Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues

BANCA: Banco estatal cede apenas até 500 mil kwanzas nos levantamentos solicitados por empresas nos balcões. Administração admite falta de liquidez e restrições, mas garante que não vai deixar de dar dinheiro. Empresários acumulam dívidas com fornecedores e ficam com salários por pagar.

2015 07 19 BPC Angola1

As empresas com contas domiciliadas no BPC só podem levantar, diariamente e nos balcões dos centros de empresas, entre 200 e 500 mil kwanzas, quando solicitam valores acima de um milhão, o que tem dificultado as operações, segundo apurou o VALOR.

A crise nos levantamentos começou há já várias semanas, mas foi entre finais de Fevereiro e a segunda semana de Março que várias queixas chegaram ao VALOR, com o BPC a estabelecer limites nos levantamentos aquém das necessidades correntes das empresas.

Um do empresário contou ao jornal que, num determinado centro, em Luanda, lhe foi comunicado para não se dirigir a outras agências para pedir mais valores, com a explicação de que o banco teria activado “o sistema de único levantamento no dia”, para quem já tenha recebido o limite numa primeira agência. “Estamos nessa luta há já várias semanas. O grave é que os próprios funcionários estão a dizer-me que não adianta ir às demais agências. Os da Ilha estão sintonizados com os do Baleizão, Morro Bento e os do Largo do Ambiente”, descreve o patrão de uma empresa prestadora de serviços na capital.

Contactado pelo VALOR, o conselho de administração do BPC justifica a medida, sobretudo, com a redução de liquidez nos cofres da instituição. “Não podemos dizer que exista um limite pré-estabelecido no levantamento em moeda nacional, podemos, sim, afirmar que existe um método de racionalização de recursos existentes nas agências e centros de empresas”, explica o banco, acrescentando que, face à escassez nos centros de empresas, a gerência opta por não deixar de pagar nenhum cliente, redistribuindo o valor existente pelos diversos clientes, com um valor previamente definido no dia e adoptando, muitas vezes, o sistema de programação”. Na prática, precisa o banco público, ao cliente é dada a possibilidade de completar o levantamento da quantida requerida, com operações repartidas em dias diferentes.

Queixas de empresas e até de famílias sobre escassez de recursos no BPC são frequentes. Há menos de um ano, o VALOR reportou os dramas vivido por pensionistas, professores e militares que são obrigados a madrugar à porta do banco e ‘viajar’ em busca de uma agência que permita o levantamento de mais de 25 mil kwanzas ao balcão.

Escassez gera dívida

Vários empresários reportaram ao VALOR que a restrição está a causar “vários constragimentos”, desde atrasos no pagamentos de facturas com despesas correntes ao pagamento de salários a funcionários que “ainda recebem na folha”. Para o caso de Pedro Sangueve, empresário do ramo de distribuição, “a situação vai quebrar a confiança com os nossos fornecedores”. “Imagine que esse caso demore mais dois meses. É o caos. Vamos ter dívidas a aumentar, contas com trabalhadores por pagar, entre outras queixas”, desabafa.

Banco aconselha canais digitais

Para minimizar os prejuízos e contrapor a ‘crise’ de cédulas, o banco está a sugerir aos clientes, sobretudo empresas, que, em vez de se dirigirem aos balcões, façam pagamentos por via digital, pelos canais BPC Net e Multicaixa.

“O BPC tem estado a fazer um esforço gigantesco para poder satisfazer os clientes que acorrem aos nossos serviços. Para o caso de levantamento, é normal termos algumas restrições, pelo facto de pagarmos em função do valor existente em cofre, abrindo uma oportunidade na execução de transferências ou pagamentos via canais electrónicos, o BPC Net e multicaixa”, aponta a gestão do maior banco angolano em activo.

Também é indicado como escape às filas ou às limitações das agências o centro de empresas da Rainha Ginga, onde o banco garante “haver menos dificuldades”. “Em situações de força maior, os centros de empresas, na impossibilidade de satisfazer às necessidades de alguns clientes, remetem os clientes e as respectivas solicitações ao Centro de Empresas ‘Rainha Ginga’, que funciona como coordenador e, por esta razão, tem sempre mais disponibilidade de cédulas monetárias,”, remata o banco.

SUPERVISÃO. Unidade de Informação Financeira não recebeu, de Janeiro a Dezembro de 2017, nenhum documento que descreva as transacções em numerários de três bancos, incluindo o da China e do BDA. Supervisor regista redução das operações bancárias suspeitas face a 2016. Há cada vez mais pedidos de informação financeira sobre Angola.

Bancos financiaram com 361 milhões

Banco da China e o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) não entregaram os relatórios de transacções financeiras em numerários à Unidade de Informação Financeira (UIF), entidade que avalia e fiscaliza as operações bancárias suspeitas no sistema financeiro angolano, apurou o VALOR de fonte próxima do organismo.

Ao que soube o VALOR, são três os bancos que escaparam à canalização dos dados das operações bancárias realizadas no ano passado, mas, até ao fecho desta edição, apenas foram identificados os bancos da China e o BDA. “Em 2017, constatou-se que o número de bancos autorizados pelo supervisor diminui comparativamente a 2016, porém, aumentou o número de bancos em actividade bem como o número de bancos que efectivamente comunicam Declarações de Transacções em Numerários (DTN) à UIF.

Realçar positivamente que, em 2017, somente três bancos comerciais, dos 29 em actividade, não comunicaram DTN”, lê-se no relatório da UIF, colocado no seu portal de internet no início deste mês. Segundo a fonte, o atraso na concessão dos dados das operações financeiras está associado ao facto de as entidades iniciarem operações “tarde” e por “não trabalharem com numerários” no seu dia-a-dia, como são os casos do banco chinês e do angolano BDA, que operam com projectos de investimentos.

“É normal que esses bancos não tenham canalizado os dados. Um porque iniciou agora as operações, o Banco da China, e outro que não trabalha com dinheiro fresco, o BDA. Mas há mais um”, afirma a fonte da UIF, que pediu anonimato. De Janeiro a Dezembro do ano passado, houve uma redução de 6,2% das operações suspeitas, ao sair de 186 casos, em 2016, para 175, em 2017. Desde que a UIF iniciou funções, já foram ‘apanhadas’ 580 operações suspeitas e mais cinco Declarações de Identificação de Pessoas Designadas (DIPD).

Do total, 585, apenas 261 declarações foram encaminhadas para a investigação. Separadamente, a UIF recebeu dos bancos, em 2017, 354.086 declarações de transacções em numerários, representando uma queda de 35,7% quando comparado aos dados do período anterior, quando chegaram ao controlo do supervisor 550.810 casos DTN.

A UIF é um organismo estatal, tutelado pelo Presidente da República, que tem por tarefa prevenir e combater a lavagem de dinheiro no país, além da recolha, tratamento, análise e disseminação de informação relacionada com os crimes de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo.

A lei obriga a que nos relatórios anuais da UIF devam constar prioridades do organismo, resultados obtidos no ano em análise, além de outros dados estatísticos, designadamente o número de comunicações recebidas, de casos disseminados para investigação e procedimento criminal e fluxo de informação com Unidades de Informação Financeira Internacionais.

Relatório omite nomes…

Nos relatórios anuais da UIF, não é possível apurar a origem das movimentações e operações suspeitas no sistema financeiro nacional, apesar de, numa entrevista ao VALOR, a 16 de Janeiro do ano passado, a directora da unidade, Francisca de Brito, ter avançado que o Banco de Fomento Angola (BFA) era a entidade bancária que mais reportava casos de transacções suspeitas.

“Bancos como o BFA lideram a lista de [comunicação de] operações suspeitas. No nosso relatório de 2016, acho que vamos ter o atrevimento de fazer essa publicação”, revelara a responsável. Os dados de 2017 da UIF apontam ainda que há cada vez mais pedidos de informações de instituições internacionais ao organismo angolano. Só no ano passado, Angola recebeu nove pedidos de informações sobre operações bancárias, seis das quais foram respondidas.

…Mas ajuda identificar casos suspeitos

Apesar de não revelar nomes, o relatório da UIF apresenta, na sua parte final, exemplos e simulações de casos suspeitos de branqueamentos de capitais. Nas demonstrações, a entidade mostra os caminhos por que segue uma operação suspeita, desde o primeiro movimento à aplicação dos numerários.

A entidade projecta, entre outros, acompanhar a elaboração da regulamentação das entidades financeiras pelos respectivos supervisores; melhorar os dados estatísticos disponíveis para a publicação, de modo que deles “se possa retirar informação cada vez mais útil”; iniciar os trabalhos para a elaboração da Avaliação do Risco Nacional (NRA – National Risk Assessment), em cumprimento das Novas Recomendações do GAFI, medidas a aplicar ainda neste 2018.

NEGÓCIO HOSPITALAR. Presidente da petrolífera diz não haver meios para gerir, sozinho, a unidade hospitalar. Desafio é deixar entrar privados que ajudem a poupar mais. Cartas e telefonemas pressionaram a administração à tomada de posição. Estratégia é a mesma que acabou com voos da Sonair na rota Luanda-Houston.

Conferencia Sonangol

A Sonangol está a estudar a possibilidade de transferir para privados a gestão da clínica Girassol, a maior unidade hospitalar do grupo e uma das maiores do país, como forma de rentabilizar os investimentos, anunciou o presidente da petrolífera estatal, Carlos Saturnino.

O plano surge na sequência de várias reclamações que chegaram ao conselho de administração da Sonangol, bem como pela quantidade de dinheiro que a unidade sanitária gasta dos cofres da petrolífera estatal para a sua manuetnção, de acordo com as justificações apresentadas pela administração da empresa, na semana passada, na conferência anual que marcou os 48 anos da Sonangol.

“A Girassol gasta muito dinheiro por mês e temos de procurar o modelo apropriado de negócio. Conseguimos gerir a Girassol sozinhos? São perguntas para as quais não temos respostas. Ou será mais apropriado procurar unidades ou empresas especializadas na gestão de unidades para fazer uma associação, ou parceria, com a Sonangol, e realmente pôr essa unidade na liderança do sistema de saúde em Angola?”, questionou o líder da Sonangol, assumindo falhas na gestão da clínica.

“Achamos que devemos ter humildade, porque não tem estado muito bem. A administração recebe muitas reclamações, muitas cartas, telefonemas. Os colegas que estão na Girassol fazem das tripas o coração’, mas o resultado é que não está a funcionar bem. Os trabalhadores queixam-se, as pessoas da rua queixam-se, mas o dinheiro é gasto. E, em termos de administração, temos de ter resultados em relação ao dinheiro gasto”, considerou.

Investimento prossegue

Segundo Carlos Saturnino, o plano “de incluir privados na gestão da Girassol não vai travar a entrada de novos profissionais na clínica”, garantindo, pelo contrário, que se trata de um investimento para continuar.

“É um investimento com impacto social grande. Um investimento que, em termos financeiros, é grande, em termos de pessoal, capital humano, grande e continua a ser feito. É um investimento para ser mantido. Ou seja, a Girassol vai manter-se, a Sonangol vai continuar a investir”, acalmou o número um da petrolífera.

A medida é parte de um projecto da Sonangol que pretende reduzir custos em todo o grupo, bem como aumentar a rentabilidade dos projectos.

“A sonangol vai rever provavelmente a exsitência das subsidiárias que tem, negócios nucleares e não nucleares. A Sonangol vai reduzir participações. Está a ser feita uma análise de todas as participadas sem excepção, para determinar quais são aquelas que continuarão a existir, aquelas que terão uma percentagem maior, ou uma percentagem menor.”

Corte inicia na Sonair

A clínica Girassol não é a única a ser afectada. Segundo o presidente da Sonangol, as medidas vão ser aplicadas com a mesma estratégia que acabou com as operações da Sonair na rota Luanda-Houston, Estados Unidos da América, justificada, também, com a baixa rentabilidade.

“Tivemos de tomar uma decisão na Sonangol para a descontinuação do Houston Express. É um asssunto antigo. A Sonangol perde 2,5 milhões de dólares por mês. Os colegas da Sonair têm estado a pôr isso na mesa e a apelar para que haja coragem para implementar alguma coisa que impeça que o dinheiro da Sonair continue a desaparecer”, sublinhou Carlos Saturnino, para quem há rotas mais rentáveis para a transportadora aérea.

O último voo da Sonair na rota Houston deve sair a 29 de Março, período em que cessam todas as operações. “Hoje, os aviões [da Sonair] são velhos, temos uma dívida com a operadora Atlas. Precisamos de comprar novos aviões. O Houston Express tem tido uma ocupação entre os 35 e 37% somente. Há rotas mais competitivas. Há muitas alternativas para ir para os EUA hoje, de modo que a decisão foi terminar com o Houston Express”, justifica.

PARTICIPAÇÕES. Banco recebeu ‘nota 10’ do accionista pela distribuição regular de dividendos, face aos demais partipados pela Sonangol. Petrolífera não diz qual dá mais prejuízo, mas já avisou que vai cortar no investimento.

Banco BAI

O Banco Angolano de Investimentos (BAI) é a participada da Sonangol, no segmento bancário, que mais distribui lucros, quando comparado aos demais bancos comerciais em que a operadora detém parcipações, revelou o presidente da petrolífera pública, Carlos Saturnino.

De acordo com o responsável, que balanceava os primeiros 100 dias à frente da empresa, na semana passada, os investimentos da Sonangol estão a “corroer-se” nos bancos comerciais, apesar de não especificar quanto deixou de entrar para os cofres da maior empresa angolana, com origens nestas participações.

Actualmente, a Sonangol participa em cinco bancos angolanos, o Banco Económico, com 39,7%; Banco Angolano de Investimentos (BAI), com 8,5%; o Caixa Angola (25%); Millennium Atlântico (29,9%) e Banco de Comércio e Indústria (BCI), com 1,1%. Apesar da “corrosão” dos investimentos nestes bancos, Carlos Saturnino prefere “olhar mais para o BAI”, por ser a entidade que, “regulamermente, dá lucros”, no grupo dos cinco participados. Mas justificou a situação dos bancos Económico, Caixa Angola, BCI e Atlântico com o tempo e o ambiente económico em que a petrolífera entrou no negócio.

“Não estou em condições de afirmar, com números, qual é o que dá mais problemas à Sonangol. Não estou em condições de afirmar qual é o melhor banco para a Sonangol neste momento. Se olhar para os dividendos, olharia mais para o BAI”, avaliou o gestor, quando abordou, caso a caso, a origem dos dividendos e de que banco vinham as maiores corrosões dos investimentos da petrolífera.

“É difícil dizer, porque os bancos comerciais em que a Sonangol investiu são diferentes em termos de capacidade bancária (produto bancário, crédito). A percentagem da Sonangol em cada banco não é uniforme, não é a mesma (...). De maneira que falar qual o banco em que temos maior corrosão é um bocado difícil”, afirmou.

De Janeiro a Dezembro de 2016, o BAI atingiu o maior resultado líquido da sua história, ao encaixar 49,7 mil milhões de kwanzas, além de fechar o exercício com os activos a crescerem 25% para 1.365.685 milhões, marcas que elevaram o banco para o segundo lugar no top das cinco maiores entidades bancárias, medidas por activos e lucros.

GOVERNO DECIDE

Uma estratégia da Sonangol, e que deve ser discutida com o Governo, vai decidir com qual dos negócios bancários a petrolífera estatal deve ficar. Segundo Carlos Saturnino, o objectivo é reduzir custos de estrutura. “Os investimentos [da Sonangol] são corroídos pelos investimentos que tem em cada uma dessas participadas, em vez de criarem sinergia, ou arranjarem complementariedade. Temos de ter uma estratégia para a banca comercial”, sublinhou Saturnino, na mesma altura que levantava a possibilidade de alienar as acções da petrolífera na banca comercial nacional a privados.

Carlos Saturnino considera que há investimentos que “não são necessários” para a Sonangol, apontando a alienção ou concentração como válvula de escape. “Está a ser feita uma análise de todas as participadas sem excepção, para determinar quais são aquelas que continuarão a existir, aquelas que terão uma percentagem maior, ou uma percentagem menor”, anunciou o gestor.

Lucros ditam investimento Para a Sonangol, a continuidade num negócio, fora do seu ‘core business’, fica dependente do retorno do investimento. Ou seja, “a petrolífera vai fazer uma análise de cada banco, o nível de participação, o valor do banco e o rendimento que esse banco tem dado ou pode dar à Sonangol”, além das “sinergias que podem ser criadas com cada uma dessas participações em relação ao negócio do ‘upstream’, ou negócio da Sonangol no geral”, explica o gestor, acrescentando que, só à posteriori, será proposta a forma de alienação.

Ou seja, “escolher onde é que a Sonangol ficaria, porque o montante envolvido nesses bancos hoje é muito grande”. E só estamos a falar de Angola. Também temos investimentos na banca fora de Angola”, insiste Saturnino.

O Banco Económico e o Caixa Angola são as entidades em que a Sonangol detém maior participação, apesar de contribuírem menos para os dividendos, situação que Carlos Saturnino justificou com a dimensão de cada banco e o tempo de investimentos da petrolífera.

SEGUROS. Número um da seguradora antecipa ao VALOR em quanto devem fechar as contas de 2017, actualmente sob avaliação do auditor independente. E projecta já o anseio dos accionistas em atingir o ponto de equilíbrio ainda este ano. Seguro de saúde garantiu 75% na facturação do ano passado da entidade controlada pelo angolano Mário Franco.

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Os accionistas da Bonws Seguros, entidade financeira criada há três anos, prevêem fechar as contas deste ano com o ‘break-even’, depois de terem contabilizado, em 2017, uma facturação acima de quatro mil milhões de kwanzas, avançou ao VALOR o presidente da sua comissão executiva, Luís Vera Pedro.

A contribuir para o desempenho da entidade, no ano passado e para a base da previsão de crescimento em 2018, está o seguro de saúde, produto que participa em mais de 75% na facturação da empresa, aliado ao seguro de acidente de trabalho.

“O ano 2017 foi extraordinário. Um ano formidável. Foi de confirmação daquilo em que a Bonws vinha a trabalhar desde 2015, criar soluções completamente adaptadas às necessidades da sociedade. Os resultados ainda estão a ser consolidados e verificados pela PricewaterhouseCoopres (PWC), mas tudo indica que fecharemos o ano em cima dos quatro mil milhões de kwanzas”, antecipou o gestor.

Luís Pedro sublinha que a companhia está em linha com a “normalidade do mercado segurador”, visto que, em regra, “as seguradoras só atingem break-even ao terceiro ano”.

Criada em 2015, a Bonws Seguros é detida maioritariamente pelo angolano Mário Franco e todo o capital é nacional. Sem agência e pontos de vendas, a seguradora conta com mais de seis corretores na distribuição dos seus serviços, um canal que, segundo Luís Pedro, ajuda na rentabilidade.

“Somos uma empresa que, ao contrário de muitas seguradoras, não trabalhamos o mercado massificado. Não temos agências abertas, não temos balcões de distribuição, não temos comerciais na rua. O nosso canal privilegiado é o corretor, que tem sido o grande apoio da Bonws”, explica para depois acrescentar que todos os clientes foram captados por via desses agentes.

Do grupo de corretores de seguros, apesar de trabalhar com todos, o gestor destaca seis, que, como sublinhou, “são os principais” do mercador nacional.

Contas em dia no resseguro

Por outro lado, Luís Pedro assegura que a Bonws não tem dívidas no resseguro, apesar da crise de cambiais que afecta o mercado e de que se queixa a maioria dos empresários nacionais. O gestor confirmou, por via de um telefonema, que, no dia do fecho da presente dição, 23, fez o pagamento de cerca de 500 mil de um total de um milhão de euros que tinha a pagar junto dos parceiros dos resseguros, esclarecendo que se encontram dentro do prazo para o pagamento da outra parte.

“Todo o primeiro semestre de 2017 e anos anteriores estão pagos. Hoje mesmo, acabámos de fazer o pagamento de cerca de meio milhão de euros, estando por pagar apenas 500 mil. Não há dívida”, sublinha o gestor.

Entretanto, várias seguradoras, até ao principio deste mês, manifestavam-se com dificuldade de honrar os compromissos com os parceiros internacionais, devido a dificuldades no acesso a divisas. “A Saham, enquanto companhia que tem uma grande presença em seguros de cariz mais técnico, tem tido muitas dificuldades no pagamento de resseguro. Estamos a priorizar, ao máximo, todos os pagamentos, utilizando (com dificuldade) algumas (poucas) reservas em moeda estrangeira que temos, e potenciando os pagamentos de sinistros de resseguro, que são feitos em moeda estrangeira pelos resseguradores, para efectuar os pagamentos mais prioritários”, adiantou, por exemplo, em Janeiro, o PCA da seguradora, Paulo Bracons, segunda maior entidade seguradora nacional medida por quota de mercado a seguir à ENSA. Em finais do ano passado, a Agência de Regulação e Supervisão dos Seguros (ARSEG) prometeu intervir junto do Banco Nacional de Angola (BNA).