RESULTADOS. Actualização do património líquido até ao segundo trimestre deste ano reporta um aumento nos activos de 60 milhões de dólares, deixando o capital da entidade estatal a valer agora 5,05 mil milhões de dólares, mais 1,2% do que encontrou. Maioria do capital continua investida no estrangeiro. Os activos do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) aumentaram 1,2% até ao segundo trimestre deste ano, ao sair de 4,99 mil milhões de dólares, em 2016, para os actuais 5,05 mil milhões, anuncia o organismo, em nota de imprensa. De acordo com o documento, parte considerável dos investimentos continua a ser aplicada no estrangeiro, precisamente na África Subsariana, na América do Norte, Europa e no que designou por “resto do mundo”, que absorvem, pela mesma ordem, 48%, 28%, 18% e 6% da carteira total dedicada a activos. A entidade não detalha, na nota enviada a partir de Londres, a origem dos ‘milhões’ que ‘catapultaram’ os activos em mais 1,2%, mas cita lucros decorrentes de vários investimentos já aplicados por este organismo. É o caso de um resultado bruto declarado de 67,27 milhões de dólares e vários outros “ganhos dos sete fundos de investimento em ‘private equity’”. Segundo a nota, a aplicação de capital nos referidos “sete fundos de investimentos” registou-se na agricultura, com 0,11 mil milhões de dólares, no fundo para Infra-estrutura (0,12 mil milhões) e no fundo para silvicultura (0,04 m.m. USD), o que “compensou a depreciação de capital de 0,02 mil milhões dos quatro fundos restantes”. “Nenhum capital adicional foi pago ao FSDEA pelo Governo”, assume a gestão de ‘Zenu’, que, a 31 de Dezembro, anunciou os primeiros lucros da sua história, com um encaixe financeiro líquido de 7.297 milhões de kwanzas. As conquistas do Fundo ‘roubaram’ do seu líder declarações de satisfação, destacando o “pouco tempo” de trabalho, desde que a entidade iniciou actividade há cincos anos. “Com o FSDEA a comemorar o seu quinto aniversário, estou muito contente com o resultado alcançado em num período tão curto de tempo. Continuamos a registar uma apreciação contínua da carteira de private equity. Os ganhos de capital que continuamos a realizar são um testemunho do progresso inquestionável na implementação da política de investimento do FSDEA definida pelo Governo. Os resultados para o segundo trimestre confirmam um bom equilíbrio entre o crescimento e a rentabilidade”, regozija-se Filomeno dos Santos. Do balanço do FSDEA, destacam-se ainda os investimentos líquidos em rendimento fixo avaliados em 891 milhões de dólares, representando 18% da carteira total. Os investimentos líquidos em rendimento variável foram avaliados em 674 milhões de dólares, representando 14% da carteira total. Do ‘bolo’ de investimentos de 2,7 mil milhões de dólares, Angola já recebeu 459 milhões, um investimento que, segundo o FSDEA, cobriu também aplicações a nível da região da África Subsaariana. “É essencial investir de forma prudente e apoiar o desenvolvimento do sector não-petrolífero nacional, para contrabalançar o ambiente macroeconómico desafiante, a nível nacional e internacional”, rematou José Filomeno dos Santos, citado na parte final da nota que actualiza os investimentos e o capital do Fundo Soberano de Angola. Estratégia de investimento O FSDEA baseia os seus investimentos num conjunto de políticas já “decretadas” pelo executivo, que definiu que mais de um terço da carteira de investimento deva dar coberturas aos investimentos em valores mobiliários, designadamente como títulos do tesouro, as obrigações de cotação elevada, as acções listadas em bolsa de valores e outros derivados, além das “estratégias de cobertura financeira e divisas, para preservar capital”. Parte da carteira de investimentos (restantes dois terços, como define a entidade) está dedicada à actividade de ‘private equity’, nos mercados emergentes e de fronteira, para a geração de receitas elevadas a longo prazo. “Actualmente, a carteira de investimento do FSDEA está amplamente diversificada em termos de classes de activos, indústrias e geografias. Contudo, é enfatizada a actividade de ‘private equity’ nos ramos da infra-estrutura, agricultura, silvicultura, mineração e saúde na África subsaariana, para apoiar o desenvolvimento socioeconómico da região”, lê-se na estratégia de investimento da entidade, disponível no sítio de internet.
Nelson Rodrigues
PETRÓLEO. Dois dos principais ‘mestres’ da análise do sector petrolífero nacional, o CEIC e o FMI, antecipam dias “arrasadores” e menos dinheiro para o Governo “corrigir o que está mal”, com a intenção dos norte-americanos em despachar um xisto “mais barato e menos poluente” na Ásia. Analista do BPI e um gestor de peso sugerem novas estratégias. Angola pode ver pressionada, no curto ou médio prazo, a sua relevância no mercado petrolífero asiático, se o plano dos norte-americanos de ‘injectar’ gás de xisto por toda a Ásia se efectivar, no que constituiria um “grave risco” com impacto na redução das receitas de petróleo para “mínimos assustadores”, alertam ao VALOR vários analistas e ‘mestres’ da indústria petrolífera nacional. A levantar esta possibilidade está o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) e o ‘mestre’ José Oliveira, que, nas suas análises, já antevêem “desafios” e “cenários arrasadores” para o país, agora sob a gestão de João Lourenço, que tem no petróleo a principal fonte de sustentação do Orçamento Geral do Estado (OGE). Para o FMI, se as receitas petrolíferas angolanas caírem, com a entrada do xisto na Ásia, adensam-se por efeito as necessidades de financiamento. “Evidentemente seria um desafio devido a ainda alta dependência da economia e do Orçamento nos recursos do petróleo”, avisa o Fundo, pela voz do seu representante em Luanda, Max Alier. Há duas semanas, os peritos da indústria petrolífera dos Estados Unidos da América (EUA) levantaram a possibilidade, na 33.ª conferência Ásia-Pacifico, de o gás de xisto – “um petróleo leve e barato de se produzir” – ser vendido no actual maior mercado importador e consumidor de energia do mundo, a Ásia. Até Dezembro do ano passado, os EUA importaram aproximadamente 10,1 milhões de barris de petróleo por dia, com origem em cerca de 70 países. Do total comprado, incluem-se o petróleo bruto, o gás natural, gases refinados liquefeitos, outros refinados do petróleo, designadamente gasolina e combustível diesel, além de biocombustíveis, incluindo o etanol e biodiesel, de acordo com a agência EIA, organismo que gere informações do Governo dos Estados Unidos sobre o sector energético. No mesmo período, a maior potência económica mundial exportou cerca de 5,2 milhões de barris de petróleo por dia, para 101 países, maior parte dos quais já sob forma de produtos refinados do petróleo, apesar de não vir expresso quanto de xisto saiu do país. O ‘top Five’ dos países compradores do petróleo norte-americano é liderado pelo México e Canadá, que absorvem cada um 17% do total de petróleo despachado para fora. Nos cinco mais, integram ainda a Holanda (6%), Brasil (5%) e o Japão (5%), o único destino asiático nos ‘BigFive’ (Ver mapa gráfico ao lado). ANGOLA: 2.º MAIOR VENDEDOR PARA A ÁSIA… De acordo com um estudo recente da agência financeira Bloomberg, Angola ‘despacha’ para Ásia, com destaque para a China, à volta de um terço do seu petróleo, movimentação que coloca o país no segundo lugar dos produtores que mais vendem ao ‘império do meio’, depois da Rússia. Só de Janeiro a Dezembro do ano passado, a China comprou 62,7% de todo o petróleo angolano, precisamente 127.821.300 barris de petróleo bruto, segundo o mesmo estudo da Bloomberg citado ao VALOR pelo investigador angolano e ex analista de projecto do Banco Português de Investimento (BPI), Ivan Negro. Se o negócio entre os norte-americanos e consumidores asiático avançar, com a venda de xisto, Ivan Negro não tem dúvida de que Angola e os seus pares da OPEP estejam “perdidos”, a avaliar pela quantidade de petróleo que a China compra e pela “não diversificação de mercados”, por parte dos membros da organização. “O mercado será invadido pela tecnologia de xisto e isto colocará a OPEP e Angola em condição de absoluta subordinação comercial e dificuldade financeira, em especial na captação de recursos financeiros”, adverte o analista, no que é seguido pelo economista e investigador do CEIC Alves da Rocha, que não esconde o impacto do negócio do xisto na Ásia sobre Angola. PERDE INFLUÊNCIA Para Alves da Rocha, caso o xisto ‘fure’ no mercado asiático, Angola terá de se adaptar às reacções do mercado de petróleo, “porque não tem nenhuma possibilidade de o influenciar”. Este perito e investigador vai mais longe e diz que o país, agora sob presidência de João Lourenço “é apenas um observador e não um ‘player’” no circuito petrolífero mundial. “Se as vendas do petróleo de xisto dos Estados Unidos também englobarem a China, a posição de Angola, enquanto fornecedor deste produto de base, vai sair fragilizada, ainda que dependente da quantidade de petróleo de que a China necessite para manter a sua máquina económica em funcionamento e garantir mais crescimento económico, neste mercado”, antevê o director do CEIC. Assim, o “efeito esperado será a diminuição do preço [do petróleo] com diminuição de quantidades, um efeito arrasador sobre as finanças nacionais”, alerta Alves da Rocha, apontando para uma economia cada vez mais dependente das movimentações e não da produção doméstica. NECESSIDADE PARA NOVOS MERCADO Porque a ‘invasão’ dos EUA à Ásia é uma certeza, há entre os especialistas do sector petrolífero quem desenhe novas alternativas para a OPEP, sobretudo para Angola. É o caso do ‘mestre’ José Oliveira, que considera a diversificação de mercado a saída para os principais fornecedores daquele continente – Médio Oriente, Rússia e África, com Angola incluída. Acontecendo o negócio americano na Ásia, hoje maior mercado importador do mundo, os habituais fornecedores do continente deverão direccionar parte do seu petróleo para outros mercados, como o Europeu e o próprio mercado americano e sul-americano, defende José Oliveira. Apesar do risco, o estudioso minimiza os impactos para Angola devido às características do petróleo produzido pela indústria de Luanda. “Angola não deve ser muito afectada com exportações americanas para a Ásia, porque as nossas ramas são diferentes e muito usadas e apreciadas nos vários importadores asiáticos”, suaviza José Oliveira. Visão idêntica tem o consultor financeiro Galvão Branco, que entende a relação Angola-China mais de “vantagens recíprocas” do que ganhos unilaterais, a olhar para as linhas de crédito e demais compromissos entre Luanda e Pequim, apesar de reconhecer a forte competitividade do gás de xisto. “Estou em crer que, em relação a Angola, decorre a situação de que os fornecimentos de petróleo à jChina, são essencialmente para colateralizar as linhas de crédito que são concedidas ao nosso País e que a sua materialização é do interesse mútuo e com vantagens recíprocas”, minimizou o dono da GB-Consultores, afastando, para já, risco à economia nacional.
POLÍTICA MONETÁRIA. Banco central caminha para o segundo ano sem mexer na taxa de câmbio face ao dólar, na mesma velocidade que anda a taxa BNA, que concluiu, na semana passada, um ciclo de 16 meses sem alterações. Gráficos explicam a evolução das taxas e seus efeitos na economia. O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu manter a taxa básica de juro nos 16,00% até finais de Outubro, na mesma altura em que a taxa de câmbio oficial do dólar completa 510 dias nos 166,7 kwanzas, colocando ambas na corrida para o segundo ano sem alterações, de acordo com cálculos do VALOR, com base nas taxas de juros básicas e taxas de câmbios diárias disponíveis no portal do organismo. Com a manutenção da taxa BNA até à última semana de Outubro, fazem 485 dias desde que o banco central fez a última alteração à taxa de juro básica, dos anteriores 12,00%, em Maio do ano passado, para os actuais 16,00%, uma marca que se deve manter até à próxima reunião do CPM, agendada para 27 de Outubro. No mercado cambial, a taxa para a compra do dólar já se mantém inalterada há 510 dias, desde a última actualização, dos anteriores 161,468 kwanzas de Abril do ano passado, para os actuais 166,746, até Setembro passado. Ou seja, um aumento de mais cinco kwanzas à taxa anterior. A taxa básica de juro de referência indica a orientação da política monetária e serve de referência para as demais taxas do mercado interbancário. Uma subida dessa taxa indica um curso mais restritivo da política monetária, em que, por exemplo, o banco central prevê um cenário de aumento geral dos preços, no curto prazo, de acordo com o quadro operacional do BNA. A manutenção da taxa de juro básica é justificada pelo banco central, por via do CPM, com o comportamento dos principais indicadores macroeconómicos no mês de Agosto, que, segundo o organismo, teve uma trajectória descendente. No período, a taxa de inflação mensal, medida pelo Índice de Preços no Consumidor de Luanda, foi de 1,66% contra 1,77%, no mês anterior, e 3,30% em Agosto de 2016. Assim, “a inflação dos últimos doze meses situou-se em 26,95%, contra 29,01% no mês anterior e 38,18% no período homólogo de 2016, o que reflecte o curso descendente da inflação homóloga iniciado em Janeiro de 2017”, explica o banco central. Do lado da taxa da taxa de câmbio, vários economistas defendem a sua sucessiva manutenção com a necessidade de recuperação do poder de compra das famílias. Antes de Abril do ano passado, o mercado assistia a flutuações frequentes no mercado cambial. Só de Janeiro a Abril do mesmo ano, o banco central já tinha efectuado três mexidas na taxa: uma de 135,988 kwanzas, de Dezembro de 2015 a Janeiro de 2016; uma 156,39 kwanzas, de Janeiro a Fevereiro; e outra de 159,736, que sai de Fevereiro a Março, antes da fixação nos 166,7 kwanzas, que deve durar até finais do mês que corre. Petróleo explica flutuações Desde Junho de 2014, as recorrentes alterações do mercado cambial são justificadas com a queda do preço de barril de petróleo no mercado internacional. Um fenómeno que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), também justifica o alto desnível nas taxas de câmbio do mercado formal e do informal. Apesar dos preços especulativos, que ainda se situa três vezes acima da taxa de câmbio oficial, face às dificuldades na banca, o negócio de rua tem sido uma alternativa para nacionais e estrangeiros que necessitam de divisas. Três gráficos mostram históricos das taxas BNA e oficial, desde a última alteração.
Ajustes à vista na administração do SBA
BANCA. Entidade deve anunciar, nas próximas semanas, mexidas na equipa da gestão, decisão que deve sair de uma assembleia-geral de accionistas aguardada para finais de Outubro. Ajustes devem resultar da integração de um novo accionista do banco, o grupo Inpal. Uma reunião da assembleia-geral de accionistas do Standard Bank Angola (SBA), aguardada para finais de Outubro, antecipa reajustes na estrutura da administração do banco, a julgar pela mais do que provável formalização da entrada do novo accionista, o grupo Inpal. A agenda do banco, de dois pontos, a que o VALOR teve acesso, increve a apresentação, na assembleia, de novas estratégias de actuação, a pedido dos accionistas, mas não menciona qualquer discussão sobre a entrada do novo investidor. O VALOR sabe, entretanto, e como já noticiou em várias edições passadas, da entrada do grupo empresarial angolano Inpal, que absorveu 49% da participação então detida pela seguradora AAA, num negócio acompanhado e confirmado pelo Banco Nacional de Angola (BNA). Em entrevista exclusiva a este jornal em Maio passado, o actual CEO do SBA, António Coutinho, negou, entretanto, que o negócio com o novo accionista estivesse fechado, confirmando a manutenção das AAA, liderada por Carlos São Vicente, na estrutura accionista do banco. “Não está nada fechado.Continuamos com os nossos dois accionistas, que é o Standard Bank e o grupo AAA. O grupo AAA continua a fazer parte. Ainda não teve uma assembleia-geral, onde se mudasse de accionistas”, reagiu Coutinho, numa clara alusão à ausência do novo investidor no capital do banco. As declarações do CEO foram, no entanto, contrariadas, na altura, por fonte da seguradora que indicou que as AAA já tinham alienado a sua participação a favor da Inpal e que desconheciam o estágio em que se encontrava o processo. Mas é também pelas declarações de António Coutinho, em Maio, que se espera agora pela entrada formal do grupo Inpal, uma vez que a não realização da assembleia-geral era apontada como a única razão que condicionava a formalização do novo accionista. Ao que o VALOR apurou, na altura, a saída de São Vicente, conjugada com a ausência de rostos da Inpal no banco, levou a que, nos últimos dois anos, a gestão do SBA ficasse sob controlo exclusivo da parte sul-africana. BNA domina processo… Também, em Maio, fonte do banco central conhecedora do processo avançou que a finalização do negócio que deve colocar os angolanos do grupo Inpal Participações no capital do banco estava “dependente de um conjunto de documentos” que o BNA terá solicitado ao SBA e que, até à altura, não tinham sido entregues, apesar de a instituição liderada por Valter Filipe ter notificado o banco, por volta de Agosto de 2016. Conforme escreveu o jornal, o despacho do BNA que aprova o novo investidor terá sido exarado ainda no segundo trimestre de 2016 e, poucos meses depois, o regulador terá notificado o banco a remeter os documentos que condicionavam o registo dos 49% das acções a favor da Inpal, entre os quais a acta de assembleia-geral de accionistas do SBA, a mesma que deve acontecer no próximo Outubro.
SEGUROS. Director do departamento de sinistro do maior ‘player’ do sector segurador nacional admite haver 300 casos de acidentes automóveis “pendentes”. Seguradora queixa-se de perdas no balanço com a resolução de sinistros e já fala na “profissionalização” de técnicos para poupar custos. A Empresa Nacional de Seguros de Angola (ENSA) recebeu, de Janeiro a 31 de Agosto, cerca de quatro mil casos de sinistros, 300 dos quais aguardam por resolução, revelou ao VALOR o seu director para a área de sinistros, Francisco Santos. De acordo com os números da ENSA, até ao final do ano, a entidade seguradora prevê receber até sete mil casos de acidentes, no segmento ‘seguro de responsabilidade civil automóvel’. “Temos uma média de 200 a 300 processos [de sinistros] pendentes. Ou seja, em regularização. Significa que, dos três ou quatro mil casos abertos, estão fechados cerca de três mil e tal, ou a sua maioria”, contabiliza o gestor. Questionado sobre o quanto custa, para ENSA, resolver os sinistros reportados, o responsável não precisou números, sublinhando apenas que os “custos variam” em função da natureza dos produtos. Isso varia. “Cada sinistro tem o seu valor. Considerarmos aquilo que arrecadámos e o que realmente indemnizamos, estamos com um índice de sinistralidade à volta dos 26% a 30%”, argumentou Francisco Santos, para quem é necessária a profissionalização dos técnicos da área dos sinistros. Francisco Santos assegurou também que, apesar do actual contexto económico, a operação se mantém, sem impacto da crise económica e financeira, já que, no mundo dos seguros, a ‘variável’ de trabalho se cinge à ideia de que “o cliente paga primeiro, só depois é assistido”. “O ciclo económico dos seguros assenta no facto de que o segurado paga primeiro e depois é assistido. De modo que, aquilo que já está pago, está garantido. O segurado tem conforto, não contrabalanceia em nada”, defendeu o quadro sénior da equipa liderada por Manuel Gonçalves. Impacto nos lucros Se os contratos de seguros são os que mais contribuem para a facturação e para os lucros das operadoras do sector, o mesmo não sucede na hora da regularização de um sinistro. De acordo com Francisco Santos, o sinistro é dos segmentos que contribui para as “perdas” da instituição, no balanço da entidade. “É necessário que, cada vez mais, profissionalizemos melhor os técnicos no sentido de poder cuidar melhor os processos e reduzir os custos da empresa. Quanto mais capacitação tivermos, quanto mais tecnicamente a gente for capaz de interpretar e de ver as causas que deram origem ao sinistro e aquelas que podem concorrer para uma fraude e a pudermos evitar, reduzimos os custos para a empresa e assim a empresa tem outra solvência”, explicou o responsável, apontando para a fraude nos seguros e na capacitação dos técnicos. Reparação em 20 dias Ao avaliar o tempo de respostas dos sinistros reportados à ENSA, Francisco Santos diz que “já não tem havido muitas queixas, quanto à resolução dos casos, sublinhando que a empresa leva apenas 20 dias para resolver os casos reportados, menos 10 que o tempo normal previsto por lei”. O responsável justificou o atraso na solução dos acidentes com as várias etapas por que passam os sinistros. “As apólices dizem que o segurado ou reclamante tem até oito dias para participar o sinistro. Há vezes em que não participa em oito dias. Felizmente, nos últimos tempos, já não tem havido muitas queixas”, conta. Contas não disponíveis No site da entidade, não estão disponíveis quanto de lucro ou prejuízo a ENSA inscreveu no balanço dos últimos dois anos, precisamente em 2015 e 2016, nem mesmo a participação dos sinistros. Os últimos dados disponíveis no site são do exercício de 2014, que reportam um lucro de 1,4 mil milhões de kwanzas. Uma nota da entidade que resume o balanço de 2016 distribuída à imprensa revela que, até 31 de Dezembro, a contabilidade da maior seguradora registou um crescimento de 44% para 1.013 milhões de kwanzas, face às margens do período anterior, calculadas em 705 milhões. No relatório, não vem expressa a contribuição com os sinistros, mas destaca-se a evolução do aumento de 11% no valor de prémios emitidos em 2016, atingido um valor total de 47,6 mil milhões de kwanzas, justificado pela entidade com os produtos de Saúde, Acidentes de Trabalho, Petroquímica e Responsabilidade Civil.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...