Isabel Dinis

Isabel Dinis

CARGAS. Empresa pública de transporte operou menos navios e tem menos tonelagem manuseada. Administração diz que a ‘saúde’ da companhia “não é a melhor”.

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O volume de mercadorias transportadas pela Unicargas recuou 52% em 2017, para 307.341 toneladas, face a 2014, ano de início da crise financeira em que as quantidades se fixaram em 642.953 toneladas.

Os números constam do Plano de Desenvolvimento Estratégico e de Negócios da empresa, para o período 2018 a 2022, a que o VALOR teve acesso, e que descreve a degradação sucessiva dos resultados nos últimos quatro anos.

Depois das 642.953 toneladas de 2014, o fecho de 2015 inscreveu uma queda de 9% no transporte de cargas para 579.177 toneladas. Em 2016, o ‘tombo’ foi de quase metade do ano anterior (41,5%), chegando às 338.562 toneladas. Já a comparação entre 2016 e 2017 espelha uma desacelaração de cerca de 9% para 307.341 toneladas.

A trajectória de queda não poupou o segmento da tonelagem de carga manuseda. Se, em 2014, foram 1.215.912 tonelagens, em 2017, registaram-se apenas 169.423, um decréscimo na ordem dos 86%.

O presidente do conselho de administração (PCA) da empresa, Celso Rosas, num fórum realizado recentemete em Luanda, classificiou a “condição financeira” da Unicargas como não sendo “a melhor”, atribuindo culpas à situação económica e financeira e ao facto de a companhia explorar um terminal de carga “que carece de intervenções e que garante cerca de 80% de todas as receitas da Unicargas”. Celso Rosas referiu, no entanto, estar já, nos planos da empresa, a realização de investimentos no terminal.

Além dos investimentos, a Unicargas pretende, de acordo com o plano estratégico, “reduzir a dependência comercial da actividade portuária, realizar uma reestruturação, e aumentar o capital social”. A elaboração de um novo organograma e de um plano para a manutenção dos meios circulantes dos equipamentos e máquinas integram a lista das próximas metas.

Menos 58,8% de navios operados

O número de navios operados também esteve em queda, segundo o plano estratégico da Unicargas. Sem avançar o tipo de navios, o documento espelha que houve uma queda na ordem dos 58,8% desde a crise.

Numa redução crescente, a empresa teve de navios operados em 2014, 255, no ano seguinte, 212, em 2016, 113 e, no ano passado, 105.

A empresa tinha disponíveis, até ao primeiro semestre do ano passado, 218 camiões de diferentes marcas, 150 dos quais operacionais e prestam serviço de transporte inter-urbano e inter-provincial. No ano de 2016, foram realizadas 367 viagens inter-provinciais e 10.918 inter-urbanas.

A Unicargas é conhecida como sendo uma empresa rodoviária, mas também desenvolve operações portuárias e serviços transitários.

RESULTADOS. Depois de ter ressurgido das ‘cinzas’ dos 10 anos de paralisação motivada por uma falência, a Secil pretende restaurar a imagem fragilizada.

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A Secil Marítima espera apresentar resultados positivos no exercício económico de 2017 de cerca de 400 milhões de kwanzas, indica o plano estratégico da empresa relativo ao período 2018/2019. A empresa, que ressurgiu das ‘cinzas’, teve proveitos, no ano passado, de cerca de 800 milhões de kwanzas e de custos cerca de 400 milhões. Com o relançamento anunciado pelo Governo, em meados de 2010, para atenuar o custo de transporte marítimo de mercadorias para Angola, depois de 10 anos de paralisação ditada por uma falência técnica e financeira, a operadora pretende voltar a ter um lugar de destaque.

Em 2016, a Secil Marítima limitou-se a ser “totalmente administrativa”, segundo o presidente do seu conselho de administração, Carlos Marçal. Foi aprovado um programa de apoio logístico para o transporte de equipamentos e materiais da China para Angola. O ano ficou também marcado pela campanha promocional da empresa em que sensibilizava as instituições do Estado e as empresas concessionárias de cargas a transportarem através da companhia. No final de 2016, celebrou 39 contratos.

Com o início de operações em Janeiro de 2017, a empresa transportou, no ano passado, o equivalente a 112 mil toneladas de carga, mas representando apenas 1% de toda a carga transportada pelos portos.

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Dentro do plano estratégico para os próximos cinco anos, a empresa, que acredita que viveu no quadrante da “sobrevivência”, tem como objectivos o desinvestimento e a redução de custos.

Para o próximo ano, a Secil Marítima prevê alcançar proveitos de 841,6 milhões de kwanzas e custos no valor de 537,9 milhões de kwanzas, perfazendo lucros de 303,7 milhões. Para 2022, a rubrica dos proveitos deve ser elavada para cerca de 500 milhões de kwanzas.

Com uma imagem e reputação “fragilizadas”, que a própria administração reconhece, a Secil tem os estatutos “desajustados” e está impossibilitada de aceder a créditos face à situação patrimonial.

Debate-se ainda, como muitas empresas públicas, com um ‘software’ de gestão integrada (ERP) “insuficiente e obsoleto” e com tecnologias de informação e comunicação “inexistentes”, como admite a própria administração da empresa.

TRANSPORTES. Baixa rentabilidade, excedente de trabalhadores e falta de gestão profissional fazem parte do pacote dos constrangimentos que as empresas de Transportes apresentam. Análise é do próprio Ministério que conclui que “há vícios” a atrapalhar a boa gestão.

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As empresas públicas de Transportes, na generalidade, estão deficitárias por causa de um “conjunto de vícios e práticas contrárias à boa gestão ao longo dos anos”. Esta é a principal conclusão, estampada num documento elaborado pelo próprio Ministério dos Transportes, como resultado do diagnóstico às principais realizações, metas a alcançar, projectos e constrangimentos do sector nos últimos 10 anos.

Entre outras falhas, o Ministério reconhece que as empresas “usam indevidamente os subsídios operacionais” e destaca a “inexistência de contratos-programa” como estipula o regime jurídico do sector empresarial público. Revela ainda que as empresas apresentam uma estrutura organizacional “muito larga e pouco especializada”.

Outra lacuna das empresas tem que ver com o “excedente de trabalhadores, baixa rentabilidade, falta de gestão profissional e foco empresarial”.

Os constrangimentos abarcam também o elevado índice de incobrabilidade, principalmente quando a entidade devedora é o próprio Estado. “Ficamos todos atados porque não sabemos como cobrar ao Estado”, desabafa a directora do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística, Teresa Muro.

As principais infra-estruturas e equipamentos apresentam um elevado índice de degradação por falta de manutenção, mesmo para aquelas empresas que receberam obras de reabilitação e requalificação nos últimos tempos.

A admissão destes constrangimentos surge numa altura em que a transportadora aérea nacional, a TAAG, se tem batido para que o Estado subsidie atempadamente os combustíveis e em que a Empresa de Transportes Colectivos Urbanos de Luanda, a TCUL, sucessivas vezes, reclama contra os atrasos por parte do Governo no pagamento de subsídios da tarifa cobrada.

Grande parte das lacunas relatadas não é uma realidade isolada das empresas de transportes, reflecte a generalidade do sector empresarial público que, como consequência, é bastante deficitário. Por exemplo, os contratos-programa são uma exigência de lei que, na generalidade, não se respeita, assim como a publicação dos relatórios e contas.

Transportes em números

Nos últimos 10 anos, mais de 630 milhões de passageiros utilizaram a rede pública de transportes, foram reabilitadas e construídas 152 estações ferroviárias e adquiridos 6.870 autocarros.

Foram ainda transportadas mais de 137 milhões de toneladas de produtos diversos, reabilitados três caminhos-de-ferro, os de Benguela, Luanda e Moçâmedes. Foram reabilitados 2.720 quilómetros de via-férrea, além de construídos três centros de formação ferroviária no Huambo, Bengo e Huíla.

Ocorreram também as reabilitações dos portos do Lobito, Namibe, Cabinda e Soyo. Foram emitidos certificados para 13 operadores aéreos, para voos domésticos. Reabilitados, requalificados e modernizados 15 aeroportos e construídos dois novos.

A TCUL (Transportes Urbanos Colectivos de Luanda) teve um resultado operacional negativo o ano passado de 123,3 milhões de kwanzas, revelou o presidente do conselho de administração (PCA) da transportadora, Abel Cosme.

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A revelação foi feita num seminário metodológico promovido entre os ministérios da Comunicação Social e dos Transportes, em Luanda. Durante a sua explanação, Abel Cosme salientou que os resultados operacionais negativos em 2017 deveram-se “essencialmente” a baixa frota da empresa devido ao elevado custo operacional, custo com pessoal, combustível e mau estado das estradas nacionais.

A empresa teve como proveitos operacionais 2,8 mil milhões de kwanzas e de custo operacional, 2,9 mil milhões de kwanzas. A transportadora Só com os trabalhadores gastou 2 mil milhões de kwanzas.

Num balanço feito ao que foram os principais constrangimentos que a TCUL enfrentou o ano passado, a administração da empresa apontou a tarifa do transporte urbano que situa-se abaixo do preço real, os atrasos por parte do Estado do pagamento de subsídios a preços, concorrência desleal com os vulgos candongueiros, baixa velocidade comercial e o excesso de pessoal e a não qualificação.

Sobre esse aspecto a operadora já tinha referido recentemente num ‘workshop’ de que a transportadora tinha mais trabalhadores do que realmente precisava e que pretendia fazer um saneamento ou diagnóstico da mão-de-obra necessária. “Há excesso de pessoal e esses, nós temos que fazer o saneamento, ou seja, avaliação ou diagnóstico da mão-de-obra necessária, reconversão de uns e analisar de que forma é que o Estado vai tentar gerir o excedente do pessoal", argumentava, Abel Cosme.

A TCUL conta actualmente com 240 autocarros disponíveis, em que 185 prestam serviços urbanos, 25 interprovinciais e 30 fazem serviço de aluguer. O ano passado transportou 9,5 milhões de passageiros, com 354.424 de viagens efectuadas.

A companhia aérea nacional, TAAG, pretende dispensar mais de 500 funcionários nos próximos tempos, dado ao excessivo número de colaboradores que a empresa tem e o actual quadro macroeconómico.

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A informação foi avançada pelo presidente do Conselho de Administração (PCA) da transportadora, José Kuvingua, durante um seminário metodológico de harmonização de comunicação e marketing do Ministério dos Transportes, em que apresentou o plano estratégico da companhia para o período 2018/2022. José Kivungua referiu que esse é um dos objectivos do plano estratégico da TAAG “mais doloroso”, visto que a companhia conta actualmente com pouco mais de três mil colaboradores e apenas precisa de 1.500.

Portanto, mesmo com o despedimento dos 500 colaboradores, a empresa manter-se-á com um excedente de mil. “Queremos aumentar o número de competência em toda empresa. E à medida que formos reduzindo o pessoal vamos ser mais rigorosos e exigentes com os novos colaboradores. Pretendemos ser uma empresa de referência em que as pessoas queiram dentro do mercado angolano trabalhar na companhia”, referiu.

Outros dos objectivos da companhia passa também por diminuir o número de reclamações dos clientes, os atrasos dos voos e as perdas das bagagens. Durante o evento, o PCA da TAAG referiu que a empresa precisa de ser capitalizada pelo Governo, com cerca de 952 milhões de dólares para eliminar as constantes perdas acumuladas no balanço da companhia superiores a 1 mil milhões de dólares.Tendo referido também que a companhia poderá ressentir-se nos próximos tempos por causa do pagamento dos empréstimos de aeronaves, manutenção de aeronave e revisões planeadas de motores.