RESULTADOS. Entidade controlada pelo político e empresário Elias Chimuco antecipa ao VALOR fracasso nos objectivos até 31 de Dezembro deste ano, devido ao impacto da crise do petróleo no negócio. Inovação nos serviços e expansão das agências são apostas para 2018 do banco que já acumula dois prejuízos desde que arrancou. O conselho de administração do Banco Yetu, instituição detida em 70% pelo deputado do MPLA Elias Piedoso Chimuco, projecta encerrar o exercício financeiro de 2017 com resultados abaixo das metas traçadas pelos accionistas, atribuindo culpa à crise do petróleo, revelou ao VALOR o administrador executivo Fernando Vunge. De acordo com a administração, que não adianta, em números, quanto deve crescer nos activos e nos lucros, nem que objectivos são esperados até 31 de Dezembro, os resultados de 2017 vão reflectir as actividades desenvolvidas e os “sacrifícios” da instituição ao longo dos 12 meses. “Estamos a fazer o balanço, por isso, não me atrevo agora a dizer, em termos quantitativos, [quanto vamos crescer]. Não vamos cumprir as metas, mas [vamos ter] um resultado que satisfaz as actividades que temos vindo a desenvolver ao longo do ano, que podiam ser melhores”, reconhece o conselho de administração, pela voz de Fernando Vunge. No balanço antecipado, a administração avança ainda que, desde o início do ano, se dedicou à observância dos regulamentos e normativos do Banco Nacional de Angola, um desafio que, segundo o banco, deverá prosseguir no próximo ano. “Temos de estar preparados para a nova conjuntura, em função da nova metodologia do BNA relativamente a uma maior fiscalização aos bancos comerciais e uma melhor monitorização da actividade de divisas”, disse o gestor, ao mesmo tempo que falava sobre a aposta no crédito à economia pelo banco. O Banco Yetu foi fundado em 2015 e surge das ‘mãos’ do político e empresário Elias Chimuco, com 70% do capital investido, e mais quatro accionistas, nomeadamente Margarida Severino Andrade, com 10%, Deolindo Cative Bule Chimuco, com 10%, o actual ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, João Ernesto dos Santos ‘Liberdade’ (5%) e Manuel Francisco Tute, com os restantes 5%. Para responder às exigências dos donos, o conselho de administração já traçou, para 2018, novas metas. Do conjunto de objectivos, projecta-se a expansão da rede de agências do banco para mais duas províncias, designadamente em Benguela, na cidade do Lobito, e na Huila, além da introdução de novos serviços, que privilegiem a captação de depósitos a prazo e que “satisfaçam as necessidades financeiras dos clientes”. “Almejamos que o próximo ano seja melhor, tendo em conta os serviços e produtos inovadores, que o banco Yetu está a implementar para ao encontro das necessidades dos nossos clientes”, sublinha o administrador, que já faz contas para o próximo exercício financeiro. Actualmente, o Banco Yetu está representado em duas províncias, nomeadamente Luanda e Kuando-Kubango, além de uma parceria de correspondência bancária com a agência de câmbio ‘Nova Câmbio’. ACTIVOS CRESCEM 149%... De acordo com os dois últimos relatórios ‘Banca em Análise’ da Deloitte, os activos do banco de Elias Chimuco deram um salto de quase 150%, precisamente 149%, ao saírem de 4.824 milhões de kwanzas, em 2015, para 12.012 milhões até 31 de Dezembro do ano passado. Também em 2016, a instituição fechou o exercício financeiro com um total de 5.738 clientes, correspondendo a um montante de depósitos de 7.607 milhões de kwanzas, o que, segundo as contas do banco, expressas no último relatório e contas, se re por uma quota de mercado de 0,12% (0,027% em finais de 2015), o que coloca o banco no 22.º lugar do ‘ranking’... PREJUÍZOS AGRAVAM-SE EM 19% No relatório e contas do ano passado, a entidade reconhece e inscreve no balanço um prejuízo de 19% face às margens de igual período anterior, em que se calcularam perdas de 274,5 milhões de kwanzas, montantes que podem ser justificados com os custos de estruturas e com “o ambiente económico moderado” do período em que se lança o banco, de acordo com a mensagem do conselho de administração, que acompanha o relatório. O conselho de administração do Banco Yetu é composto por cinco administradores, dois dos quais antigos servidores públicos de peso, no caso Eduardo Leopoldo Severim de Morais, ex-ministro das Finanças, que agora preside ao conselho de administração, e António André Lopes, antigo vice-governador do Banco Nacional de Angola e actual administrador executivo. A lista de administradores fecha com João Dias de Carvalho, administrador executivo, Fernando Francisco Vunge, administrador executivo, e Eurico Catuma Camutenga, com a pasta de administrador não-executivo.
Nelson Rodrigues
BANCA. Gigantes da banca africana elevam Angola, por via das suas filiais angolanas, no grupo dos maiores bancos continete. Não é o BFA, nem o BAI, nem mesmo o BPC, o colosso dos activos e o mais antigo a operar. São o Standard Bank Angola e o Chartered de Angola. O Grupo Standard Bank e o Standard Chartered, ambos com representação em Angola, integram o grupo dos maiores bancos pan-africanos, escolhidos pelo grau de penetração no continente africano, de acordo com a mais recente versão do relatório sobre receitas fixas, moedas e mercadorias, desenvolvido pelo Ecobank Group Research. De acordo com o estudo, são bancos pan-africanos as entidades financeiras que “operam em várias jurisdições africanas”, avaliados, também por activos, depósitos, empréstimos, fundos accionistas, além do número de representações em países pelo continente. As duas instituições bancárias colocam, deste modo, Angola na rota dos maiores bancos africanos, também designados ‘Bancos Pan-Africanos’, por via das suas representações em Angola pelo Standard Bank Angola e o Standard Chartered de Angola. Por este facto, os dois únicos bancos angolanos descritos deixam para trás gigantes do sistema bancário nacional em activos e lucros, como o Banco de Poupança e Crédito (BPC), detentor de 1,6 biliões de kwanzas, o Banco de Fomento Angola (BFA), o ‘patrão’ dos lucros com 61.713 milhões e um activo de 1,3 biliões de kwanzas, assim como o Banco Angolano de Investimento (BAI), com 1,3 biliões de activos e lucros de 49.741 milhões de kwanzas. Apesar disto, há já uma forte tendência de os bancos angolanos caminharem para o que o Ecobank Group designa por ‘Bancos Pan-africanos’, a avaliar pela expansão de respresentações pelo continente. Dos cinco maiores bancos angolanos, três já iniciaram operações em África fora de Angola. O BAI tem, por exemplo, abertas agências em Cabo Verde, assim como o Banco BIC e o Millennium Atlântico têm operações na Namíbia, além de outros negócios fora do continente e com tendências de expansão pelo mundo. Até finais de 2016, a entidade autora do estudo tinha registado seis bancos pan-africanos com representações em 15 ou mais mercados financeiros. Da lista, o Ecobank – entidade em vias de iniciar operações em Luanda – detinha a maior quota de penetração, com operações bancárias completas em 33 países, incluindo os escritórios de representação na África do Sul, Etiópia e Angola. Standard Bank, maior em activos Na posição imediatamente a seguir com maior penetração está o sul-africano Standard Bank e o nigeriano United Bank for Africa (UBA), ambos com actuação em 19 países, numa lista de bancos onde ainda integram o britânico Chartered e o Bank of Africa, ambos com operações em 19 jurisdições africanas, além do marroquino Attijariwafa Group. Individualmente, o Standard Bank e o Barclays Africa conservaram os maiores activos financeiros, com 125 mil milhões de dólares e 74 mil milhões, respectivamente, apesar de as suas operações estarem “fortemente concentradas nos mercados anglófonos da África do Sul, no Oeste e no Leste do continente”, explica o estudo. “Os bancos pan-africanos surgiram como a força motriz da revolução financeira de África, permitindo que os bancos construíssem escala e aumentassem a eficiência, além de unificar os mercados fragmentados e divulgar a inovação”, consideram os autores do estudo, que, no documento, também fazem um prognóstico sobre inovação tecnológica e financeira no próximo ano. Banca africana em 2018 De acordo com o relatório do Ecobank Group Research, é esperado que se acelere, em 2018, no continente, com a inovação em finanças e tecnologia, impulsionado por uma “nova geração de africanos ‘nativos digitais’”. “A proliferação de ‘hubs’ tecnológicos em África (de forma mais destacada na África do Sul, no Quénia, no Ruanda, na Nigéria, no Gana e na Costa do Marfim), irá alimentar a próxima onda de ‘startups’ africanas e ajudá-las a entrar em contacto com investidores”, concluem os peritos da Ecobank Group Research.
Lucros do BAI devem crescer mais 20% este ano
SECTOR BANCÁRIO. Administração do actual segundo maior banco angolano nos activos antecipa resultados deste ano e já projecta crescer mais 20% nos lucros contra as margens recolhidas em 2016. Plano estratégico da entidade ambiciona elevar carteira de clientes para perto de dois milhões até 2021 e maior aposta no internet banking. O Banco Angolano de Investimentos (BAI), a segunda maior instituição nacional medida pelos activos e lucros, deve encerrar o exercício financeiro deste ano com os lucros a crescerem à volta dos 20%, revelou ao VALOR o presidente da sua comissão executiva interino, Luís Filipe Lélis. A liderança do banco não explica em que segmento da actividade bancária vão ter origem os 20% para o avanço dos lucros, mas considera que o desempenho do banco em 2017, medido pelas políticas de gestão seguidas pela entidade e o comprometimento da administração, além da tradicional intermediação financeira com cedência de crédito e serviços cambiais, vão ajudar no crescimento. “O ano tem sido bom. Diria mesmo excelente. Temos tido uma equipa muito empenhada, temos uma liderança também muito comprometida. Infelizmente não lhe posso precisar [em termos objectivos] os resultados, mas posso dizer que serão melhores do que os do ano passado. Nós poderemos crescer à volta de mais 20%”, avançou Lélis, que assumiu a gestão interina do banco com a saída de José Massano para o banco central, há um mês. Só de Janeiro a Dezembro do ano passado, o banco declarou um avanço nos lucros na ordem dos 213%, ao sair de 15,3 mil milhões de kwanzas para os actuais 49,7 mil milhões, considerado o maior lucro da história de quase 21 anos da entidade, como se referiu a administração, ao apresentar as contas do exercicio anterior (ver gráfico), numa altura em que as margens financeiras [resultado da intermediação financeira] ajudaram com 62%. Segundo o gestor, que falava, na semana passada, à margem da gala de entrega dos ‘prémios Sirius’, atribuído anualmente pela consultora internacional Deloitte (o BAI arrebatou a distinção de ‘empresa do ano no sector financeiro), a entidade tem já elaborado um plano estratégico que prevê alargar a carteira de clientes da entidade para dois milhões, entre 2016 e 2021. “Como banco de capitais privados que somos, a nossa primeira responsabilidade é dar um retorno aos capitais aceitáveis para os nossos accionistas. Em segundo lugar, temos a responsabilidade para com os nossos clientes. Ambicionamos atingir, neste período, perto de dois milhões de clientes (de agora a 2021). É para isso que os nossos colaboradores, todos os dias, trabalham. Queremos um banco diferente e temos surpresas no campo tecnológico. E a nossa grande acção e dinâmica será pela vertente tecnológica”, projecta o CEO interino do banco. Aposta tecnológica contínua De acordo com o plano e acção da entidade, a aposta no segmento tecnológico é para continuar. Aliás, é neste segmento em que, a par dos seus concorrentes, o banco se tem distinguido, com serviços como o ‘BAI Directo’ e outras soluções com recurso à internet. “O nosso objectivo, de facto, é prestar um serviço de excelência. Ainda temos muito caminho para percorrer, temos consciência disso. É um desafio enorme. Estamos conscientes de que o caminho se faz andando e não correndo. O nosso percurso é um percurso de vários anos. O BAI tem cerca de 21 anos. Temos um plano estratégico agora que vai de 2016 a 2021, e a nossa visão é, de facto, de oferecer a melhor experiência bancária em Angola. E é para isso que trabalhamos todos os dias”, enfatizou o gestor do banco. Luís Lélis acredita, entretanto, que as menções ao BAI resultam igualmente do empenho dos seus colaboradores, que já ascendem a mais de dois mil. “O importante é que este prémio vem distinguir o trabalho de uma equipa de cerca de dois mil funcionários, que todos os dias se dedicam e se empenham em servir cerca de 910 mil clientes, procurando satisfazer as suas necessidades financeiras”, disse o bancário. BAI ‘bate’ BIC No relatório ‘Banca em Análise’ da Deloitte relativo a 2016, o BAI deixa cair o Banco BIC do segundo lugar no ‘ranking’ por lucros, atrás do BFA (o primeiro), atirando-o para o terceiro lugar. No período, o BAI chegou a recolher 49,7 mil milhões de kwanzas, um avanço de 213% se comparado ao valor de igual período anterior (ver gráfico).
REFORMAS. Vários analistas e especialistas em questões económicas, entre os quais do CEIC e o ‘patrão’ da AIA, projectam uma Angola “mais aberta ao mundo e um risco de crédito equilibrado” se o país insistir nas reformas económicas de João Lourenço. E deixam vários recados, aconselhando alterações na lei do investimento privado. Acordo com a África do Sul “vai ajudar”, apontam analistas. Angola pode ver, nos próximos anos, a sua classificação de risco de dívida soberana e o investimento em níveis estáveis, se se mantiverem as reformas políticas e económicas inscritas no plano de acção do Presidente da República (PR) João Lourenço. Coincidem na referida projecção a Associação Industrial de Angola (AIA), o Centro de Estudo e Investigação CientÍfica da Universidade Católica de Angola (CEIC), bem como dois analistas independentes. De acordo com os especialistas, os programas de combate à corrupção, à impunidade e ao tráfico de influência, assim como a eliminação do que o Presidente considera monopólios, podem devolver ao país uma melhor imagem junto dos mercados financeiros internacionais, que, desde o início da crise, apertaram as regras de financiamentos a Angola, com juros dos empréstimos cada vez mais altos, devido ao fraco crescimento económico e recuo nas receitas em moedas externas. No sector industrial, não há dúvida de que as medidas tomadas por João Lourenço coloquem Angola “numa melhor inserção na comunidade internacional”, com destaque para o sector financeiro e bancário, segundo o presidente da AIA. “Isso é um dos elementos importantes para o chamado índice de competitividade, o ‘Doing Business’”, defende José Severino, que insiste na alteração da lei do investimento privado. Ao conjunto de medidas, o líder da AIA sugere, como o faz há vários anos, mudanças na legislação do investimento estrangeiro, apontando o combate à burocracia e a promoção de infra-estruturas como saídas para a recuperação económica. “Se quisermos ter um Sun City, que são investimentos da área do turismo, que envolvam hotéis, casinos, fauna selvagem, infra-estruturas de acesso, ninguém vai investir no nosso país quando se coage até 35% ao empreendedor. Temos de abrir o mercado”, reitera Severino. Empréstimos baratos Para o analista Flávio Inocêncio, da Universidade de Coventry, na Inglaterra, as reformas do novo Governo podem valer, positivamente, nas avaliações de risco do país. “A mudança poderá afectar positivamente o nosso risco e o nosso ‘rating’ pelas agências de notação e isso pode melhorar a nossa posição na potencial emissão de nova dívida com taxas de juro mais reduzidas”, antevê o professor universitário. Posição contrária, entretanto, perspectiva a consultora Economist Intelligence Unit (EIU), estimando juros “mais altos e termos menos favoráveis” para a segunda emissão de dívida soberana que o Executivo tem programada. Angola emitiu, pela primeira vez, títulos da dívida soberana nos mercados internacionais no valor de 1,5 mil milhões dólares, em Setembro do ano passado, cujos prazos de reembolso foram acordados para Novembro de 2025, com o país a pagar em juros 9,5%, que devem entrar aos dias 12 de Maio e 12 de Novembro de cada ano, até honrar o compromisso. Mais investimento estrangeiro Às vantagens das reformas do novo PR, Flávio Inocêncio, docente das cadeiras de mestrado de Comércio Internacional e de Direito de Petróleo e Gás, juntou os “efeitos reputacionais” sobre a captaçao de novos investimentos estrangeiros. “Não podemos descontar os efeitos reputacionais que essas mudanças têm na percepção de potenciais investidores para Angola e nem no efeito positivo que isso tem no risco de Angola. O Presidente foi eleito numa plataforma reformista e, considerando o choque a que a economia Angolana foi sujeita desde 2014, com a queda abrupta do preço do petróleo, era de esperar mudanças”, atesta Inocêncio. Por sua vez, o economista e consultor Yuri Quixina aponta os recentes acordos firmados entre Angola e a África do Sul como exemplos da abertura do país ao mundo. Para este analista, com a África do Sul, que tem um mercado “cheio de experiência”, Angola vai poder captar novos investimentos. “Os países que se desenvolveram são aqueles países abertos e que têm relações abertas com o resto do mundo. Os países que não têm recursos suficientes, ou tecnologias, ao se relacionarem com os outros, tentam naturalmente colmatar esses intervalos. Penso que é vantajoso, porque a África do Sul está muito à frente”, considera o economista. O director do CEIC, Alves da Rocha, observa, entretanto, que as reformas na administração pública e ao que chamou de “nomeações e desnomeaçoes” não passam de reforço do poder político do actual Presidente, lembrando que as acções estão a deixar um clima de insegurança por toda a administração pública e dos gestores que eram “fiéis a José Eduardo dos Santos”. “Entendo que as nomeações e ‘desnomeações’ se inserem numa estratégia jamais imaginada pelo comum dos cidadãos de criação, reforço e consolidação do poder político do Presidente João Lourenço. Os ajustamentos institucionais quase se parecem a uma purga semelhante à dos movimentos de rectificação ideológica dos partidos comunistas de antanho”, analisa o líder do mais reputado centro de estudo angolano. Entre as medidas tomadas pelo Presidente João Lourenço, desde a sua nomeação, destacam-se as substituições nos conselhos de administração na Sonangol e na Endiama, bem como do governador do Banco Nacional de Angola.
CRÉDITO. Entidade quer deixar resolvidos 225 mil milhões de kwanzas de um total de 300 mil milhões de empréstimo malparados antes de 31 de Dezembro. Dívida inicial era de 500 mil milhões. Há particulares ‘atrás’ da Recredit a solicitar ajuda com dívidas. A empresa criada para gerir crédito malparado da banca angolana, a Recredit, garante deixar resolvido, antes do fim de 2017, cerca de três quartos dos empréstimos bancários não pagos, revelou ao VALOR o presidente do seu conselho de administração, Vicente Leitão. De acordo com os números da entidade, estão por resolver, do total de crédito malparado, cerca de 300 mil milhões de kwanzas, três quartos dos quais, que correspondem a 225 mil milhões, com previsão de resolução antes de 31 de Dezembro. O valor total do malparado do sistema bancário nacional sob a gestão da Recredit estava avaliado, inicialmente, em 500 mil milhões de kwanzas (cerca de 2,5 mil milhões de dólares, ao câmbio de 30/11 deste ano), 200 mil milhões dos quais já resolvidos e parte substancial aguarda resolução agora antes do fecho de 2017. “[Estes] são os processos que estão em curso, parte dos quais, cerca de três quartos, estarão resolvidos antes do final do ano”, assegurou Vicente Leitão, respondendo a perguntas do VALOR, à margem da Gala de entrega dos prémios Sirius, na semana passada. Vicente Leitão explica, que a estratégia da Recredit passa por ajudar o sistema bancário a acabar com os activos prejudiciais nos bancos, com vista a dar às instituições financeiras o seu verdadeiro papel. “Fazemos um balanço positivo. Demos o contributo para que os bancos que connosco estão a trabalhar fiquem com os balanços mais estruturados, mais capacitados, para que entrem numa fase diferente e mais capacitada para desempenharem o seu papel”, defendeu Leitão. Constituída em Maio deste ano pelo Estado, com uma capitalização equivalente em dólar a dois mil milhões, a Recredit definiu, como estratégia inicial, a renegociação da dívida junto dos bancos ou particulares individuais com os quais tenha acordo de compra do malparado, desde o valor em dívida às modalidades de liquidação. “Até agora, já resolvemos processos na ordem dos 200 mil milhões de kwanzas, também com origens no BPC e noutros bancos”, reiterou o responsável da instituição financeira que segue o critério da “avaliação rigorosa, do valor efectivo dos processos”, na resolução de dívidas. "A empresa recorre à utilização de critérios que avaliam a qualidade jurídica dos processos e a qualidade económica e financeira, e é no conjunto desses factores que encontramos um critério final que nos dá o valor a negociar com os bancos”. 12 processos de particulares em análise Para as empresas, os particulares também têm a possibilidade de, junto da Recredit, renegociar empréstimos que não conseguem ressarcir. Segundo Vicente Leitão, até à data, já estão sob apreciação cerca de 12 processos de clientes particulares. “Neste momento, os particulares ou mutuários podem dirigir-se à Recredit expondo os seus processos e, no caso de o banco credor estar aberto a renegociá-los, o processo é desencadeado. Há mutuários que já deram este passo. Já recebemos cerca de 12 processos de particulares”, garante. Crédito perdido gera hipoteca A instituição financeira alerta que as famílias e as empresas que tenham contraído empréstimos nos vários bancos comerciais, sobretudo no BPC, BDA e BCI, cujo financiamento não tenha gerado activo económico, correm o risco de perderem os bens que apresentaram como garantias no acto do contrato. Segundo explicou a entidade, por altura da apresentação das linhas de actuação à imprensa, no início de Agosto, o mecanismo de execução de garantia será aplicado caso se prove ou se conclua que o dinheiro tomado pelo cliente é irrecuperável, ou quando se tiverem esgotados todos os mecanismos de recuperação do crédito. “Para os créditos que não tenham gerado valor económico, nós vamos executar as garantias. Aqui não há perdão de dívida”, assegura Vicente Leitão.
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