BANCA. Entidade bancária angolana e parceiro chinês ICBC ouviram preocupações da comunidade empresarial chinesa em Angola, que pede maior aposta no ‘internet banking’ e emissão de cartões multicaixa “na hora”. Sugestões já seguiram para o ‘China Desk’, departamento do banco que olha para os chineses no país. Várias empresas chinesas e altos responsáveis do Standard Bank Angola (SBA) discutiram, na semana passada, a possibilidade de introdução de novos serviços que ajudem nas operações dos grupos chineses no país, com vista a facilitar os fluxos financeiros da China para Angola e vice-versa, soube o VALOR do responsável do ‘China Desk’, departamento que atende a comunidade empresarial chinesa em Angola, Nuno Song. De acordo com o banco, esta possibilidade surge devido à “importância económica” da comunidade chinesa no país e vem facilitar, entre outras, as operações financeiras dos grandes grupos chineses instalados no país, propostas discutidas num encontro que congregou acima de 100 ‘homens de negócios’ da China, os responsáveis do maior banco do mundo e accionista o Standard Bank Group, o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês), além do embaixador chinês em Luanda. “Este evento é muito importante. Tínhamos preparado há já três meses e convidámos os colegas do ICBC e do SBA da África do Oeste e da China. A comunidade chinesa em Angola é economicamente importante, não só por causa dos créditos que os bancos chineses fornecem ao Governo angolano, para ajudar a construir infra-estruturas, mas também devido a muitos chineses e homens de negócios, que trazem mercadorias para Angola”, justificou Nuno Song, o anfitrião do encontro realizado em Luanda. Das preocupações recolhidas no certame, sobressaem a necessidade de maior aposta no serviço ‘internetbanking’ e um serviço multicaixa “sempre operacional”, segundo referiu o chinês e alto quadro do SBA, que deu exemplos de como estes dois segmentos são “vitais para os negócios”, devido à movimentação constante de avultadas somas da parte da comunidade empresarial chinesa em Angola. “O internetbanking, por exemplo, é um método muito eficiente. Os chineses já não costumam levar carteiras quando vão ao mercado. Ao comprar uma maçã, o cliente usa telemóvel para pagar as contas. Nunca usa o ‘cash’. E este é um detalhe que os empresários chineses perguntaram ao Standard e querem ver implementado também em outros bancos, para facilitar operações da comunidade chinesa em Angola”, contou ao VALOR Nuno Song, à saída do encontro. Exigida maior eficiência Os empresários chineses abordaram, por outro lado, a necessidade de melhoria noutros segmentos bancários, o caso da eficiência a imprimir nos serviços bancários. Neste ponto, Nuno Song voltou a dar exemplo da funcionalidade do ‘multicaixa’, que, no entender dos empresários do gigante asiático, deve ser “na hora”. Ou seja, os chineses entendem que o cartão multicaixa e toda a sua componente devem estar prontos a serem utilizados no momento à seguir a abertura de conta e não 24 horas depois. “Em Angola, quando se abre conta bancária, a emissão do cartão multicaixa espera uma semana, dois dias ou três dias. Na China, é de imediato, na hora. Há lá um tipo de máquina que trata de todos os serviços, que chamamos de ‘smartmachine’, mas que, em Angola, só se resolvem nos balcões. Com esta ferramenta, significa que há menos funcionários nas agências do ICBC na China do que qualquer banco em Angola”, explicou este responsável, dando exemplo do desempenho das agências do congênere chinês ICBC. Questionado sobre para quando a implementação de novas soluções bancárias, o responsável do ‘China Desk’ não dá datas, mas reforça a promessa de introdução destas práticas, lembrando que o mecanismo já é do controlo da administração do SBA. “O nosso CEO junto e os CEO de outros SBA de outros países estavam na China, há duas semanas, verificaram essa solução nas agências do ICBC e é uma ideia que trouxeram para o nosso ‘board’. É uma boa solução para Angola. É uma prática que não é complicada de aplicar”, disse. Conversão directa do Yuan Nuno Song lembrou também a ‘história’ da possibilidade de conversão directa entre o kwanza e o yuan, a moeda da china, assunto que vem do antigo governo liderado pelo ex-presidente José Eduardo dos Santos. Para Song, esta possibilidade não depende dos bancos, mas dos acordos entre os Governos. Mas esconde a vantagem que o mecanismo traria aos negócios entre os empresários dos dois países. “A possibilidade de conversão directa do yuan para o kwanza não depende dos bancos, depende, sim, dos acordos governamentais. Nós queremos essa conversão directa para kwanza, para facilitar o comércio internacional”, sublinha Song.
Nelson Rodrigues
Banco Mundial prepara mais desembolsos para Angola
FINANCIAMENTO. Vice-presidente da entidade para África anuncia reforço das ajudas a Angola, no fim de uma reunião com o ministro das Finanças. Sem avançar montantes, o organismo coloca a Educação, a Saúde e o Orçamento em posições de destaque. O Banco Mundial (BM) anunciou que tem preparado, para os próximos anos, mais financiamentos para o Governo angolano, mas que ainda estão dependentes de estudos e avaliações do organismo sobre as necessidades e prioridades a atacar. A mensagem foi dada por Makhtar Diop, vice-presidente da entidade bancária mundial, à saída de uma reunião com o ministro das Finanças Augusto Archer Mangueira e altos quadros afectos às duas entidades. Da agenda de Makhtar Diop, que esteve no país na semana passada em visita de trabalho, no âmbito da ‘Revisão Estratégica de Integração Regional’, constava o reforço da cooperação económica e financeira com Angola, que privilegia, sobretudo, os domínios da Educação, Saúde, Energia e Águas e Agricultura, além da possibilidade de um apoio ao Orçamento Geral do Estado (OGE) angolano. “Os valores serão discutidos depois, quando a avaliação estiver pronta. Mas o mais importante é a vontade do Banco Mundial em apoiar Angola”, disse Diop, sem, no entanto, precisar o montante do financiamento a ser libertado. Ao comentar sobre o actual quadro económico de Angola, Makhtar Diop sublinhou que o mais importante é existir “uma janela de oportunidades” de cooperação entre o Banco Mundial e Angola, nos sectores da Educação, Saúde, Energia e Águas e Agricultura. Do Ministério das Finanças, sai a ‘crença’ de que, com a vinda de Makhtar Diop, haverá o “estreitamento das relações com o Banco Mundial e a captação de importantes financiamentos, visando apoiar a agenda governativa do Executivo voltada para o relançamento do crescimento económico, redução da pobreza, transformações estruturais, diversificação económica, bem como a inclusão económica e social”, de acordo com uma nota disponível no site do organismo. Fruto das negociações entre Angola e o Banco Mundial, prossegue a nota das Finanças ,“as partes acreditam ser necessário um incremento do pacote financeiro, para apoiar importantes projectos do sector social, com realce para os sectores da electricidade e do saneamento, tendo em conta as necessidades de financiamento do país nos próximos anos”. Actualmente, a presença do Banco Mundial em Angola está focalizada em três eixos, nomeadamente a assistência técnica, estudos e financiamento de projectos. O primeiro eixo já pôs em marcha três das suas iniciativas, nomeadamente a assistência técnica sobre a melhoria do ambiente de negócios, assistência técnica sobre o desenvolvimento do sistema financeiro e a assistência técnica sobre o branqueamento de capitais e combate aos fluxos Financeiros Ilícitos. Já no segundo eixo, está em curso a produção de um conjunto de estudos que têm como foco efectuar o diagnóstico em determinados sectores e produzir recomendações, designadamente o estudo sobre a revisão da despesa no sector da educação e saúde, a revisão da despesa no sector de protecção social, bem como o memorando económico do país. O terceiro eixo concentra-se na carteira de projectos financiados pelo Banco Mundial, com ênfase nos sectores da Educação, Saúde, Agricultura e Energia e Águas, globalmente avaliados em 1.065 milhões de dólares.
BANCA. Último relatório ‘Banca em Análise’ assinala recuo de cinco pontos percentuais no crédito em moeda estrangeira, libertado pelos bancos, em 2016, contra o montante cedido em igual período anterior. Se recuarmos a 2010, a diferença é ainda maior. Tendência acompanha os depósitos. Os bancos comerciais com resultados financeiros do ano passado declarados anunciaram um recuo de cinco pontos percentuais (pp) no crédito em moeda estrangeira, ao sair de 35% em 2015 para 30% até 31 de Dezembro do ano passado, de acordo com o mais recente relatório ‘Banca em Análise’, que avalia o sector financeiro nacional nos 12 meses de 2016. Com as margens de 31 de Dezembro do ano passado, faz sete anos que a concessão de empréstimos em moeda estrangeira, seja em dólares, seja em euros, não pára de diminuir, com a queda mais marcante a observar-se entre 2010 e 2013, quando os rácios do crédito saíram de 55% para apenas 32%. Já o total de crédito líquido libertado – que inclui a moeda nacional e a estrangeira – ascendeu a mais de três biliões de kwanzas, representando um avanço de 12% face ao desempenho do ano anterior. A Deloitte entidade autora do estudo, não dá detalhes sobre a contínua desaceleração do crédito à economia em moeda estrangeira, mas o facto pode ser associado à redução dos recursos em moeda estrangeira, face à queda das receitas petrolíferas, desde a segunda metade de 2014, como, aliás ,sinalizou o seu novo ‘country manager’, Duarte Galhardas, em mensagem de ‘boas-vindas’ no estudo. “Apesar de, em 2016, se ter assistido a uma evolução positiva de alguns indicadores macroeconómicos globais, os baixos preços do petróleo continuaram a marcar o contexto macroeconómico, levando à estagnação do produto interno bruto, escassez de divisas e a um aumento substancial da inflação”, observou Galhardas, apelando ao Governo a uma maior atenção no processo de diversificação económica. Também Amílcar Silva, presidente da Associação Angolana de Bancos (ABANC), considera ser “importante dar muita atenção aos programas para a diversificação”, porque, segundo defende, “são prioritários” na obtenção de divisas. “O crédito é a base do negócio dos bancos. Traz crescimento, emprego, aumento do consumo; gera diversidade económica; cria riqueza; proporciona qualidade de vida e ajuda a combater assimetrias”, considerou o mais antigo bancário angolano, citado no estudo. Para as saídas em moeda nacional, a tendência é ascendente, apesar de um ligeiro recuo entre 2014 e 2015. Só de Janeiro a 31 de Dezembrodo ano passado, os níveis de créditos líquidos atingiram os 70%, mais cinco pp contra os 65% do exercício financeiro relativo a 2015. BPC NA LIDERANÇA Individualmente, o Banco de Poupança e Crédito (BPC) é a instituição que mais libertou em crédito, com 1.052.180 milhões de kwanzas. Aliás, este é o segundo indicador bancário – depois dos activos – que o banco domina há, pelo menos, quatro anos. Na classificação por crédito, o Banco Millennium Atlântico (BMA) é o segundo maior, com 447.041 milhões de kwanzas cedidos, posição alcançada depois da fusão ocorrida em meados de 2016, entre os extintos bancos Privado Atlântico (BPA) e o Millennium Angola (BMA) e que relega o Banco Angolano de Investimento (BAI), com 379.864 milhões, para a terceira posição nos cinco maiores. A lista dos ‘big five’ em crédito no ano passado fecha com o BIC e o Banco de Fomento Angola (BFA), que dispensaram, no período, 304.320 e 253.311 milhões de kwanzas, respectivamente. VTB NA CAUDA Do outro lado, estão as instituições bancárias que menos créditos libertaram. Este grupo, que integra o BAI Micro Finanças, o Banco Comercial do Huambo (BCH), o Banco Prestígio(BPG), o Banco de Desenvolvimento Rural (BIR) e o VTB, o valor mais baixo foi cedido por este último, que não foi além dos 30 milhões de kwanzas de crédito líquido à economia nos 365 dias do ano passado. O BIR cedeu 167 milhões, o BPG com 234 milhões, o BCH libertou 236 milhões e o BMF, com maior valor entre os pequenos, cedeu 240 milhões. DEPÓSITO ‘SEGUE’ TENDÊNCIA Assim como no crédito, a tendência é a mesma com os depósitos. Ou seja, há cada vez menos dinheiro em moeda estrangeira a entrar nos bancos. De Janeiro a Dezembro do ano passado, por exemplo, os depósitos recuaram um ponto percentual, ao saírem de 34% em 2015 para 33% ate finais do ano passado. Nesta rubrica, o BAI ‘rouba’ a primeira posição ao BFA, ao fechar o ano passado com depósitos a valerem 1.137.304 milhões de kwanzas, atirando o banco da Unitel para a segunda posição com um bilião de kwanzas nas contas. Vêm a seguir o BFA os bancos BPC (1.022.046), BIC (850.433) e o BMA (741.991).
Massano regressa com as RIL 35% abaixo do que deixou
NOMEAÇÃO. João Lourenço afasta Valter Filipe do BNA, recolocando no seu lugar o bancário José de Lima Massano, quando as divisas estão mais escassas e as reservas internacionais a baixarem a 35% desde que este as deixou em 2015. Analistas apoiam, ao VALOR, decisão presidencial e falam em “honrar de palavras” da parte do PR. O Banco Nacional de Angola (BNA) tem, desde a tarde da última sexta-feira, um novo governador, José de Lima Massano, que substitui no cargo o jurista Valter Filipe, de acordo com um comunicado da Casa Civil do Presidente da República, distribuído à imprensa. O novo governador chega ao banco central numa altura em que os recursos em moedas estrangeiras não param de cair e as reservas internacionais líquidas (RIL) a rondarem os 15,6 mil milhões de dólares, menos 35% do que as margens do período em que José Massano largou o comando do BNA. Massano é recolocado no banco central dois anos depois de ter saído,“a seu pedido”, e deixa, assim, o Banco Angolano de Investimento (BAI), onde assumiu, até à tarde da última sexta-feira, a posição de presidente da comissão executiva, entidade que já é a segunda maior no ‘ranking’ da banca nacional por activo, com 1,3 biliões de kwanzas. Até à tarde da última sexta-feira, o agora exonerado Valter Filipe caminhava para o vigésimo mês à frente dos destinos do banco central, onde chegou por indicação do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, em Março do ano passado. A exoneração apanha Valter Filipe no encalço da implementação de dois programas no BNA, focados na “reestruturação orgânica” e na “adequação do sistema financeiro nacional às normas e boas práticas internacionais”. Nem estas medidas pesaram na avaliação da continuidade do gestor no banco central. As de reformas da casa da moeda nacional apenas foram apresentadas, aliás, nos dias antes e a seguir ao discurso do PR sobre o estado da Nação, que deixou ‘a nu’ a gestão do BNA, sobretudo no que toca à distribuição das divisas. De acordo com João Lourenço, o diferencial entre os mercados primário e informal de divisas é “bastante significativo”, o que, na visão do PR, terá levado a uma segmentação do mercado cambial cujas “consequências mais importantes são a pressão sobre as finanças públicas e a balança de pagamentos e o seu efeito negativo no crescimento do sector produtivo do país. Às consequências, João Lourenço somou a contracção aculmulada das reservas internacionais líquidas (RIL), entre 2013 e o segundo Trimestre de 2017, a um nível de 46,4%,, como “consequência dos sucessivos défices da balança de pagamentos, que, por sua vez, resultaram, essencialmente, da diminuição do valor das exportações petrolíferas”. EXONERAÇÃO ANUNCIADA Assim, o recém-eleito PR não viu outras medidas, senão o anúncio, embora implícito, de uma possível mexida no governo do BNA, medida apoiada, aliás, por analistas ouvidos pelo VALOR. “Pelo importante papel que desempenha em qualquer economia, em particular no seu sistema bancário, não descansaremos enquanto o país não tiver um banco central que cumpra estritamente e de forma competente com o papel que lhe compete, sendo governado por profissionais da área”, sentenciou Lourenço, naquilo que passou a ser visto como a ‘morte anunciada’ de Valter Filipe à frente do BNA. Para o consultor financeiro Galvão Branco, já era “expectável” a movimentação de Valter Filipe. Este gestor empresarial diz mesmo que o “pior seria não afastar” o agora exonerado Valter Filipe, além de repisar no facto de que a exoneração “em nada interferiria nos programas de reestruturação orgânica em curso no banco central. “A exoneração não afecta em nada a aplicação dos programas da anterior administração. As pessoas têm a sensibilidade de ponderar. Acho que [a exoneração] não tem algum tipo de interferência. Eu penso que isso agrega maior valor em matéria de competência. Não creio que haja qualquer tipo de impacto negativo, nem mesmo na assistência técnica do FMI”, defendeu o analista e dono da GB-consultores. MERCADO “GANHA” A fazer coro está o economista Rui Malaquias. Para este, João Lourenço apenas cumpriu com as palavras no discurso sobre o ‘estado da Nação’. “Em princípio, com a alteração de Valter Filipe por José Massano, que já lá esteve no BNA, o presidente está a ser fiel às suas palavras. Está a fazer aquilo que ele já tinha dito: que não estava satisfeito com as divisas que estavam a ser alocadas. Nenhum grupo devia ser beneficiado, e, no entender dele [do Presidente], é isto que estava acontecer”, considera Malaquias, para quem a escolha de José Massano para o posto de governador é um “ganho” para o sector, a avaliar pela experiência deste no ramo. Com o afastamento de Valter Filipe e o regresso de José Massano, completa seis, desde 2002, o número de alterações no comando do banco central. Nesse período, passaram pelo BNA Amadeu Castelhano Maurício, Abrahão Gourgel, José Massano (que regressa a casa), José Pedro de Morais e Valter Filipe.
Fim de 2017 com queda ligeira dos lucros do...
RESULTADOS. CEO da entidade bancária antevê um balanço com quedas marginais nos lucros por culpa do malparado que deve “exigir maiores esforços” e um impacto nos resultados do banco até finais de Dezembro. Também ficam ‘pendurados’ planos de abertura de novas agências devido à crise financeira. O Banco Regional do Keve (BRK) deverá fechar o exercício financeiro deste ano com um recuo “ligeiro” nos resultados líquidos, devido à necessidade de um nível de provisão superior para compensar o crédito malparado da entidade, revelou ao VALOR o presidente da comissão executiva da instituição bancária, Arlindo das Chagas Rangel. De acordo com o gestor do banco, que falava à margem da 12.ª edição do fórum ‘Banca em Análise, espera-se um impacto nos resultados com a aplicação de fundos para cobrir o malparado, cujo nível não precisou, mas que “estão em linha com os do sistema bancário nacional”. “Os [nossos] resultados devem andar mais ou menos em linha com os do ano passado, não deve variar muito. Inclusive deve reduzir ligeiramente”, admitiu Arlindo Rangel, apontando para o malparado. Na mensagem conjunta dos presidentes do conselho de administração e da comissão executiva do banco, Rui Eduardo Leão da Costa Campos e Arlindo das Chagas Rangel, respectivamente, que acompanha o balanço do ano passado, a entidade reconhece ter havido um crescimento substancial das ‘provisões para crédito e garantias prestadas’ em 154%, fixando-se em 8.083 milhões de kwanzas, “mediante um inusitado reforço das dotações para provisões em 7.742 milhões de kwanzas”. É também nesta rubrica que, aliás, no ano passado, os peritos auditores da Deloitte já haviam colocado reservas às contas do banco, por este não se encontrar, no período, a cumprir adequadamente, com todos os requisitos previstos nos avisos n.º11/2014 e n.º12/2014 e no instrutivo n.º 9/2015, do Banco Nacional de Angola, relativamente à classificação de risco das operações de crédito e consequente apuramento das provisões, incluindo em operações de crédito concedido a entidades relacionadas, conforme a nota do auditor a que o VALOR teve acesso. Segundo a Deloitte, os esforços evidenciados pela instituição financeira nos anos 2016 e 2015 nos montantes líquidos de 6.926.040 milhões de kwanzas e 2.858.444 milhões, respectivamente, “atendendo às deficiências indicadas” (o não cumprimento das normas do regulador), e às conclusões que foram possível obter da análise específica pelo auditor da carteira de crédito concedido, dos juros de crédito nas demonstrações de resultados e dos “outros valores” a receber, eram insuficientes para cobrir qualquer riscos a que se destinavam e às perdas estimadas. RESERVA NÃO TRAVA LUCROS Apesar das reservas da Deloitte, o banco gerido por Arlindo Rangel fechou 2016 com resultados positivos a ultrapassar os 200%, precisamente 203%, que colocou os lucros nos 2.488,7 milhões de kwanzas. O CEO do Keve justificou o crescimento do ano passado com o desempenho financeiro do banco e o rigor nas despesas, além de outras melhorias nos rácios de eficiência. No ano passado, o Banco Keve “teve um rigor maior nas suas despesas, melhorou a qualidade da despesa. Também houve uma melhoria no rácio de eficiência e a outra vertente foi o crescimento de mais de 50% na componente dos resultados da parte financeira”, explicou o gestor. Ao avaliar o desempenho do sector, que fechou 2016 com resultado líquido a crescer 55% para 174.019 milhões de kwanzas, Arlindo Rangel justificou com a desvalorização assistida no início do ano passado, o que influenciou nos resultados do sistema. “O que esteve na base deste crescimento, no ano passado, basicamente foi a desvalorização que existiu na transição de 2015 para 2016. Teve um impacto grande sobre a carteira dos bancos. Da nossa análise é esse o grande efeito”, comentou o gestor.
BCI fica com edifício do Big One por ordem do Tribunal de...