesta área?

Desde muito nova, sempre soube que seria estilista. Cresci em volta deste desejo e alimentei-o através dos estudos. Formei-me no Brasil, em Design de moda, e comecei logo a exercer a profissão em Angola. Do Brasil, saío com a minha primeira coleção, que confeccionei durante o último ano da faculdade.

Como surge o convite para apresentar uma coleção exclusiva em Cannes?

No ano passado, estive em Cannes para o ‘Cannes Fashion Festival’ e, depois de desfilar, tive a oportunidade de estar presente no ‘red carpet’ (tapete vermelho), pelo que chamei a atenção de um dos parceiros do Festival, Emanuel Conceição, angolano residente em Milão, Itália. Meses a seguir, fez o convite para me tornar estilista oficial da coleção da Mastercard para o festival de Cannes.

Que novidades apresentou em Cannes?

Preocupei-me em entender o que os meus clientes procuravam. Desde cores mais procuradas, tamanhos, modelos e nacionalidades. Após vários meses de pesquisa e de ‘brainstorming’, fizemos uma coleção em que conseguimos mostrar um pouco da Rose Palhares, desde o início da carreira.

Durante o Cannes, recebeu propostas para vestir alguma celebridade?

Não! Masa BellaHadid solicitou o meu cartão, porque adorou a peça exposta na entrada do Hotel Majestic, onde ela esteve hospedada. De qualquer forma, a coleção destinou-se exclusivamente às convidadas da Mastercard.

Como define a moda que cria?

As peças que crio carregam mensagens importantes para quem as veste. Mas preocupo-me principalmente em vestir mulheres que trazem algo a mais para esta vida. É muito importante para mim, crio sempre dentro do clássico, surpreendente e intemporal. As clientes facilmente descodificam a mensagem assim que se vestem.

Nas últimas edições da revista ‘Gala Croissete’, afirmam que ‘reinventa o corpo feminino’. Como explica?

Vestir Rose Palhares é uma experiência, é indescritível… O ‘feedback’ que recebi das clientes, nestes dias, foi incrível. Elas sentem-se deslumbrantes, que as pessoas olham para elas de outra forma. É o que quero. Quem veste Rose Palhares não passa despercebida. E não apenas pelas cores. A simplicidade também chama atenção.

Em 2016, foi considerada a designer “mais interessante” pela Vogue Itália. E no mesmo ano a Elle South África apresenta-a como uma das 5 designers mais promissoras. O que representa para si?

O reconhecimento é tudo. Saber que a bíblia da Moda e a revista Elle reconhecem o meu trabalho não tem preço.

Como foi a experiência da estreia no ‘Moda Lisboa’, com a coleccão ‘Kissfrom Rose’.

Foi uma experiência muito boa, já desfilei em imensas passarelles e posso dizer que cada uma tem algo especial. O moda Lisboa mostrou-me que podia chegar onde eu quisesse. Senti-me muito bem recebida e a coleção foi muito aclamada.

Qual é o poder da moda?

O que o designer quiser. Nós podemos tudo quando criamos, e isso é ser artista. E a arte não tem limites.

No processo criativo, quais as principais referências que tem em conta?

Cores e qual o grau de crescimento para onde me dirijo. A moda que eu faço é só minha; o processo que adapto é criado para as minhas necessidades e da minha equipa; adoro o que faço e tento aprender tudo para poder fazer do meu jeito, a 100%. Dois ou três exemplos de peças que lhe tenham dado um especial prazer em criar. Todas, mas a coleção ‘África às Riscas’, os ‘T-dresses’ e a minha coleção de Cannes de 2016 são as que até hoje me enchem de orgulho.

Quais as experiências mais marcantes na sua trajetória?

A minha primeira cliente, a minha primeira passarelle, o meu primeiro prémio, a minha primeira Vogue e o meu primeiro Cannes.

E os desfiles?

O primeiro desfile no Moda Luanda em 2013 marcou-me imenso, foi a minha primeira vez. Estava super nervosa, mas sabia exactamente o que tinha de fazer e como fazer. Estava no meu habitat natural. Outro desfile que me deu imenso gosto foi o meu primeiro ‘Angola Fashion Week’ em 2015. Fui reconhecida com o prémio de estilista internacional, foi muito bom.

Qual foi o pedido mais extravagante que um cliente já lhe fez?

Nenhum. As clientes que vêm ter comigo sabem bem o que encontrar. Elas procuram a Rose Palhares porque sabem exactamente o que querem ou que sairão satisfeitas do nosso atelier.

Quais as principais dificuldades nesta área?

A maior responsabilidade de um designer é de arranjar soluções, isto sim é função um designer. No meu caso, arranjo sempre. Já estive em momentos que não haviam tecidos de qualidade, não haviam entretelas, faltavam fechos... Mas criar implica contornar obstáculos e concretizar ideias.

A moda em Angola já é auto-sustentável?

Não, ainda não. Este negócio, para ser auto- sustentável, precisa de pelo menos cinco a oito anos. É preciso que haja uma toda indústria à sua volta. Infelizmente, ainda não atingimos esse patamar. Mas, definitivamente, para lá caminhamos.

MÚSICA. Dez anos depois do lançamento do primeiro álbum, Ângela Ferrão apresentou, no fim-de-semana, a sua segunda obra musical ‘Minhas Raízes’ e que será apresentada um pouco por todo o país. A sua trajetória começa desde cedo por influência do pai, que também é músico.

 

‘Minhas Raízes’ é o título do mais recente trabalho discográfico da cantora Ângela Ferrão, lançado no passado fim-de-semana, na Praça da Independência, em Luanda. O novo disco, o segundo da sua carreira, traz dez temas em diferentes estilos, como rumba, bolero, kizomba e kilapanga.

A cantora, que gravou o seu primeiro álbum – ‘Wanga’ – há dez anos, pretende agora fazer uma ‘tournée’ pelo país para proceder à venda e dar a conhecer as suas duas obras até Agosto, começando por Luanda até 11 de Junho; passando por Benguela e Lobito, a 17 e 18; pelo Namibe, a 1 de Julho; Huambo, 8 de Julho; Huila, 12 de Julho; e no Kwanza-Sul, sua terra natal, de 5 a 9 de Agosto.

Pegadas do pai

O gosto pela música surge desde cedo por influência do pai, que é músico e compositor. Tendo já ficado em terceiro lugar na primeira edição de ‘Gala à Sexta-feira’, da Televisão Pública de Angola (TPA), participou também no festival da rádio Luanda Antena Comercial (LAC) e no ‘Prémio Cidade de Luanda’.

Já interpretou músicas de artistas como Roberta Miranda, Fafá de Belém, conjunto Ngola Ritmos, entre outros, assim como algumas da sua autoria. À semelhança do primeiro disco, tem tido cuidado com o que canta e transmite, porque entende que “o público angolano é exigente”. Por isso, procurou fazer uma “boa recolha e diversificar” os seus temas.

Ângela Ferrão sente-se o “reflexo” do que o seu pai, Lito Ferrão, lhe transmitiu e garante que, enquanto ele compuser músicas que ela achar “maduras, bonitas, construtivas e com boas mensagens”, vai continuar a segui-lo. “Venho bebendo daquilo que é a experiência musical e do caracter dele como pessoa desde pequena e ainda não tive motivos para pensar o contrário.”

Nas suas composições e interpretações, procura “não escolher um público específico”, porque, embora algumas pessoas não entendam a língua nacional em que canta, acredita que elas se revêem nas suas canções. Para Ângela Ferrão, o artista “deve preocupar-se em moldar a sociedade”, pois é, entre outras, “a sua missão”. “Não partilho muito da ideia de se fazer música comercial, particularmente sou das artistas que faz um trabalho pensando no que é que as pessoas podem colher daí, porque os artistas têm a missão de moldar a sociedade”, defende, acrescentando que “um artista de verdade deve preocupar-se muito com o que está a interpretar ou a dizer”.

“Não basta o número de fãs a alcançar.” A veia artística que recebeu do pai já está a ser transmitida também aos seus filhos que, geralmente, a acompanham aos concertos. “Felizmente, os meus filhos já mostram que têm jeito para a música e não vou lutar contra isso”, promete. Ângela Ferrão afirma que gravar em Angola “não é barato e não há retorno” se se depender apenas das vendas.

Os custos da gravação do disco ‘Minhas Raízes’, revela a cantora, “ultrapassaram os 30 mil euros”, sendo que estão disponíveis 10 mil cópias e o CD está a ser vendido a 1.500 kwanzas, preço que considera “justo devido à qualidade que apresenta”.

“O disco está a um nível que as pessoas não se vão importar com o preço.” Aos novos talentos, a artista aconselha “muito trabalho, a fazerem-se ser ouvidos e a ter ouvidos bem-educados”, uma vez que há pessoas que, às vezes, querem cantar, mas “não são afinadas”. Na música, defende a cantora, “tem de se arriscar bastante”, sendo que há quem perca tempo a seguir a carreira musical, “por ser uma área bonita ou porque quer fama”. No entanto, alerta que, “se não há uma espécie de ‘teimosia’ de forma saudável, a música morre”.

O álbum ‘Minhas Raízes’ conta com a participação do pai, que ela considera o “melhor compositor” de Angola, e do seu irmão Sandro Ferrão. Já no primeiro, participaram Teta Lágrimas, Nanuto, Ruca Fançony, Pedrito, Sandro Ferrão, Dalú Roger, Beth, Gigi e Cidy, Caló Pascoal, Joãozinho Morgado, Quinito e o pai, Lito Ferrão.

PERFIL

Natural da Gabela, Kwanza-Sul, Ângela da Conceição Paulino, é formada em Direito e tem quatro filhos. Com dois álbuns gravados, seu pai, Lito Ferrão, Belita Palma e Lourdes Van-Dunem foram as suas principais referências, gosta do trabalho da Patrícia Faria, Yola Semedo, Lina Alexandre, Gabriel Tchiema, Konde, entre outros.

ENTREVISTA. Prestes a completar cinco anos de carreira, N’soki Neto fez grande investimento na sua carreira, contratando o melhor DJ e produtor sul-africano, Maphorisa, que produziu o single, ‘África United’ em colaboração com Paulo Alves. A artista confessa que tudo o que ganha na música investe na música, pois não vive só desta arte.

 

Como está a carreira?

Está a correr bem, agora com muito mais trabalho. Fui convidada para o primeiro festival da cerveja N’gola, no Lubango. Quanto mais tempo nos dedicamos à música, mais temos de investir. A música não é estática, a vida do artista é bastante dinâmica. Temos sempre de trabalhar para manter o interesse do público.

Foi este o motivo da ‘Prova dos 9’?

A ‘Prova dos 9’ foi mais um passo para a internacionalização. Com este álbum, tive duas músicas: ‘Vai-te Embora’ e ‘My Treasure’, que estiveram na trilha sonara da novela portuguesa ‘A Única Mulher’. Ganhei alguns prémios.

Como avalia os álbuns ‘Meu Anjo’ e ‘Prova dos 9’?

No que diz respeito às músicas, não fugi tanto do ‘Meu Anjo’, porque tive muito sucesso, e ‘Prova dos 9’ também tem géneros do primeiro álbum. Era inexperiente na apresentação ao publico, porque sou tímida. Quando lancei o segundo álbum, já sabia o que os fãs queriam ouvir.

A N’soki está mais ousada e mais badalada no single ‘África United?

Estou a promover o single ‘África United’ e está a correr muito bem. É uma música em colaboração com dois DJ. Um internacional, que é onsiderado o melhor produtor de África, o sul-africano DJ Maphorisa, e o angolano Paulo Alves. Esta música fala sobre a união dos países africanos e foi feita para todos os africanos. Tinha de ser mais ousada e animada e extremamente dançante. Contactei o Maphorisa porque ele conhece as melhores sonoridades e as tendências de África. Uma música que fala para todos os africanos não podia ser kizomba ou semba, tinha de ser algo mais atraente até no vídeo.

Que custos teve a contratação do melhor DJ e produtor de África?

Sou uma artista que investe bastante na música e nos vídeos. Todo o dinheiro que faço na música é directamente investido na música. Como não vivo só da música, consigo direccionar melhor o que ganho. E é uma questão de planificação, o que mais foi difícil conseguir foram as divisas. Os meus projectos são feitos com bastante antecedência e procuro os apoios com antecedência para despois alcançar os objectivos.

E sente o ‘feedback’?

Felizmente, o meu público tem adorado a música. Tem acontecido algo especial, porque tenho recebido mensagens da Nigéria, Quénia, África do Sul, Gabão e Tanzânia. Isso quer dizer que o objectivo está a ser alcançado, foi uma música feita para o continente e os países estão a ouvir. Por exemplo, é a minha primeira vez a ter um vídeo clipe a passar no canal ‘Trace Africa’, que não passa música lusófona.

Teve receio que não fosse ouvida?

Sim! Perguntava-me: será que as pessoas vão entender? Do que é que se trata o ‘Africa United’? Mas quem a ouve nota que tem muito da N’soki, porque tem sonoridades diferentes.

Sente-se a princesa do zouk?

Não me sinto no direito de atribuir-me qualquer nome ou elogio, é sempre o papel do público. Não sou vaidosa a esse ponto de chamar-se de rainha ou duquesa. Simplesmente sinto que devo fazer bem o meu trabalho. Mas se o público decidiu eleger esse nome carinho, sinto-me muito grata, seria muito pretensioso de minha parte, autoatribuir-me qualquer nome.

Receia perder o título de ‘princesa do zouk’?

É a primeira vez que lanço música neste género. Tenho dois álbuns acho que mereço algo diferente, porque, às vezes, o público quer ver o seu artista evoluir. Às vezes, é necessário quebrar a rotina, para atrair outras atenções.

O que acha da atribuição de prémios nos concursos?

Nós os artistas temos de pensar menos em prémios. Não me sinto chateada quando não sou nomeada. Há artistas que não ganham prémios e são bem pagos, fazem imenso sucesso. Para mim, o que interessa é continuar a trabalhar e ter visibilidade e o apoio dos fãs. Porque desaponta bastante quando idealizamos um prémio, porque achamos que a nossa música é a melhor. O mais importante é trabalhar, mas, se os prémios vierem, são bem recebidos (risos).

Faz músicas mais comerciais?

No primeiro álbum, lancei músicas não comercial. O público é que as torna comerciais. Aconteceu com ‘Ave Maria’, ‘Vai-te Embora’. Deram atenção a estas músicas e tornaram-se comerciais.

O Kineto Produções é resultado do percurso da N’soki?

É muito difícil ser um artista independente sem qualquer tipo de representação. A Kineto Produções foi criada para me representar legalmente, todo o artista precisa de um suporte.

O que a Kineto Produções faz?

É uma empresa constituída pelo meu marido e eu. Fazemos agenciamento, distribuição digital, produção de eventos entre outras coisas.Além de mim, há outros artistas.

É positiva a exposição dos artistas nas redes sociais?

As redes sociais fazem parte da vida de qualquer artista. É impossível ser artista e não ter uma conta. Tem de ter Facebook, Twiter, Instagram, Snapchat. Nós os artistas fazemos o nosso marketing. Para além de trabalharmos com a imprensa, temos influência no comportamento do público.

PERFIL

De nacionalidade angolana, N’soki Neto é casada com Yuri Neto, seu manager e sócio na Kineto Produções, com quem tem duas filhas. Sonha conhecer Angola completa. O seu prato preferido é muamba de jinguba e pizza. Óculos escuros e batons são acessórios indispensáveis na sua carteira. Formou-se em Finanças, nos Estados Unidos, onde cantava música lírica, em soprano e mezzo-soprano. Os estilos zouk/kizomba e r&b/soul deram-lhe o título de ‘princesa do zouk’ em Angola. Em 2014, ganhou na categoria ‘Artista Feminina do Ano’, nos AMA. Venceu, no Top da Rádio Luanda: ‘Voz Revelação Feminina’ e ‘Melhor Voz Feminina do Ano’, e ‘Artista Revelação’ no Moda Luanda 2014.

EMPREENDEDORISMO. Opinião é consensual entre comerciantes envolvidos na actividade. Agentes autorizados podem atingir rendimentos líquidos acima dos 500 mil kwanzas. Principal risco são os assaltos.

 

A revenda de gás butano é considerada por quem está no mercado como um “bom negócio”, por ser um investimento “com poucos riscos de falência”. Além de se tratar de um produto sem risco de deterioração, o gás butano é “altamente procurado, por ser incontornável na cozinha”. Marcos António é dos revendedores autorizados que vê o negócio com ‘bons olhos’, desde há mais de dois anos. Em 2015, António recorreu a um empréstimo bancário e investiu 80 mil dólares na compra de mil botijas de gás butano de 12 quilos, instalando-se no bairro Prenda. O negócio foi fechado com a Sonagás, a entidade que credencia e autoriza os revendedores a grosso e a retalho, e, dois anos depois, conseguiu reembolsar ao banco o total do crédito, incluindo os juros. A explicação do sucesso dispensa calculadoras. O rendimento líquido mensal de Marcos António ultrapassa os 500 mil kwanzas, considerando a margem média de 260 kwanzas por cada botija vendida. As vendas médias na agência de Marcos António, aberta de segunda a domingo, são de 100 botijas por dia, ao valor de 1.200 kwanzas, contra os 940 kwanzas de compra na Sonagás. As despesas operacionais resumem-se essencialmente ao ordenado de um funcionário, à renda do espaço e ao pagamento do serviço de segurança. “O maior risco que corremos são os assaltos”, explica António, esclarecendo que, mais do que a segurança da loja, a preocupação maior reside, sobretudo, com nos assaltantes instalados ao longo da via do bairro Uige, em Cacuaco, até ao ponto de descarga.

De qualquer forma, o negócio de Marcos António prospera e, passados dois anos, depois de pagar o empréstimo, já pensa em candidatar-se ao programa de crédito de iniciativa governamental Projovem, para expandir a actividade.

Com um serviço mais diversificado está a ‘Dinga Gás’, uma micro-empresa, com uma agência na avenida Murtala Mohamed e outra no Sambizanga, que adoptou as entregas de gás ao domicílio. Criada pelo casal Tavares e Luísa da Silva, a Dinga Gás realiza cerca de 60 vendas diárias, 80 por cento das quais através de entrega ao domicílio. O casal recusou-se a revelar o capital inicial investido, mas indicou que os dois armazéns empregam 17 jovens que auferem salários acima dos 30 mil kwanzas. Luzia da Silva explica que as entregas domiciliares são as mais solicitadas e são feitas por enquanto nos distritos da Maianga, Sambizanga, Ingombota, Samba e Rangel. A taxa de entrega está fixada em 250 kwanzas para as botijas pequenas e 500, para o caso das grandes. No entanto, segundo Luzia, a a posta neste segmento “ainda não está a render financeiramente”. De qualquer forma, diz-se “feliz” por estar a contribuir para a redução do desemprego no país.

Comparada à facturação de Marcos António, aqui as contas são mais modestas. O rendimento líquido da Dinga Gás, em termos médios, está fixado nos 200 mil kwanzas por mês, descontadas as despesas com salários energia, água, combustíveis, revisão das motorizadas e impostos. “Muitas vezes, chegamos a pagar salários recorrendo aos nossos próprios bolsos”, esclarece Luzia, descrevendo às dificuldades do negócio, nesta fase, que incluem também o medo de assaltos aos funcionários que fazem as entregas ao domicílio.

O casal Tavares e Luzia já pensou, entretanto, na solução que deverá passar por pagamentos através de cartões multicaixas.

OUTRA LIGA

Nesta actividade, há também os comerciantes mais pequenos que fazem vendas em pequenas quantidades, sobretudo, dentro dos bairros suburbanos ou mesmo à porta das agências autorizadas. São vendedores que, geralmente, adquirem de três a dez botijas, que, depois, são revendidas diariamente com uma margem que vai dos 25% a mais de 60%. Cada botija de 12 quilos comprada a 1.200 kwanzas, por exemplo, pode ser vendida a entre 1.500 e 2.000 kwanzas. Teresa Inácio, de 21 anos, vende gás à porta da sua casa, há mais de cinco anos, iniciativa que surgiu pelo facto de os pais se encontrarem desempregados. Das três evoluiu para sete botijas que adquire do revendedor autorizado a 1.200 kwanzas cada uma. Com as três vendas diárias, a margem é de 2.400 kwanzas, atingindo um rendimento líquido mensal superior a 70 mil kwanzas.

Já o comerciante Manuel Bongo, de 54 anos, revende à frente da agência de gás Canhogo, onde adquire o produto. Bongo explora, sobretudo, o período em que a agência não tem produto ou está fechada, para aumentar 300 kwanzas sobre os 1.200 por que compra cada botija.